quinta-feira, 28 de março de 2013

Legalização do aborto no Brasil não é a solução para os problemas das gravidezes indesejadas, assinala bispo brasileiro



BRASILIA, 27 Mar. 13 / 04:48 pm (ACI/EWTN Noticias).- Após uma nota publicada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) no dia 12 de março e mais amplamente difundida no último dia 20, na qual se propõe a descriminalização do aborto, inclusive, pela simples vontade da gestante, até a 12ª semana de gestação, o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família da CNBB, Dom João Carlos Petrini, divulgou algumas considerações a respeito do apoio do CFM, assinalando que o aborto legalizado não soluciona os problemas das mulheres que enfrentam gravidezes indesejadas.

Diante do fato, pró-vidas de todo o Brasil também se manifestaram contra o apoio do CFM a este ítem do anteprojeto do novo código penal, especialmente por alegar que a prática anti-vida estaria legalizada até à 12ª semana da gravidez porque “a partir de então o sistema nervoso central já estará formado”, fato desmentido pela literatura médica atual, como afirma a Dra. Lenise Garcia, presidente da entidade pró-vida Brasil Sem Aborto, reiterando que a justificativa do conselho causa surpresa pois “qualquer estudante do segundo ano de Medicina já aprende, em suas aulas de embriologia, que os doze pares de nervos cranianos se formam durante a quinta e a sexta semanas do desenvolvimento”.

Dom Petrini, por sua parte, também fala da surpresa por parte da sociedade brasileira pela decisão tomada pelo Conselho Federal de Medicina, durante o I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina, favorável à interrupção da gravidez até a 12ª semana, como prevê a proposta do novo Código Penal, em discussão no Senado Federal.
“As imediatas reações contrárias a esse posicionamento demonstram a preocupação dos que defendem a vida humana desde sua concepção até a morte natural”, afirma o bispo.

“O drama vivido pela mulher por causa de uma gravidez indesejada ou por circunstâncias que lhe dificultam sustentar a gravidez pode levá-la ao desespero e à dolorosa decisão de abortar. No entanto, é um equívoco pensar que o aborto seja a solução”, assevera Dom Petrini.

“As constituições dos principais países ocidentais apresentam uma perspectiva claramente favorável à vida. A Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 1º, afirma que a República Federativa do Brasil tem como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana. E, no seu artigo 5º, garante a inviolabilidade do direito à vida”, remarca a nota do bispo brasileiro.

Segundo Dom Petrini, para evitar o aborto não é necessária sua legalização, mas antes, “a implantação de políticas públicas que criem formas de amparo às mulheres grávidas nas mais variadas situações de vulnerabilidade e de alto risco, de tal modo que cada mulher, mesmo em situações de grande fragilidade, possa dar à luz seu bebê. Esta solução é a melhor tanto para a criança, que tem sua vida preservada, quanto para a mulher, que fica realizada quando consegue ter condições para levar a gravidez até o fim, evitando o drama e o trauma do aborto”.

“O Conselho Federal de Medicina ao se manifestar favorável ao aborto até 12 semanas parece não ter levado em consideração todos os fatores que entram em jogo nas situações que se pretendem enfrentar. Sua decisão, que não contou com a unanimidade dos Conselhos Regionais, deixa uma mensagem inequívoca: quando alguém atrapalha, pode ser eliminado”, prossegue a nota.

Como outra justificativa para apoiar a medida abortista, o bispo denuncia que “o CFM evoca a autonomia da mulher e do médico, ignorando completamente a criança em gestação”. 

“Esta não é um amontoado de células sem maior significado, mas um ser humano com uma identidade biológica bem definida; com um código genético próprio, diferente do DNA da mãe. Amparado no ventre materno, o nascituro não constitui um pedaço do corpo de sua genitora, mas é um ser humano vivo com sua individualidade. A esse respeito convergem declarações de geneticistas e biomédicos”, afirmou ainda o presidente da Comissão da CNBB dedicada à defesa da vida.

“Que os legisladores sejam capazes de considerar melhor todos os aspectos da questão em pauta e que seja possível um diálogo efetivo, com abertura para alargar o uso da razão. O uso apropriado da mesma não descartaria nenhum fator, reconhecendo os direitos do nascituro, o primeiro deles, o direito inviolável à vida. Deste modo, será possível legislar em favor do verdadeiro bem das mulheres e dos nascituros, e se consolidará o Estado democrático, republicano e laico, que tanto desejamos”, conclui a nota com data de 22 de março do presente ano.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Francisco telefona e surpreende o seu jornaleiro em Buenos Aires


BUENOS AIRES, 21 Mar. 13 / 06:56 am (ACI).- O Papa Francisco telefonou na segunda-feira, 18 de março, à banca onde comprava o jornal todos os dias em Buenos Aires (Argentina), para saudar o dono e pedir que suspendam a entrega, pois agora que é o Pontífice da Igreja Católica, já não vai precisar deste serviço.
Por volta de 1:30 p.m., Daniel del Regno, filho do dono da banca, atendeu o telefone e escutou a seguinte saudação "Olá, Daniel, aqui fala o Cardeal Jorge". Pensando que se tratava de uma brincadeira de um amigo, que sabia que o antes Arcebispo de Buenos Aires comprava aí seu jornal, respondeu "Ai, Mariano, não seja bobo".
"Sério, sou Jorge Bergoglio, estou te ligando desde Roma", insistiu a voz. Então, Daniel começou a chorar de emoção.
Em declarações ao jornal argentino La Nación, Daniel del Regno confessou que "entrei em choque, comecei a chorar, não sabia o que falar". "Agradeceu-me pelo tempo em que entregamos o jornal para ele e me mandou uma saudação para a família", recordou.
Ao concluir a conversação telefônica, o Papa lhe pediu que rezasse por ele.
O pai do Daniel, Luis del Regno, assinalou que entregavam o jornal na sua casa de segunda-feira à sábado, e aos domingos, o agora Papa Francisco, "às 5:30 passava pela banca, comprava La Nación, conversava uns dez minutos e pegava o ônibus 28 para ir a Lugano para dar mate cozido às crianças e a pessoas doentes".
Luis assegura que fica "arrepiado" ao recordar a simplicidade do Papa Francisco.
"Em junho batizou o meu neto, foi uma emoção impressionante. E ontem ligou para o meu filho na banca, desde Roma, para saudar e para lhe dizer que não levássemos mais o jornal porque não ia mais estar. É algo inesquecível em minha vida: eu sei o que é, uma pessoa única", assegurou.

Na íntegra: Homília da missa de inauguração do do pontificado do Papa Francisco


VATICANO, 19 Mar. 13 / 07:20 pm (ACI).- Queridos irmãos e irmãs!
Agradeço ao Senhor por poder celebrar esta Santa Missa de início do Ministério Petrino na solenidade de São José, esposo da Virgem Maria e patrono da Igreja universal: é uma coincidência densa de significado e é também o onomástico do meu venerado Predecessor: acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e gratidão.

Saúdo, com afeto, os irmãos cardeais e bispos, os sacerdotes, os diáconos, os religiosos e as religiosas e todos os fiéis leigos. Agradeço, pela sua presença, aos representantes das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, bem como aos representantes da comunidade judaica e de outras comunidades religiosas. Dirijo a minha cordial saudação aos Chefes de Estado e de Governo, às delegações oficiais de tantos países do mundo e ao Corpo Diplomático.

Ouvimos ler, no Evangelho, que “José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa” (Mt 1, 24). Nestas palavras, encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custos, guardião. Guardião de quem? De Maria e de Jesus, mas é uma guarda que depois se alarga à Igreja, como sublinhou o Beato João Paulo II: “São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo” (Exort. ap. Redemptoris Custos, 1).

Como realiza José esta guarda? Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender. Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus, aos doze anos, no templo de Jerusalém, acompanha com solicitude e amor cada momento.

Permanece ao lado de Maria, sua esposa, tanto nos momentos serenos como nos momentos difíceis da 
vida, na ida a Belém para o recenseamento e nas horas ansiosas e felizes do parto; no momento dramático da fuga para o Egipto e na busca preocupada do filho no templo; e depois na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a Jesus.

Como vive José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projecto d’Ele que ao seu. E isto mesmo é o que Deus pede a David, como ouvimos na primeira Leitura: Deus não deseja uma casa construída pelo homem, mas quer a fidelidade à sua Palavra, ao seu desígnio; e é o próprio Deus que constrói a casa, mas de pedras vivas marcadas pelo seu Espírito.

E José é “guardião”, porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação!

Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das 
crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus!

E quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então encontra lugar a destruição e o coração fica ressequido. Infelizmente, em cada época da história, existem “Herodes” que tramam desígnios de morte, destroem e deturpam o rosto do homem e da mulher.

Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos “guardiões” da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para “guardar”, devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura.

A propósito, deixai-me acrescentar mais uma observação: cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura. Nos Evangelhos, São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!

Hoje, juntamente com a festa de São José, celebramos o início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, que inclui também um poder. É certo que Jesus Cristo deu um poder a Pedro, mas de que poder se trata? À tríplice pergunta de Jesus a Pedro sobre o amor, segue-se o tríplice convite: apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas.

Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afecto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas aqueles que servem com amor capaz de proteger.

Na segunda Leitura, São Paulo fala de Abraão, que acreditou «com uma esperança, para além do que se podia esperar» (Rm 4, 18). Com uma esperança, para além do que se podia esperar! Também hoje, perante tantos pedaços de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança. Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança! E, para o crente, para nós cristãos, como Abraão, como São José, a esperança que levamos tem o horizonte de Deus que nos foi aberto em Cristo, está fundada sobre a rocha que é Deus.

Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!

Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amém.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Conheça o Papa Francisco: Jorge Mario Bergoglio



A Igreja Católica tem um novo Papa: Francisco I – o argentino Jorge Mario Bergoglio –. Pela primeira vez na história a Igreja tem um Papa jesuíta, e também pela primeira vez um latino-americano. 

Seis são os cardeais jesuítas atualmente no colégio cardinalício. Mas somente um pôde participar do conclave, já que quatro superaram o limite de idade, e o quinto, o indonésio Julius Darmaatmadja, comunicou sua renúncia a participar por motivos de saúde (segundo informa a própria congregação, padece de uma doença nos olhos). 

E o único jesuíta participante, o arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, foi o escolhido. Nunca, em um conclave, houve tão baixa presença de membros desta congregação religiosa, pois, no anterior, em 2005, participaram pelo menos três: Bergoglio, Darmaatmadja e o falecido Carlo Maria Martini. 

Bergoglio, que tem atualmente 76 anos, é original de Buenos Aires; seus pais eram imigrantes italianos: Mario, empregado ferroviário, e Regina Sívori, dona de casa. Ele era um dos cinco filhos do casal. 

O Papa Francisco I seria técnico químico, mas, logo depois de formar-se, entrou no seminário de Villa Devoto. No dia 11 de março de 1958, entrou no noviciado da Companhia de Jesus. Foi professor de Literatura em vários colégios enquanto estudava teologia e, em 13 de dezembro de 1969, foi ordenado sacerdote. 

Dentro da Companhia de Jesus, foi provincial da Argentina, além de reitor do Colégio Máximo de São Miguel e de suas faculdades de Filosofia e Teologia. 

O Papa João Paulo II o nomeou bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992, e arcebispo coadjutor em 1997. No ano seguinte, ao assumir o governo desta diocese, converteu-se no primeiro jesuíta a ser primaz da Argentina. 

O próprio Papa o criou cardeal em 2001. Na Santa Sé, ele fazia parte, até agora, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, da Congregação para o Clero e da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Também fazia parte do Conselho Pontifício para a Família e da Comissão para a América Latina (CAL). 

Durante o seu ministério como arcebispo de Buenos Aires e primaz da Argentina, Bergoglio foi muitas vezes a voz da Igreja nesse país, em defesa da vida e da família, em questões sociais, e, neste último período, levou a cabo um intenso trabalho de nova evangelização e para implementar as diretrizes para o Ano da Fé.

Um homem muito espiritual e próximo, muito querido em seu país. Pediu aos argentinos que "não se acostumassem com a pobreza" e que "saíssem às ruas" em defesa da família. Em setembro do ano passado, repreendeu os sacerdotes que se negam a batizar os filhos de mães solteiras, chamando-os de "os hipócritas de hoje que clericalizaram a Igreja. Os que afastam o povo de Deus da salvação". 

Um pastor valente e de alma grande, com especial sensibilidade também com relação ao povo judaico e aos cristãos do Oriente Médio.

Fonte: Aleteia / Foto: Rádio Vaticano