terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Papa condena atentados contra igrejas durante o Natal na Nigéria

Bento 16 classificou os ataques atribuídos a grupo islâmico radical como 'um gesto absurdo', enquanto governo inicia investigação
iG São Paulo 26/12/2011 15:56
O papa Bento 16 expressou "profunda tristeza" nesta segunda-feira pelos atentados cometidos contra igrejas na Nigéria no fim de semana de Natal, que deixaram mais de 30 mortos.









Bento 16 classificou como "gesto absurdo" os atentados e pediu para que todos "rezassem pelas inúmeras vítimas" durante a oração dos angelos, pronunciada pelo líder da Igreja Católica da janela do palácio apostólico.
Além do papa, representantes da França, do Reino Unido, da Alemanha e dos EUA condenaram os ataques atribuídos ao grupo islâmico Boko Haram.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu o fim da violência na Nigéria, que é o país mais populoso da África, com 160 milhões de habitantes divididos igualmente entre muçulmanos, majoritários no norte, e cristãos, mais numerosos no sul,
A seita islâmica Boko Haram, que quer impor a sharia no país mais populoso da África, assumiu a responsabilidade pelos três ataques a bomba nas igrejas, o segundo Natal consecutivo que causa derramamento de sangue em templos cristãos.
O presidente, Goodluck Jonathan, condenou a violência e prometeu que tudo será feito para que os culpados sejam julgados. Mas, até o momento, as autoridades não conseguiram impedir que a seita multiplicasse seus ataques, cada vez mais frequentes e mortais.
Embora as autoridades acusam o Boko Haram, um porta-voz da polícia afirmou nesta segunda-feira que a investigação sobre o bombardeio Madalla não exclui outras pistas.
"Nós estamos olhando para além do Boko Haram, pois outros indivíduos, que desejam desestabilizar o governo, poderiam agir em nome do Boko Haram", disse Richard Oguchi.
Críticas
Um ex-governante militar fez duras críticas ao governo após os ataques do fim de semana. Muhammadu Buhari, que perdeu a última eleição presidencial em abril para o presidente Goodluck Jonathan, disse em um comunicado publicado em um jornal nigeriano que a resposta do governo às bombas foi lenta e indiferente.
"Como é possível que o Vaticano e as autoridades britânicas tenham falado sobre os ataques dentro da Nigéria que provocaram as mortes de nossos cidadãos antes mesmo do governo nigeriano?", disse Buhari no comunicado.
"Essa é uma falha clara de liderança, em um momento em que o governo precisa dar ao povo prova de sua capacidade de garantir a segurança de vidas e propriedades", disse Buhari.
Ele disse que o governo precisava fazer mais do que gastar em segurança para lidar com o problema.
Jonathan, um cristão do sul que vem tentando conter a ameaça da militância islâmica, descreveu os ataques como "infelizes", mas disse que a Boko Haram não "estará aqui para sempre". "Vai acabar um dia", afirmou.
Nesta segunda-feira, Bento 16 condenou os ataques como um "gesto absurdo" e orou para que "as mãos dos violentos sejam paradas". O papa, falando de sua janela acima da Praça de São Pedro, em Roma, disse que tal violência trazia apenas dor, destruição e morte.
Ataques Coordenados
 Os ataques, que aconteceram alguns dias depois de confrontos entre as forças de segurança e a Boko Haram, que mataram pelo menos 68 pessoas, deram provas de uma coordenação crescente e de estratégia do grupo, o que pode fazer soar o alarme na Nigéria e nas capitais ocidentais.
A igreja católica Santa Teresa, em Madala, uma cidade-satélite a cerca de 40 km do centro da capital do país, Abuja, estava lotada quando a primeira bomba explodiu em frente do prédio, logo depois da missa de Natal.
 Algumas horas depois, explosões foram registradas na igreja dos Milagres e na Montanha de Fogo, na cidade de Jos, no centro do país, e em uma igreja em Gadaka, no estado de Yobe, no norte. Os moradores disseram que havia muitos feridos em Gadaka.
Com AP, AFP e Reuters

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