quinta-feira, 28 de maio de 2015

Um milagre em meio à devastação: menina encontrada viva em uma pilha de cadáveres no Nepal


  KONIGSTEIN, 27 Mai. 15 / 11:17 am (ACI).- Neste mês de maio outro terremoto sacudiu o Nepal que ainda se recupera de um dos maiores tremores de terra da sua história ocorrido no último 25 de abril. Novamente, milhares de casas foram destruídas e mais uma vez, em meio aos escombros, encontraram uma “criança milagre”, de quatro anos que os agentes de resgate pensaram estar morta. Ao encontrá-la com vida em uma pilha de cadáveres, a pequena se converteu em motivo de alegria para os católicos no Nepal.
Sujina Ghale foi encontrada naquele dia sob os escombros da sua casa, localizada em Tipling, duas horas depois do terremoto.
Sua mãe Chaju, através de uma nota à Organização ‘Ajuda à Igreja que Sofre’ (AIS) relatou: “Como todas as manhãs eu saí para cuidar do gado. Quando voltei para a minha casa, encontrei a minha filha entre os corpos que os habitantes tinham empilhado para a cremação”.  
Chaju não estava convencida de que sua filha estava morta e implorou para que os agentes da área de saúde da localidade revisassem. As autoridades mandaram a menina ao hospital de Kathmandu, examinaram a “menina milagre”, como foi conhecida agora a pequena Sujina, e ela agora está se recuperando. Sujina converteu-se em motivo de alegria para os católicos desta região.
No Nepal existem aproximadamente 10 mil pessoas católicas, no meio de uma nação majoritariamente hinduísta com mais de 28 milhões de habitantes.
Devido ao terremoto mais de 8 mil pessoas morreram e cerca de 500 mil lares foram destruídos.

O Papa Francisco denuncia ‘contradição’ moderna: “Não às palmadas, mas sim ao aborto?”

VATICANO, 27 Mai. 15 / 01:54 pm (ACI).- O Papa Francisco respondeu às diversas críticas que recebeu há alguns dias por referir-se ao castigo das crianças no processo educativo e assinalou a contradição que se vive em países que proíbem toda forma de castigo às crianças mas permitem o aborto.
Em sua última entrevista concedida a um jornal argentino, o Santo Padre declarou: "É verdade, hoje em dia as maneiras de castigar as crianças mudaram, pois são mais sensíveis. Naquela época davam dois ‘tapas na cara’ e pronto. Sempre digo: 'Nunca dê um ‘tapa na cara’ de uma criança porque o rosto é sagrado, mas duas ou três palmadas no ‘bumbum’ não faz mal'. Mencionei isso numa audiência uma vez e alguns países me criticaram. São países que têm rigorosas leis de proteção aos menores... O Papa não pode dizer isso”.
“Mas curiosamente esses países, que até punem o pai ou a mãe que dá umas ‘palmadas’ no menor, possuem leis que permitem matar as crianças antes do seu nascimento. Essas são as contradições que vivemos atualmente".
O Papa Francisco fez estas afirmações fazendo referência a um episódio no qual recebeu uma importante lição de sua mãe quando era criança. “Eu era pré-adolescente, tinha 10 ou 11 anos, eu disse um palavrão e quando saímos ao recreio e a professora me disse: ‘Isso não se faz, chamarei a sua mãe amanhã ao colégio’”.
“Minha mãe foi ao colégio no dia seguinte, conversaram entre elas e depois me chamaram. Minha mãe diante da professora me explicou com muita delicadeza que o que eu tinha feito era algo mau, que não deveria ter feito isso pois seu trabalho é ensinar-me, então me disse para pedir perdão à professora. Eu lhe pedi desculpas, me deu um beijo e voltei para a sala de aula. Depois fiquei contente porque pensei: ‘a história terminou bem’. “Mas isso era somente o primeiro capítulo! Quando voltei para minha casa, começou o segundo capítulo… E então vocês podem imaginar o que aconteceu”, brincou o Santo Padre.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Pentecostes



    Amados irmãos, paz e bem!

   Os judeus  tinham uma festa de Pentecostes, que se celebrava 50 dias após a páscoa.  Nesta festa, recordavam o dia em que Moisés subiu ao monte Sinai e recebeu as tábuas da Lei, contendo os ensinamentos dirigidos ao povo de Israel. Celebravam assim, a  aliança do Antigo testamento que o povo estabeleceu com Deus: Eles se comprometeram a viver segundo seus mandamentos e Deus se comprometeu a estar sempre com eles.

    Vinham pessoas de todos os cantos para a festa de Pentecostes no Templo de Jerusalém. Deus havia prometido mandar seu espírito em ocasiões diversas: Durante a Última Ceia,  Jesus lhes promete a  seus apóstolos o seguinte: “Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco. O Espírito da  verdade, quem o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conhecereis, porque ficará convosco e estará em vós.” (Jo 14, 16-17)

    Mais adiante lhes disse:  “Disse-vos estas coisas, permanecendo convosco. Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar tudo o que vos tenho dito” (Jo 14, 25-26)

      Ao terminar a  cena, volta a fazer a mesma promessa: “Contudo, digo-vos a verdade, a vós convém que eu vá; se eu não for, não virá a vós o Consolador; mas, se eu for, vo-lo enviarei. Ele, quando vier, argüirá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Sim, do pecado, porque não creram em mim; da justiça, porque vou para o Pai e vós não mais me vereis;  Enfim, do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. Tenho ainda muitas coisas a vos dizer, mas vós não as podeis suportar agora. Quando, porém, vier o Espírito da verdade, conduzir-vos-á à verdade integral. Pois, não há de falar de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á as coisas que estão por vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo anunciará.” (Jo 16, 7-14)

   No calendário do ano litúrgico, comemora-se Pentecostes no domingo subseqüente à festa da Ascensão de Jesus.  O significado do termo para os católicos, representa a festa celebrada pela Igreja 50 dias após a Ressurreição de Jesus (Páscoa).

     Depois da Ascensão de Jesus,  encontravam-se os apóstolos reunidos com a Mãe de Deus. Era o dia da festa de Pentecostes. Os apóstolos tinham medo de sair para pregar. Repentinamente, escutou-se um forte vento e línguas de fogo pousaram sobre cada um deles.  Cheios do Espírito Santo, passaram a falar em línguas desconhecidas.  Nesses dias, haviam muitos estrangeiros em Jerusalém, que vinham de todas as partes do mundo para celebrar a festa de Pentecostes judia. Cada um ouvia falar os apóstolos em sua própria língua e  compreendiam perfeitamente o que eles falavam. Todos eles, nesses dias, não tiveram medo e saíram a pregar ao mundo os ensinamentos de Jesus.  O Espírito Santo lhes concedeu forças para a grande missão que tinham de cumprir:  Levar a Palavra de Jesus a  todas as nações e  batizar todos os homens em nome  do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 

    O Espírito Santo de Deus é a terceira pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja nos ensina que  o Espírito Santo é o amor que existe entre o Pai e o Filho. Este amor é tão grande e  perfeito que forma uma terceira pessoa. O Espírito Santo enche nossas  almas no Batismo e depois, de maneira perfeita, na Confirmação.  Com o amor divino de  Deus dentro de nós, somos capazes de amar a Deus e ao próximo. O Espírito Santo nos ajuda a  cumprir nosso compromisso de  vida com Jesus.   

     Sinais do Espírito Santo - O vento, o fogo e a pomba
      Estes símbolos nos revelam o  poder que o Espírito Santo nos dá:  vento é uma força invisível, porém,  real.  Assim é o Espírito Santo.  O fogo, é um elemento que limpa. O Espírito Santo é uma força invisível e poderosa  que habita em nossos  corações e purifica nosso egoísmo para dar espaço ao amor. A pomba representa a simplicidade e a pureza que devemos cultivar em nosso coração. 

       Nomes do Espírito Santo
    O Espírito tem recebido diversos nomes ao longo do Novo testamento: O Espírito de Verdade, o Advogado, o Paráclito, o Consolador, o Santificador.

                                                     Missão do Espírito Santo

1. O Espírito Santo é santificador:  Para que o Espírito Santo possa cumprir com sua função,  é necessário que nos entreguemos totalmente a Ele e deixemo-nos conduzir docilmente por suas inspirações, para que possamos nos aperfeiçoar e crer todos os dias na santidade. 
2.  O Espírito Santo mora em nós:  
   Em João 14, 16, encontramos a seguinte passagem:   “Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco”. Também em I Coríntios 3, 16:  “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”.  E por esta razão é que devemos respeitar nosso corpo e  nossa  alma. Está em nós, porque é o “doador da vida” e do amor.  Se nos entregarmos à sua ação amorosa e santificadora,  fará maravilhas em nós.  
3. O Espírito Santo ora em nós:
    Necessitamos de  um grande silêncio interior e de uma profunda pobreza espiritual para pedir que ore em nós o Espírito Santo. Deixar que Deus ore em nós sendo dóceis ao Espírito. Deus intervém por aqueles que o amam.
4. O Espírito Santo nos leva a verdade plena: 
    Ele nos fortalece para que possamos ser testemunhas do Senhor, nos mostra a  maravilhosa riqueza da mensagem cristã, nos enche de amor, de paz, de gozo, de fé e crescente esperança. 
         O Espírito Santo e a Igreja: 
Desde a  fundação da  Igreja no dia de Pentecostes, o Espírito Santo é quem a constrói, anima e santifica, lhe dá vida e unidade e a  enriquece com seus dons. O Espírito Santo segue trabalhando na Igreja de muitas maneiras distintas, inspirando, motivando e impulsionando os cristãos,  em forma individual ou como Igreja num todo, ao proclamar a Boa Nova de Jesus. 
Por exemplo, inspira ao Papa a levar suas mensagens apostólicas à humanidade;  inspira o bispo de uma diocese a promover determinado apostolado, etc.
O Espírito Santo assiste especialmente  ao Representante de Cristo na Terra, o Papa, para que guie retamente a Igreja e  cumpra seu trabalho de pastor do rebanho de Jesus Cristo.
O Espírito Santo constrói, santifica, dá vida e  unidade à Igreja.
O Espírito Santo tem poder de nos animar e nos santificar e lograr êxito em nossos atos que, por nossas forças, jamais realizaríamos.  Isto o faz  através de seus sete dons.
        
     ORAÇÃO AO DIVINO ESPÍRITO SANTO

Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do Vosso amor.
Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado,
e renovareis a face da terra.

Oremos
Deus, que instruístes os corações dos Vossos fiéis com
a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas
segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da Sua consolação.
Por Cristo, Senhor nosso.
Amém.

Razões porque retornei à única Igreja de Jesus Cristo – conclusão

ESTE POST é a continuação de "Razões porque retornei à única Igreja de Jesus Cristo", depoimento de André Silva, autodeclarado "ex-evangélico", sobre sua experiência em comunidades autodenominadas "evangélicas". 

21. Reforma

Uma curiosidade: os "evangélicos" negam a Igreja Católica como sendo a Igreja original de Jesus Cristo. Então, se é assim, como é possível que esses mesmos "crentes" abracem a chamada "reforma" protestante? Dizem que a Igreja Católica é falsa. Bem, a reforma daquilo que é falso só pode resultar em algo igualmente falso. Se a Igreja Católica ensina mentiras, qualquer outra denominação que tenha derivado dela só pode ensinar igualmente mentiras. Se algo que nasceu de uma reforma é bom, isso implica que a fonte original era boa. Como pode a reforma de uma instituição falsa ser considerada honesta?

E se a Igreja é falsa, falsos são também os seus fiéis, sacerdotes, ritos e tudo mais. Em última análise, seu Deus também deveria ser falso. E se os seus membros são falsos, como pode Lutero, um destes membros, ser considerado um "grande reformador"? Como pode a sua reforma ou adaptação de uma instituição falsa ser aceita como padrão e modelo?

A verdade é que nada precisa fazer sentido no mundo dos "evangélicos". Para cada "crente", conta apenas o que ele quer entender e aceitar. Só vale o que o pastor fala no púlpito. Só vale o que os pastores interpretam da Bíblia. Extremo absurdo: eles nos acusam de acreditar que o Papa é um homem infalível (o que é mentira), mas na realidade, na prática, eles é que consideram os seus pastores infalíveis! Aquilo que o pastor entende da Bíblia é infalível, inquestionável, aceito imediatamente por todos, sem contestação, como verdade absoluta e divina!

Existem até aqueles extremamente ignorantes que chegam a dizer que Constantino fundou a Igreja Católica. E nessa hora precisamos fazer justiça e reconhecer que uma estupidez desse tamanho nunca foi dita pelos antigos protestantes. Até hoje as igrejas protestantes históricas (luterana, calvinista, presbiteriana, etc.) reconhecem que a Igreja Católica é a Igreja instituída por Cristo sobre a Terra. e que se não fosse por ela nós nem teríamos a Bíblia, hoje. O que eles dizem é que a primeira Igreja se perdeu no meio do caminho, o que é um absurdo tão grande quanto qualquer outro. Mas pelo menos eles tem a hombridade e a decência de não tentar negar o óbvio, não brigar com a História, não tentar argumentar contra um fato concreto.

Agora, retomando o meu ponto, se essa tolice sobre Constantino fosse verdade, então os "evangélicos" estariam abraçando uma reforma da “Igreja de Constantino”?! Puxa, eles rejeitam a "igreja de Constantino”, mas aceitam a igreja de Constantino reformada?! É para rir ou para chorar?

22. A Tradição

A Bíblia Sagrada nos orienta que guardemos as tradições.
"Então, irmãos, estai firmes e guardai a Tradição que vos foi ensinada, seja por palavras, seja por epístola nossa". (2Ts 2, 15)

"Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos afasteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a Tradição que de nós recebeu." (2Ts 3, 6)
Algumas passagens, como estas, são explícitas, mas existem muitas, muitas outras que afirmam a mesma coisa, direta ou indiretamente. A Tradição é tão importante quanto a Escritura, até porque a Escritura é a Tradição por escrito, e a Igreja não tinha como se basear na Bíblia até pouco tempo antes de Lutero. Foram milênios em que os cristãos foram conduzidos, principalmente, na Tradição e pelo Magistério da Igreja. Mas os "evangélicos" lançam ao lixo a Tradição. 

A pergunta que não quer calar: por que os "evangélicos", que dizem que observam a Bíblia como regra exclusiva, não guardam a Tradição, se a Bíblia mesmo ensina o contrário? Eu sei a resposta: é porque, no fundo no fundo, para eles pouco importa o que diz a Bíblia! O que eles conhecem bem e observam como regra exclusiva não é a Bíblia, mas sim a interpretação pessoal que cada pastor faz da Bíblia. Aqueles que juram defender a Bíblia são os primeiros a contrariá-la, simplesmente porque não a conhecem de fato.

23. Batismo de crianças

De onde os "evangélicos" tiraram que a pessoa deve ser batizada somente depois da idade adulta? Alguns chegam a querer se comparar ao próprio Senhor Jesus Cristo, dizendo que se Ele foi batizado depois de adulto, nós devemos fazer a mesma coisa! Como alguém consegue escutar um absurdo desses sem chorar nem morrer de rir? Jesus Cristo é Deus, e foi Ele mesmo quem instituiu o Batismo! Além disso, o batismo que ele recebeu de João, como os próprios Evangelhos ensinam, não era o mesmo Batismo que Jesus ordenou à sua Igreja! É tão óbvio!

Mais uma vez, eles ignoram a Bíblia, pois ela não proíbe o Batismo das crianças, ao contrário: os Atos dos Apóstolos contam que muitas famílias inteiras foram batizadas pelos Apóstolos, e nós sabemos que as famílias daquele tempo tinham sempre muitas crianças, por questões até religiosas. Mesmo assim, o "evangélico" prefere a interpretação dos "pastores" do que considerar o que realmente diz a Bíblia.

24. Unidade

Mesmo que não fosse pela fé ou pelo raciocínio intelectual, mesmo que não fosse pelos fatos históricos que eu agora conheço bem, ou simplesmente por uma questão de constatar inúmeros erros doutrinários nas milhares de denominações "evangélicas", a divisão e discórdia que existe nesse meio já seria motivo suficiente para me afastar deles. – A Bíblia diz que devemos ser um só Corpo. Tudo que os "evangélicos" não querem é a união. Onde se vê "um só Batismo e uma só Fé" entre eles? Ao invés da determinação bíblica, existem mais de 50 000 denominações diferentes e divergentes entre si. A Bíblia diz que não deve haver divisão entre os cristãos. Qual dos protestantes nesse planeta leva em consideração o texto bíblico? Mais uma vez, jogam fora a Bíblia que juram defender.

25. A Bíblia é mais importante do que a Igreja?

Este é, disparado, o maior erro dos evangélicos. A Bíblia é filha da Igreja, e não a sua mãe. Foi a Igreja que escreveu a Bíblia, pouco a pouco, e não a Bíblia que criou a Igreja. Os cristãos dos primeiros séculos não tinham Bíblia. É a igreja que dá credibilidade à Bíblia, e não o contrário. Acreditamos na Bíblia porque acreditamos na sua fonte, e a fonte da Bíblia Cristã é a Igreja Católica, – por meio da qual Deus a entregou à humanidade.

A Igreja Católica foi a responsável pela compilação, canonização e preservação dos textos da Bíblia. Quem não acredita na Igreja não deveria acreditar na Bíblia. Nem mesmo Lutero chegou ao absurdo de separar tão radicalmente a Bíblia e a Igreja. Não é a Bíblia que define a Igreja. A igreja é que definiu e define a Bíblia, por Inspiração divina!

Dizer que Deus está preso à Bíblia e dela não pode “fugir” é algo escandalosamente mentiroso e blasfemo; mas eu ouvi, pessoalmente, homens que se dizem "pastores" afirmando exatamente isso, que Deus não pode agir contra a Bíblia! Ora, Deus não conhece limitação de espécie alguma! A Bíblia é um instrumento sagrado e muito especial, uma arma do cristão para ser usada no combate, e não uma regra imutável da qual nem Deus escapa! Dizer isto é blasfêmia! Acaso é o Criador menor do que a criatura? Aquele que chama todas as coisas à existência está preso às interpretações das milhares de denominações ditas "evangélicas" da Bíblia? O que vejo por aí é "religião do livro". Bibliolatria pura.

Bibliolatria porque a Bíblia torna-se como um ídolo para todos e o seus intérpretes que se julgam sábios aos seus próprios olhos, tornando-se eles também ídolos de si mesmos. A Igreja Católica não propõe a religião do livro, mas a Religião da Palavra Viva e Encarnada, do Verbo do Deus Vivo, que deve ser adorado em Espírito e em Verdade. A Religião da Palavra de Deus que não se limita à letra, mas é o próprio Jesus Cristo, que se doa em Corpo, Alma e Divindade no Santíssimo Sacramento do Altar. Este eles não conhecem, por isso blasfemam contra Ele.

26. Intercessão

Inúmeras são as passagens bíblicas que falam sobre a intercessão de santos e anjos. Tudo ignorado pelos protestantes. No entanto, eles oram uns pelos outros e também pedem orações aos pregadores “ungidos”. A Bíblia diz que muito vale a oração de um justo, mas diz também que não há justo algum sobre a Terra. Sabendo que a Bíblia não é contraditória, de que justos estamos falando? Acaso aqueles que já foram julgados, – e contados entre os salvos, – são menores do que aqueles que ainda vivem por aqui? Se nós, que somos injustos, podemos interceder uns pelos outros, não poderão muito mais aqueles que já estão na Glória Eterna?

27. Sacrifício, Mediação e Intercessão

É intolerável afirmar que os católicos creem em outros mediadores além de Jesus. O Mediador para a nossa Salvação, entre Deus e nós, é Cristo, que com seu Sacrifício Eterno e eficaz nos resgatou na Cruz. Só Jesus, sendo Deus, suportou as piores dores, martírio e morte terríveis pela nossa salvação, e somente Ele poderia fazê-lo, porque só Jesus é Deus feito homem. É por isso que na Santa Missa oferecemos o Sacrifício do próprio Jesus Cristo a Deus Pai, em expiação dos nossos pecados. Por isso nos alimentamos de Cristo na Sagrada Eucaristia.

Intercessão é outra coisa, bem diferente: são como mediadores, mas entre Jesus e os homens, e podem ser nossos irmãos de fé, aqui na Terra, ou os santos e anjos no Céu. A Santa Igreja, que segundo a Bíblia é a coluna e o sustentáculo da Verdade (1Tm 3,15), recomenda que intercedamos um pelos outros.

28. Fé e Doutrina

O que significa a expressão “coluna e sustentáculo da Verdade”? Significa que, sem a Igreja que Jesus deixou no mundo, a Verdade desmorona. Não somos capazes, pelas nossas próprias forças, de alcançar a Verdade Divina. E Deus Todo-Poderoso designou sua Igreja para nos auxiliar nesse processo. Mas temos falsos mestres por aí dizendo que a Igreja não serve para nada. "Igreja não importa, importante é Jesus...". – Mas há um "detalhe", aí, que faz toda a diferença: foi o próprio Jesus quem nos deixou sua Igreja Una, e disse que dependeríamos dela para encontrar e seguir o Caminho e até para obter o perdão dos nossos pecados. Mais uma vez, tudo isso está escrito lá, bem claro, na Bíblia.

O problema é que, quando eles falam em "igreja", estão pensando numa empresa, que qualquer um pode fundar quando quiser, basta inventar um nome, registrar em cartório e abrir firma. Não entendem o profundo significado da Igreja Celeste, da Igreja que é continuação histórica do Corpo de Cristo no mundo, a qual Jesus fundamentou sobre o Apóstolo Pedro, o primeiro Papa.

Ora, o Senhor Jesus foi claro ao dizer que as portas do inferno não prevaleceriam sobre a sua Igreja. Não prevalecerão significa não prevalecerão. Que parte desta declaração tão direta eles não entendem? O problema é que os "evangélicos" e protestantes não creem na Promessa do filho de Deus. Para eles, o inferno prevaleceu sobre a Igreja Católica, que vem diretamente de Jesus e dos Apóstolos, e teria incorrido em “erros graves”. Eles creem que foi preciso Lutero para corrigi-la. O que disse um homem é mais valorizado do que o que disse Jesus Cristo e seus Apóstolos!

Então, devido a esses supostos erros graves da Igreja, agora são indispensáveis os atuais pregadores "evangélicos" que, mesmo divergindo entre si, estão todos certos e fazendo reparos na doutrina cristã. E cada nova denominação introduz novidades, ritos e hábitos novos. De Lutero ninguém nem se lembra mais. Ora, ou Lutero acertou ou Lutero errou. Ou Deus levantou Lutero para corrigir os erros do catolicismo ou não levantou ninguém. E se Deus tivesse levantado Lutero, quem é o "evangélico" para continuar reformando aquilo que Deus já teria reformado?

Mas para o "evangélico", Jesus mentiu. As portas do inferno prevaleceram sobre a Igreja e sobre o cristianismo, por 1500 anos, até nascer Lutero para restaurar a Verdade. E se não fosse o “santo” Lutero, até hoje o cristianismo que se creu e praticou desde o início seria falso. Mas o "evangélico" não permaneceu com Lutero. Menos ainda com Jesus. Conclusão: o "evangélico" amarrou uma pedra ao pescoço e se lançou ao mar. Para ele, Jesus, depois do sofrimento atroz e do Sacrifício, deixou o homem por conta própria. Cada um que interprete a Bíblia como puder. O "Jesus deles" diz algo mais ou menos assim: “Virem-se! Leiam a Bíblia, interpretem-na, escolham uma denominação qualquer, porque igreja não importa. Eu deixei minha própria Igreja só de brincadeira, isso não faz a mínima diferença. Fundem igrejas novas se não gostarem de alguma denominação, contestem seus próximos, ofendam aquela que escolhi para ser minha mãe e odeiem os católicos... Assim vocês se salvarão”...

O Jesus em que nós cremos não é assim. Seu desejo é que nenhum de nós se perca. Por isso nos deu nossa Santa Mãe Igreja para nos apontar o Caminho, sem erro. Ele sabe que o coração humano é incerto e contestador. O Apóstolo Paulo confirma que nosso julgamento é sempre tendencioso. Por isso mesmo, Cristo prometeu que estaria com a sua Igreja até o fim dos tempos.

É sem dúvida infinitamente mais seguro ser católico.

E se alguém quiser criar um texto para me responder, com o título "porque não sou católico", vou dar uma ajuda: por que alguém deixa de ser católico? Primeiro, ninguém que seja realmente católico deixará de sê-lo. Os falsos católicos, aqueles que estão apenas "fazendo número" no meio do Povo de Deus, esses deixam de frequentar a Igreja, quando se decepcionam com alguma coisa. E o fazem por arrogância, soberba e presunção. Parece-me que a maioria o faz por ignorância, pura e simples: tratam-se de pessoas que não estudam, que não se interessam, não procuram conhecer a sua própria Igreja e religião.

Presumir que tudo sabe e não aceitar qualquer tipo de correção ou instrução é típico do "evangélico" comum, e foi exatamente assim que a antiga serpente tentou o homem e a mulher, prometendo: "vocês serão como Deus, conhecerão o Bem e o Mal por conta própria"... Ser um divisor por natureza já é motivo para fundar uma “igreja” e contestar aquela que Jesus deixou sobre a Terra.

Fonte Site: ofielcatolico.com.br

Livro de Martinho Lutero é descoberto na França com anotações manuscritas

Retrato de Martinho Lutero (1483-1546) feito pelo artista plástico Lucas Cranach
Retrato de Martinho Lutero (1483-1546) feito pelo artista plástico Lucas Cranach
    Um livro do teólogo alemão Martinho Lutero (1483-1546), uma das figuras centrais da Reforma Protestante, no século 16, foi descoberto na Biblioteca Humanista de Sélestat, no nordeste da França, escondido na coleção de um estudioso da Renascença, chamado Beatus Rhenanus. A publicação "Tratado da Liberdade Cristã", escrita em 1520 em latim, contém 50 anotações escritas em vermelho à mão por Lutero, que foram autenticadas por especialistas. 
   A descoberta permitiu identificar um "elo perdido", porque "como ignorávamos a existência dessas correções manuscritas de Martinho Lutero, não considerávamos sua vontade para uma edição definitiva", explicou à AFP o professor universitário em Estrasburgo James Hirstein, que encontrou o livro.
    Trata-se de um "rascunho para impressão" de uma segunda edição, que chegou às mãos do sábio Beatus Rhenanus (1485-1547) por meio de um cânone de Augsburgo, no sul da Alemanha, antes de ser impresso em Basileia, na Suíça, no início de 1521, incorporando quase inteiramente as modificações do "pai do protestantismo", explicou o pesquisador Hirstein, que também é professor de latim.
    Rhenanus e os impressores anônimos da Basileia também contribuíram para a impressão. Ao longo dos séculos e das reedições, 15 notas de Lutero acabaram desaparecendo, "porque ninguém sabia que eram suas", disse Hirstein.
  As notas do reformista alemão "apontam sua forte relação individual com Deus", disse o pesquisador.
   A descoberta também lança nova luz sobre os pensamentos de Rhenanus, amigo de Erasmo de Rotterdam, muito influente na época e favorável a uma reforma da Igreja Católica, sem querer, contudo, abandonar o catolicismo.
Fonte: agência France-Presse

terça-feira, 19 de maio de 2015

Todos os Caminhos Levam a Roma – a história da conversão de Scott e Kimberly Hahn



  ESTA É EXCLUSIVAMENTE para indicar, com muita ênfase, a leitura de um pequeno (224 páginas) e despretensioso livro que "dormia" em minhas prateleiras já há alguns bons meses, e que somente há dois dias resolvi tomar em mãos para ler. – E já finalizei a leitura, absolutamente encantado, mesmo com todo o trabalho e estudos acumulados que se amontoam sobre minha mesa. – O livro não é novo; foi publicado em 1993 nos EUA e traduzido e lançado em 2002 pela editora Diel (Portugal) para países de língua portuguesa, mas somente em 2013 passou a ser distribuído no Brasil pela Cléofas.

Muito popular nos EUA e em outros países, já é relativamente bem conhecido também no Brasil. É do tipo que se quer ler de um só fôlego; daqueles que, quando começamos a ler, não queremos mais parar. Refiro-me à obra autobiográfica que em português foi intitulada "Todos os Caminhos Levam a Roma" ('Rome, Sweet Rome'), escrita a quatro mãos pelo ex-pastor e ex-professor de seminário protestante Scott Hahn e sua esposa, Kimberly, mestra em Teologia protestante e ex-pregadora anticatólica.

Dr. Scott Hahn, mestre e doutor, Ph.D em Teologia Bíblica, é considerado um dos maiores especialistas em Bíblia do mundo, – sendo exatamente esta a razão (seus profundos conhecimentos) que o levou a converter-se num católico fervoroso, antes de sua esposa, que depois de anos de relutância acabou por se enveredar pelo mesmo caminho. – Atualmente, ele é professor de Teologia e Sagrada Escritura na Universidade Franciscana de Steubenville, EUA (desde 1990). Em 2005, foi designado pelo Papa Bento XVI como Catedrático de Teologia Bíblica da Liturgical Proclamation, no Seminário St. Vicent, Latrobe (Pensilvânia). É autor de grande quantidade de livros, que são altamente recomendados pelas autoridades eclesiásticas, especialmente nos EUA, entre os quais o Arcebispo de Denver, Dom Charles J. Chaput; o Arcebispo de Milwaukee, Dom Timothy M. Doulan; o Arcebispo de Chicago, Cardeal Francis George; o Arcebispo de Washington, Dom Donald W. Werl, o Arcebispo de Nova York, Cardeal Edward Egan; etc...

Dr. Scott Hahn
Síntese

O livro é a autobiografia de um casal presbiteriano convertido ao catolicismo mediante o atento e apurado estudo das Sagradas Escrituras e a análise histórica, teológica e também bíblica da Sagrada Tradição e do Magistério da Igreja Católica. 

Com muita seriedade, empenho e persistência, primeiro o marido, Scott, e depois sua esposa, Kimberly, passam a descobrir, entender e confirmar que tudo o que lhes mantinha afastados da Igreja Católica estava fundamentado em preconceitos infundados. Ao mesmo tempo, averiguaram e passaram a confirmar, passo a passo, que as duas pilastras essenciais do protestantismo: somente a fé (Sola Fide) e somente a Escritura (Sola Scriptura), carecem de qualquer fundamento na própria Bíblia. Diante da conversão do marido, a esposa fica desolada; com muito amor e boa vontade, porém, e empreendendo imenso esforço para romper a colossal barreira de preconceitos que lhe haviam sido incutidos na alma contra o catolicismo, acaba por abraçar a mesma fé do esposo.

Já há algumas décadas que se vêm registrando numerosas conversões do protestantismo ao catolicismo, com a Graça de Deus, por meio do estudo cada vez mais embasado e realmente aprofundado das Sagradas Escrituras, comparado ao da História da Igreja, especialmente da Patrística. – E, importante que se diga, a impressionante conversão deste casal ocorreu apesar da mentalidade progressista que tomou conta do clero católico em nível mundial: apesar de tantos padres, bispos e leigos católicos que praticamente não se empenham em converter mais absolutamente ninguém. – O próprio Scott Hahn relata como, no início de sua longa jornada de retorno a Casa do Pai, procurou padres de paróquias próximas, e como ficou desorientado ao perceber como não faziam a mínima questão de recebê-lo, sendo que um certo Pe. Jim chegou a lhe dizer: "Creio que na verdade você não precisa se converter. Depois do (Concílio) Vaticano II não é muito ecumênico converter-se. O melhor que você pode fazer é simplesmente ser o melhor presbiteriano que puder".

Sua esposa, Kimberly, então uma protestante e anticatólica convicta, além de talentosa pregadora, cujo maior sonho era ser "esposa de pastor", dizia ao marido: "Talvez a Igreja sobre a qual você está aprendendo e lendo [tão perfeitamente coerente com as Escrituras e alinhada com tudo o que entendemos por cristianismo], simplesmente já não exista mais".

Pe. Shenan J. Boquet e Henrique Sebastião

Mesmo assim, apesar de tudo, – apesar dos maus padres e maus bispos, do mau exemplo de tantos e tantos maus católicos, de todo o desvio da sagrada Liturgia, do desleixo quase total para com a catequese, das interpretações estapafúrdias de um tal de "espírito do concílio", que hoje parece ser mais adorado do que o próprio Espírito Santo de Deus, apesar do grande descaso na salvação das almas... O fato é que, ainda assim, mesmo contra tamanha e tão medonha torrente de misérias, não cessam de aumentar os casos de conversões à Igreja Católica, de modo especial nos EUA (maior país protestante do mundo) como me confirmou pessoalmente inclusive o Pe. Shenan Boquet, presidente da Human Life International, por ocasião do II Congresso Internacional pela Verdade e pela Vida (Mosteiro de São Bento de São Paulo, 11/2011).

Apresento abaixo uma coletânea de trechos do livro em questão, rogando a Deus que muitos de meus leitores se sintam motivados a adquirirem-no e, com muito prazer, desfrutar de sua tão saborosa quanto edificante leitura.

Preconceitos

Como já dito, e como geralmente acontece entre os protestantes, também Scott e Kimberly eram marcados por profundos preconceitos contra a Igreja Católica. Assim diz Scott:

"No Seminário encontrei um colega chamado Gerry Matatics. Entre os alunos presbiterianos, nós dois éramos os únicos suficientemente inflexíveis no nosso anticatolicismo para defender que a Confissão de Westminster devia conservar uma tese que a maioria dos reformados estava disposta a abandonar: o Papa era o Anticristo. Embora os protestantes – Lutero, Calvino, Zwingll, Knox e outros – tivessem muitas diferenças entre si, todos eram unânimes na convicção de que o Papa era o Anticristo e que a Igreja de Roma era a rameira da Babilônia".

Scott e sua esposa se colocaram no rol daqueles que odiavam uma falsa imagem da Igreja Católica e não a verdadeira imagem (que eles ignoravam). O próprio Scott Hahn comenta em sua autobiografia que "o falecido Arcebispo Fulton Sheen escreveu um dia: 'Talvez não haja nos Estados Unidos uma centena de pessoas que odeiem a Igreja Católica; mas há milhões de pessoas que odeiam o que erroneamente supõem que é a Igreja Católica'.".

Sola Fide – Somente a fé

Scott Hahn era, então, um ministro presbiteriano, casado com Kimberly, também presbiteriana. Em virtude de suas funções como pregador, ele teve que estudar com afinco os grandes princípios do credo protestante, a começar pela sua primeira coluna: "Somente pela fé" somos salvos.

"Pouco a pouco chegamos a nos convencer de que Martinho Lutero deixou que suas convicções teológicas pessoais contradissessem a própria Bíblia, à qual supostamente tinha decidido obedecer em vez de obedecer à Igreja Católica. Tinha declarado que a pessoa não se justifica pela fé atuando no amor, mas que se justifica apenas pela fé. Chegou mesmo a acrescentar a palavra 'somente' depois da palavra 'justificado' na sua tradução alemã de Romanos 3,28, e chamou à Epístola de Santiago 'epístola falsificada' porque Santiago diz explicitamente: 'Vedes que pelas obras se justifica o homem e não apenas pela fé'."

"Uma vez mais, e por muito estranho que nos parecesse, a Igreja Católica tinha razão num ponto fundamental da doutrina: ser justificado significa ser feito filho de Deus e ser chamado a viver a vida como filho de Deus mediante a fé com obras no amor. Efésios 2,8 esclarecia que a fé – que temos que ter – é um Dom de Deus, não por causa das nossas obras, pelo que ninguém se pode vangloriar, e que a fé nos torna capazes de realizar as boas obras que Deus quer que realizemos. A fé é ao mesmo tempo um Dom de Deus e a nossa resposta obediente à misericórdia de Deus."

"A rigor, deve-se distinguir entre 'ser justificado' e 'ser salvo'. Ser justificado é tornar-se justo, amigo de Deus, passando do estado de pecado para o estado de graça. É o que São Paulo tem em vista nas suas cartas. Ser salvo é perseverar na graça recebida até o fim da vida terrestre. Esta perseverança não é possível se o fiel cristão não manifesta a sua fé através de boas obras. – É o que São Tiago tem em vista na sua carta."

Sola Scriptura – Somente a Escritura
Scott & Kimberly Hahn
A outra coluna fundamental do credo protestante é o princípio "Somente a Escritura"; é regra de vida. Também esta desmoronou mediante o estudo realmente sério e descomprometido das doutrinas humanas sobre a Bíblia Sagrada, como também narra Scott em seu livro.
Profº Hahn ensina que a doutrina da Sola Fide simplesmente não é bíblica, e que esse grito de guerra da Reforma não se sustenta quando confrontado com as Cartas de Paulo. 

Como bem se sabe, o outro grito de guerra da Reforma foi aSola Scriptura: que a Bíblia é a nossa única autoridade, em lugar do Papa, dos Concílios ou da Tradição. Um belo dia, um de seus alunos protestantes lhe perguntou: "Professor, onde é que a Bíblia ensina que 'a Escritura é a nossa única autoridade?'". Scott conta o que aconteceu depois:

"Fiquei a contemplá-lo e comecei a sentir um suor frio. Disse-lhe: 'Vejamos primeiro Mateus 5,171 e depois 2 Timóteo 3,16-17: 'Toda a Escritura inspirada por Deus é útil para ensinar, para rebater, para corrigir e para formar na justiça, de modo que o homem de Deus seja perfeito, e preparado para toda obra boa'. E depois podemos ver também o que diz Jesus acerca da Tradição em Mateus 152. Mas a sua resposta foi cortante: 'Mas, professor, Jesus não estava condenando toda a Tradição em Mateus 15, e sim só a tradição corrupta. E quando 2 Timóteo 3,16 menciona 'toda a Escritura' não diz 'só a Escritura' é útil. Também a oração, a evangelização e muitas outras coisas são essenciais. E o que dizer de 2 Tessalonicenses 2,15? – 'Ah, sim... Tessalonicenses...', – balbuciei debilmente, – 'o que é que se diz aí?' – 'Paulo diz aos Tessalonicenses: Portanto, irmãos, mantende-vos firmes e guardai as tradições que haveis aprendido de nós, de palavra ou por carta'."

"Saí pela tangente: 'Ouça, John, estamos nos afastando do tema. Avancemos um pouco mais e já voltaremos a falar sobre isto na próxima semana'. Posso assegurar que ele não ficou satisfeito. Nem eu. Quando voltei para casa naquela noite, contemplei as estrelas e murmurei: 'Senhor, o que está acontecendo? Onde é que a Escritura ensina a doutrina da sola Scriptura?'. Foram duas as colunas sobre as quais os protestantes basearam a sua revolta contra Roma. Uma já tinha caído, e a outra estava a cambalear. Senti medo. Estudei toda a semana. Não cheguei a nenhuma conclusão. Telefonei então a vários amigos. Sem êxito. Finalmente, telefonei a dois dos melhores teólogos da América, e também a alguns dos meus ex-professores."

"Todos aqueles que consultava se surpreendiam de que lhes fizesse essa pergunta. E sentiam-se ainda mais perturbados ao verem que não ficava satisfeito com as respostas que me davam. A um professor eu disse: 'Talvez eu esteja sofrendo de amnésia, mas esqueci-me das simples razões pelas quais nós, protestantes, cremos que a Bíblia é a nossa única autoridade. Dr. Gerstner, creio que a questão principal é o que a Bíblia ensina sobre a Palavra de Deus, já que em nenhum lugar reduz a Palavra de Deus apenas à Escritura. Pelo contrário, a Bíblia diz-nos em muitos lugares que a autorizada Palavra de Deus deve buscar-se na Igreja: na sua Tradição (2 Ts 2,15; 3, 6), assim como na sua pregação e ensino (1Pe 1, 25; 2Pe 1, 20-21; Mt 18, 17). Por isso penso que a Bíblia apoia o princípio católicoSolum Verbum Dei, 'só a Palavra de Deus', em vez do princípio protestante Sola Scriptura, 'só a Bíblia'."

O Governo da Igreja

Completando sua afirmação de que as Escrituras não bastam, Scott apresenta a seguinte imagem:

"Desde a época da Reforma, foram surgindo mais de vinte e cinco mil diferentes confissões protestantes, e os especialistas dizem que na atualidade surgem cinco novas por semana. Cada uma delas afirma seguir o Espírito Santo e o sentido autêntico da Escritura. Deus sabe que devemos precisar de algo mais."

"O que eu quero dizer, Dr. Gerstner, é que quando os fundadores da nossa Nação nos deram a Constituição, não se contentaram só com isso. Imagine o que teríamos hoje se a única coisa que nos tivessem dado fosse um documento, por muito bom que fosse, junto com a recomendação 'Que o espírito de George Washington guie cada cidadão'? Teríamos a anarquia, que é precisamente o que temos entre os protestantes no que se refere à unidade da Igreja. Em vez disso, os nossos pais fundadores deram-nos algo mais do que a Constituição; deram-nos um Governo - formado por um Presidente, um Congresso e um Senado - todos eles necessários para aplicar e interpretar a Constituição. E, se isso é necessário para governar um país como o nosso, o que é que será necessário para governar uma Igreja que abarca o mundo inteiro?"

"É por isso, Dr. Gerstner, que começo a acreditar que Cristo não nos deixou apenas com um livro e o Seu Espírito. Aliás, o Evangelho não diz uma única palavra aos apóstolos acerca de escreverem; além disso, só menos de metade deles escreveram livros que foram incluídos no Novo Testamento. O que Cristo disse realmente a Pedro, foi: 'Sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja... e as portas do inferno não prevalecerão contra ela'. Por isso parece-me mais lógico que Jesus nos tenha deixado juntamente com a Sua Igreja - composta por um Papa, Bispos e Concílios -tudo o que é necessário para administrar e interpretar a Escritura."

A Eucaristia
Nos trechos abaixo, Scott se refere às aulas que dava sobre João 6, 22-66:
"Comecei imediatamente a pôr em causa o que os meus professores me tinham ensinado - e o que eu próprio andava a pregar à minha congregação - acerca da Eucaristia como um mero símbolo, um símbolo profundo, certamente, mas apenas um símbolo."
"Depois de muita oração e de muito estudo, acabei por reconhecer que Jesus não podia estar a falar simbolicamente quando nos convidou a comera Sua carne e a beber o Seu sangue. Os judeus que O ouviam não teriam ficado ofendidos nem escandalizados com um mero símbolo. Aliás, se tivessem interpretado mal Jesus, tomando as Suas palavras à letra - quando Ele queria que as palavras fossem tomadas em sentido figurado - teria sido fácil ao Senhor esclarecer esse ponto. Na verdade, já que muitos dos discípulos deixaram de O seguir por causa deste ensinamento (vers. 60), teria estado moralmente obrigado a explicar que falava apenas em termos simbólicos. Mas nunca o fez."

Em consequência das convicções adquiridas pelo estudo sincero e sistemático, Scott houve por bem abraçar o catolicismo, mesmo à revelia de sua esposa, a qual só mais tarde se converteu. É muito interessante observar a caminhada dos convertidos até a fé católica: a graça os impele a superar hesitações, obstáculos, comentários.

Os pontos abordados por Scott interessam a todo cristão desejoso de encontrar a Verdade religiosa. Sua experiência vem a ser escola para outros. Os argumentos são claríssimos e irrrefutáveis . O protestante que afirma serem 66 os livros da Bíblia, não o pode provar pela Bíblia; recorre à tradição dos judeus de Jâmnia, embora diga que segue somente a Bíblia, e do mesmo modo ocorre em inúmeros outros pontos.

...Creio que a amostra que acabamos de apresentar é suficiente para dar uma ideia da grande contribuição que traz este livro nos estudos de todo homem ou mulher de boa vontade, que esteja honestamente empenhado em conhecer, simplesmente, a Verdade que liberta. 

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1. Mt 5, 17: "Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento".

2. Mt 15, 3: Disse Jesus: "Porque violais o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?".
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Síntese adaptada do artigo de Dom Estêvão Bettencourt (OSB) "Todos os Caminhos vão dar a Roma", disponível emhttp://www.pr.gonet.biz/kb_read.php?head=0&num=1750

Acesso 27/8/014

• HAHN, Scott & Kimberly. Todos os Caminhos Levam a Roma, Lorena: Cléofas, 2013.

ofielcatolico.com.br

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Um Protestante histórico descobre a Igreja Católica – História de conversão de A.David Anders, Ph.D.


     Eu cresci como um protestante evangélico, em Birmingham, Alabama. Meus pais eram amorosos e dedicados, sinceros em sua fé, e profundamente envolvidos na nossa igreja. Eles embutiram em mim um respeito pela Bíblia como a Palavra de Deus, e um desejo de uma fé viva em Cristo. Missionários frequentavam a nossa casa e nos trouxeram seu entusiasmo pelo seu trabalho. As estantes de livros em nossa casa estavam cheias de teologia e apologética. Desde cedo, eu absorvi a noção de que o ponto mais alto possível na vocação era ensinar a fé cristã. Acho que não é nenhuma surpresa que eu me tornei um historiador da Igreja, mas tornar-se um católico era a última coisa que eu esperava.

    A Igreja da minha família era nominalmente Presbiteriana, mas as diferenças denominacionais significava muito pouco para nós. Eu freqüentemente ouvia que divergências sobre o batismo, ceia do Senhor, ou o governo da igreja não eram importantes, enquanto se acreditava no Evangelho. Por isso, quis dizer que a pessoa deve "nascer de novo", que a salvação é pela fé, e que a Bíblia é a única autoridade para a fé cristã. Nossa igreja apoiou os ministérios de muitas denominações protestantes diferentes, mas o nosso grupo certamente se opunha a Igreja Católica.


      O mito de que os protestantes "recuperaram" o Evangelho era forte em nossa igreja. Eu aprendi muito cedo a idolatrar os reformadores protestantes Martinho Lutero e João Calvino, porque supostamente haviam resgatado o Cristianismo e as trevas do catolicismo medieval. Os católicos eram os que confiavam em "boas obras" para levá-los para o céu, que valoravam à tradição ao invés das Escrituras, e que adoravam Maria e os santos em vez de Deus. Sua obsessão com os sacramentos também criou um enorme obstáculo para a verdadeira fé e um relacionamento pessoal com Jesus. Não havia dúvida. Os católicos não eram cristãos verdadeiros.


Nossa igreja era caracterizada por uma espécie de intelectualismo confiante. Presbiterianos tendem a ser bastantes preparados teologicamente, e professores de seminário, apologistas, cientistas e filósofos eram oradores freqüentes em nossas conferências. Foi essa atmosfera intelectual que atraiu o meu pai para a igreja, e suas estantes estavam alinhadas com as obras do reformador João Calvino, e os puritanos Jonathan Edwards, bem como autores mais recentes como BB Warfield, AA Hodge, C.S. Lewis e Francis Schaeffer. Como parte dessa cultura acadêmica, tomamos como certo que a investigação honesta levaria qualquer um a nossa versão da fé cristã.

Todas estas influências deixaram impressões definitivas sobre mim enquanto criança. Eu percebia o cristianismo como um pouco parecido com a física newtoniana. A fé cristã consistia em certas leis eminentemente razoáveis ​​e imutáveis​​, e você estava garantido a vida eterna, desde que você construísse a sua vida de acordo com esses princípios. Eu também pensei que esta era a mensagem claramente enunciada no livro oficial da teologia cristã: a Bíblia. Somente a confiança irracional na tradição humana ou indiferença depravada poderia explicar o fracasso de alguém para agarrar estas verdades simples.

Havia uma estranha ironia neste ambiente altamente religioso e teológico. Deixávamos claro que era a fé e não as obras que salva. Também confessamos a crença protestante clássica que todas as pessoas são "totalmente depravadas", o que significa que até mesmo os seus melhores esforços morais são intrinsecamente odiosa para Deus e pode merecer nada. No momento em que cheguei no ensino médio, eu juntei essas peças e conclui que a prática religiosa e esforço moral eram mais ou menos irrelevantes para a minha vida. Não é que eu tenha perdido a minha fé. Pelo contrário, eu a absorvi completamente. Eu tinha aceitado a Cristo como meu Salvador e era "nascido de novo." Eu acreditava que a Bíblia era a palavra de Deus. Eu também acreditava que nenhum dos meus trabalhos religiosos ou morais tinham qualquer valor. Então eu parei de praticá-los.

Felizmente, minha indiferença durou apenas alguns anos, e eu tive uma verdadeira reconversão à fé na faculdade. Descobri que a minha necessidade de Deus era mais profunda do que simples "seguro contra incêndio." Eu também conheci uma linda menina com quem eu comecei a ir aos trabalhos protestantes . Jill tinha crescido nominalmente como católica, mas não conseguiu manter-se a prática de sua fé após a confirmação. Juntos, nós nos encontramos crescendo mais profunda na fé protestante, e depois de alguns meses, ambos tornaram-se desiludido com a atmosfera mundana da nossa Universidade de Nova Orleans. Concluiu-se que o Centro-Oeste e a Universidade evangélica Wheaton College iria proporcionar um ambiente mais espiritual, e nós dois fomos transferidos no meio do nosso segundo ano ( Em Janeiro de 1991).

Wheaton College é como um farol para cristãos evangélicos sinceros de várias origens. Protestantes de diversas denominações diferentes estão representados, unidos em seu compromisso com Cristo e na Bíblia. Minha infância me ensinou que a teologia, apologética e evangelismo são a maior vocação do cristão, e eu encontrei-los todos em oferta abundante no Wheaton. Foi aí que pensei pela primeira vez de dedicar minha vida ao estudo da teologia. Foi também em Wheaton que Jill e eu nos tornamos noivos.

Depois de graduados, Jill e eu nos casamos no Trinity Evangelical Divinity School, em Chicago. Meu objetivo era ter uma educação de seminário, e, eventualmente, completar um Ph.D. Eu queria me tornar um daqueles professores de teologia que tinha sido tão admirado na igreja da minha juventude.

Atirei-me no seminário com desprendimento. Eu amei meus cursos de teologia, Escritura, história da Igreja, e eu prosperei na fé, na confiança e no senso de missão que permeava a escola. Eu também abracei sua atmosfera anti-católica. Eu estava lá em 1994, quando o documento "Evangélicos e Católicos Unidos [1]" foi publicado pela primeira vez e a faculdade era quase em sua totalidade hostil a ele. Eles viram qualquer compromisso com os católicos como uma traição da Reforma. Os católicos não eram simplesmente irmãos no Senhor. Eles eram apóstatas.

Eu aceitei as atitudes anti-católicas dos meus professores de seminário, por isso, quando chegou a hora de seguir em frente nos meus estudos, decidi focar em um estudo histórico da Reforma. Eu pensei que não poderia haver uma melhor preparação para atacar a Igreja Católica e ganhar convertidos do que em conhecer profundamente as mentes dos grandes líderes de nossa fé - Martinho Lutero e João Calvino. Eu também queria entender toda a história do cristianismo para que eu pudesse colocar a Reforma no contexto. Eu queria ser capaz de mostrar como a igreja medieval tinha deixado a verdadeira fé e como os reformadores tinha recuperado-o. Para este fim, comecei meu Ph.D. em estudos de teologia histórica na Universidade de Iowa. Eu nunca imaginei que a história da Reforma da Igreja iria fazer com que eu me tornasse me um Católico.

Antes que eu começasse meus estudos em Iowa, Jill e eu testemunhamos o nascimento do nosso primeiro filho, um menino. Seu irmão nasceu há menos de dois anos depois, e uma irmã chegou antes de sairmos Iowa (agora temos cinco filhos). Minha esposa estava muito ocupada cuidando destas crianças, enquanto eu me comprometi quase inteiramente com meus estudos. Vejo hoje que eu passei muito tempo na biblioteca e não tempo suficiente com a minha esposa, meus filhos pequenos e minha filha. Eu acho que justifiquei essa negligência por confiar no meu senso de missão. Eu tinha uma vocação - testemunhar a fé através do estudo teológico - e uma visão intelectual da fé cristã e meu dever cristão. Para os cristãos evangélicos, o que se acredita é mais importante do que o que se vive. Eu estava aprendendo a defender e promover essas crenças. O que poderia ser mais importante?

Eu comecei meus estudos doutorais em setembro de 1995. Fiz cursei vários cursos: Igreja Primitiva, Medieval e história da Reforma da Igreja. Eu li os Padres da Igreja, os teólogos escolásticos, e os reformadores protestantes. Em cada etapa, tentei relacionar teólogos posteriores para os anteriores, e todos eles com as Escrituras. Eu tinha um objetivo de justificar a Reforma e isso significava, acima de tudo, investigar a doutrina da "justificação pela fé." Para os protestantes, esta é a doutrina mais importante a ser "recuperada" pela Reforma.

Os reformadores tinham insistido que eles estavam seguindo a Igreja Primitiva ao ensinar o "somente pela fé" e como prova apontou para os escritos do Padre da Igreja Agostinho de Hipona (354-430). Meus professores de seminário também apontaram para Agostinho como a fonte originária da teologia protestante. A razão para isso era interesse de Agostinho nas doutrinas do pecado original, graça e justificação. Ele foi o primeiro dos Padres para tentar uma explicação sistemática desses temas paulinos. Ele também chamou atenção para um nítido contraste entre "obras" e "fé" ( cf. sua On the Spirit and the Letter, 412 dC). Ironicamente, foi a minha investigação desta doutrina e de Santo Agostinho, que fez com que eu começasse a minha viagem para a Igreja Católica.

Minha primeira dificuldade surgiu quando comecei a entender o que realmente Agostinho ensinou sobre a salvação. Em poucas palavras, Agostinho rejeitou a "Sola Fide”. É verdade que ele tinha um grande respeito pela fé e graça, mas viu estes principalmente como fonte de nossas boas obras. Agostinho ensinou que nós literalmente "merecemos” vida eterna quando nossas vidas são transformadas pela graça. Isto é completamente diferente da do ponto de vista protestante.

As implicações da minha descoberta foram profundas. Eu sabia o suficiente pelos meus dias de faculdade e seminário para entender que Agostinho ensinava nada menos que a doutrina católica romana da justificação. Eu decidi passar para Padres anteriores da Igreja em minha busca pela "fé pura" da antiguidade cristã. Infelizmente, os Padres da Igreja anteriores ajudavam menos do que Agostinho.

Agostinho tinha vindo da língua Latina do norte da África. Outros vieram de Ásia Menor, Palestina, Síria, Roma, Gália, e no Egito. Eles representavam diferentes culturas, falavam diferentes línguas , e foram associados a diferentes apóstolos. Eu pensei que seria possível que alguns deles podem ter entendido mal o Evangelho, mas parecia improvável que todos iriam ser confundidos. A verdadeira fé tinha de ser representada por algum lugar do mundo antigo. O único problema era que eu não poderia encontrá-lo. Não importa para onde eu olhava, em qualquer continente, em qualquer século, os Padres concordavam: a salvação vem por meio da transformação da vida moral e não somente pela fé. Eles também ensinaram que essa transformação começa e é alimentada nos sacramentos, e não através de alguma experiência de conversão individual.

Nesta fase da minha jornada eu estava ansioso para continuar a ser um protestante. Toda a minha vida, casamento, família e carreira estavam ligados ao protestantismo. As minhas descobertas na história da Igreja eram uma enorme ameaça para a minha identidade, então eu foquei para estudos bíblicos que proporcionassem conforto e ajuda. Eu pensei que se eu pudesse ser absolutamente confiante nos recurso dos reformadores com as Escrituras, então eu basicamente poderia demitir 1500 anos de história cristã. Evitei a erudição católica, ou livros que eu achava que tinham a intenção de minar a minha fé, e preferi me concentrar no que eu achava que eram as obras protestantes mais objetivas, históricas e também de erudição bíblica. Eu estava procurando por uma prova sólida de que os reformadores estavam certos em sua compreensão de Paulo. O que eu não sabia era que o melhor erudito protestante do século XX já havia rejeitado a leitura de Lutero da Bíblia.

Lutero baseou toda a sua rejeição a Igreja sobre as palavras de Paulo: "Uma pessoa é justificado pela fé, independentemente das obras da lei" (Romanos 3: 28). Lutero assumiu que este contraste entre "fé" e "obras" significava que não havia papel para a moralidade no processo de salvação (de acordo com a visão tradicional protestante, o comportamento moral é uma resposta para a salvação, mas não um fator contribuinte). Eu tinha aprendido que os primeiros Padres da Igreja rejeitaram essa visão. Agora eu tinha encontrado toda uma gama de estudiosos protestantes que também estavam dispostos a testemunhar que isso não era o que Paulo queria dizer.

Os Padres da Igreja do século II acreditavam que Paulo havia rejeitado a relevância somente da lei judaica para a salvação ("obras da lei" = lei mosaica). Eles viram a fé como a entrada para a vida da Igreja, dos sacramentos, e do Espírito. A fé nos admite por meio da graça, mas não é em si um motivo suficiente para a salvação. O que eu vi nos mais recentes e altamente respeitados estudiosos protestantes era o mesmo ponto de vista. A partir do último terço do século XX, estudiosos como EP Sanders, Krister Stendhal, James Dunn, e N. T. Wright têm argumentado que o protestantismo tradicional mal interpretou profundamente Paulo. De acordo com Stendhal e outros, a justificação pela fé é principalmente sobre as relações judeus e gentios, e não sobre o papel da moralidade como condição de vida eterna. Juntos, o seu trabalho tem sido referido como "A Nova Perspectiva sobre Paulo".

Minha descoberta desta "Nova perspectiva" foi um divisor de águas na minha compreensão das Escrituras. Eu vi, para começar, que a "Nova perspectiva" era a "Velha Perspectiva" dos primeiros Padres da Igreja. Comecei a testá-la contra a minha própria leitura de Paulo e descobri que ela tinha sentido. Ela também resolveu a tensão de longa data que eu sempre senti entre Paulo e o resto da Bíblia. Mesmo Lutero tinha tido dificuldade em conciliar sua leitura de Paulo com o Sermão da Montanha, a epístola de São Tiago e o Antigo Testamento. Uma vez eu que apliquei a "Nova Perspectiva" esta dificuldade desapareceu. Relutantemente, eu tive que aceitar que os reformadores estavam errados sobre a justificação.

Essas descobertas no meu trabalho acadêmico foram paralelas em certa medida com descobertas na minha vida pessoal. A teologia protestante distingue fortemente crença de comportamento, e eu comecei a ver como isso me afetou. Desde a infância, eu sempre tinha identificado teologia, apologética e evangelismo como a mais alta vocação na vida cristã, enquanto as virtudes deveriam ser meros frutos da crença correta. Infelizmente, descobri que os frutos não estam apenas faltando em minha vida, mas que minha teologia tinha realmente contribuído para os meus vícios. Ele me fez severo, orgulhoso, e argumentativo. Eu também percebi que eu tinha feito a mesma coisa que os meus heróis.

Quanto mais eu aprendia sobre os reformadores protestantes, menos eu gostava deles como pessoas. Eu reconheci que o meu próprio fundador, João Calvino, era um homem arrogante e auto-confiante, que foi brutal para seus inimigos, nunca aceitou a responsabilidade pessoal e condenou qualquer um que não concordavam com ele. Ele chamou a si mesmo de profeta e atribuiu autoridade divina no seu próprio ensino. Isto contrasta totalmente com o que eu estava aprendendo sobre os teólogos católicos. Muitos deles eram santos, o que significa que eles tinham vivido vidas de caridade heroica e abnegação. Mesmo os maiores deles - homens como Agostinho e Tomás de Aquino - também reconheceram que eles não tinham autoridade pessoal para definir o dogma da Igreja.

Exteriormente, permaneci firme como anti-católico. Eu continuei a atacar a Igreja e a defender a Reforma, mas interiormente eu estava em agonia psicológica e espiritual. Descobri que minha teologia e trabalho da minha vida foram fundadas em uma mentira, e que a minha própria vida ética, moral e espiritual estavam profundamente carente. Eu estava perdendo rapidamente a minha motivação para contestar o Catolicismo, e em vez disso eu queria simplesmente para saber a verdade. Os reformadores protestantes tinham justificado a sua revolta por um apelo à "Sola Scriptura – Só as Escrituras." Meus estudos na doutrina da justificação tinham me mostrado que as Escrituras não eram tão clara como os Reformadores tinham alegado. E se todo o seu apelo às Escrituras foi equivocado? Por que, afinal, eu trataria as Escrituras como a autoridade final?

Quando eu levantei essa questão para mim mesmo, percebi que eu não tinha uma boa resposta. A verdadeira razão pela qual eu apelei ao Sola Scriptura era que isso era o que tinham me ensinado. Ao estudar o assunto, descobri que nenhum protestante deu alguma vez uma resposta satisfatória para esta pergunta. Os reformadores realmente não defenderam a doutrina do "Somente a Escritura." Eles simplesmente a afirmaram. Pior ainda, eu aprendi que os teólogos protestantes modernos que tentaram defender "Somente a Escritura" o fizeram por um apelo à tradição. Isso me pareceu ilógico. Eventualmente, eu percebi que "somente a Escritura" não existe nem nas Escrituras. A doutrina é auto-refutável. Vi também que os primeiros cristãos não acreditam no “ Somente as Escrituras” do mesmo modo que não criam na “ Somente pela Fé”. Sobre as questões de “como nós somos salvos”? e “como nós definir a fé”?, o mais antigo Cristãos encontraram seu centro na Igreja. A Igreja era tanto a autoridade pela qual sabíamos qual era a doutrina cristã, como também era instrumento de salvação.

A Igreja era uma questão que sempre voltava pra mim. Os evangélicos tendem a ver a Igreja como simplesmente uma associação de fiéis “like-minded” [ da mesma opinião/pessoas com interesses semalhantes]. Até mesmo os reformadores, Lutero e Calvino, tinha uma visão muito mais forte da Igreja do que isso, mas os antigos cristãos tinham a doutrina mais sublime de todas. Eu costumava ver sua ênfase na Igreja como anti-bíblica, ao contrário do "Somente a Fé", mas eu comecei a perceber que minha tradição evangélica era que era anti-bíblica.

A Escritura ensina que a Igreja é o Corpo de Cristo (Efésios 4:12). Os evangélicos tendem a descartar isso como uma mera metáfora , mas os antigos cristãos pensavam nisso como ,literalmente, embora misticamente, verdadeiro. São Gregório de Nissa pode dizer: " Aquele que contempla a Igreja realmente contempla Cristo. " Quando eu pensei sobre isso, eu percebi que ele falou uma verdade profunda sobre o significado bíblico de salvação. São Paulo ensina que os batizados foram unidos a Cristo na Sua morte, para que também eles sejam unidos a Ele na ressurreição (Romanos 6:3-6 ) . Esta união , literalmente, faz o cristão um participante da natureza divina (2 Pedro 1:4). Santo Atanásio poderia até dizer , "Porque Ele se fez homem para que pudéssemos ser feitos como Deus" ( de Incarnatione , 54.3 ) . A antiga doutrina da Igreja agora fazia sentido para mim , porque eu vi que a própria salvação nada mais é que a união com Cristo e um crescimento contínuo em Sua natureza. A Igreja não é uma mera associação de pessoas com interesses semelhantes. É uma realidade sobrenatural porque compartilha da vida e ministério de Cristo.
Essa percepção também fez com que adquire-se sentido a doutrina sacramental da Igreja. Quando a Igreja batiza, absolve os pecados, ou, acima de tudo, oferece o Santo Sacrifício da Missa, é realmente Cristo quem batiza, absolve, e oferece Seu próprio Corpo e Sangue. Os sacramentos não diminuem Cristo. Ele se faz presente neles.

A antiga doutrina cristã da Igreja da veneração dos santos e mártires também fez sentido. Eu aprendi que a doutrina católica sobre os santos é apenas um desenvolvimento da doutrina bíblica do corpo de Cristo. Os católicos não adoram os santos. Eles veneram Cristo em seus membros. Ao invocar a sua intercessão, os católicos apenas confessam que Cristo está presente e operante na sua Igreja no céu. Os protestantes freqüentemente objetam que a veneração dos santos católicos de alguma forma diminui o ministério de Cristo. Eu entendi agora que o inverso é verdade. São os protestantes que limitam o alcance da obra salvadora de Cristo, negando suas implicações para a doutrina da Igreja.

Meus estudos mostraram essa teologia concretizada na devoção da Igreja Primitiva. Como eu continuei a minha investigação de Agostinho, eu aprendi que esse "herói protestante" abraçou completamente a veneração de santos. Um estudioso sobre a obra de Agostinho chamado Peter Brown (nascido em 1935) também me ensinou que os santos não estavam relacionados com o cristianismo antigo. Ele argumentou que não se pode separar o cristianismo antigo da devoção aos santos, e ele colocou Agostinho diretamente nesta tradição. Brown mostrou que esta não era uma mera importação pagã do cristianismo, mas sim ligada intimamente à noção cristã de salvação (Veja o The Cult of Saints: Its Rise and Function in Latin Christianity).).

Quando entendi a posição católica sobre a salvação, a Igreja e os santos, os dogmas marianos também pareciam se encaixar. Se o coração da fé cristã é a união de Deus com a nossa natureza humana, a Mãe da natureza humana tem um papel extremamente importante e único em toda a história. Por isso, os Padres da Igreja sempre celebrou Maria como a segunda Eva. O seu "sim" a Deus na anunciação desfez o "não" de Eva no jardim. Se é apropriado venerar os santos e mártires da Igreja, quanto mais é apropriado dar honra e veneração a aquela que tornou possível nossa redenção?

No momento em que eu terminei meu doutorado, eu tinha revisto completamente a minha compreensão da Igreja Católica. Vi que a sua doutrina sacramental, a sua visão da salvação, sua veneração a Maria e aos santos, e suas reivindicações de autoridade eram todas fundamentada nas Escrituras, nas tradições mais antigas, e no claro ensino de Cristo e dos apóstolos. Eu também percebi que o protestantismo era uma massa confusa de inconsistências e lógica torturante. Não só era falsa doutrina protestante, mas uma deturpação que não poderia ela mesmo permanecer inalterada. Quanto mais eu estudava, mais eu percebia que a minha herança evangélica tinha se movido para longe não só do cristianismo primitivo, mas também do ensino de seus próprios fundadores protestantes.

Os modernos Evangélicos americanos ensinam que a vida cristã começa quando você "convida Jesus para entrar em seu coração." Conversão pessoal (o que eles chamam de "nascer de novo") é visto como a essência e o começo da identidade cristã. Eu sabia que a partir de minha leitura dos Padres que este não era o ensino da Igreja primitiva. Eu aprendi a estudar os reformadores que este não era o mesmo ensino dos primeiros protestantes. Calvino e Lutero tinham inequivocamente identificado o batismo como o início da vida cristã. Eu olhei em vão em suas obras para qualquer exortação a "nascer de novo." Eu também aprendi que não eles não descartaram a Eucaristia como sem importância, como eu fiz. Enquanto eles rejeitaram a teologia católica sobre os sacramentos, ambos continuaram a insistir que Cristo está realmente presente na Eucaristia. Calvino mesmo ensinou em 1541 que uma compreensão adequada da Eucaristia é "necessária para a salvação." Ele não sabia nada do Cristianismo “nascido de novo” individualista no qual eu tinha crescido.

Eu terminei a meu doutorado em Dezembro de 2002. Os últimos anos de meus estudos foram realmente negros. Mais e mais, pareceu-me que os meus planos foram ficando desequilibrados e meu futuro obscuro. Minha confiança foi fortemente abalada e eu realmente duvidava ou não, que poderia acreditar em qualquer coisa . Catolicismo começou a me parecer como a interpretação mais razoável da fé cristã , mas a perda da minha fé infância foi demolidora . Orei por orientação. No final, eu creio que foi a graça que me salvou. Eu tinha uma esposa e quatro filhos , e Deus finalmente me mostrou que eu precisava de mais do que livros em minha vida. Sinceramente, eu também precisava de mais do que "somente a fé” . " Eu precisava de ajuda real para viver a minha vida e travar uma batalha com os meus pecados . Achei isso nos sacramentos da Igreja. Em vez de " Somente a Escritura :" Eu precisava de orientação verdadeira de um professor com autoridade. Achei isso no Magistério da Igreja . Eu descobri que eu precisava de toda a companhia dos santos no céu - não apenas seus livros sobre a terra. Em suma, eu achei que a Igreja Católica foi idealmente formada para atender as minhas reais necessidades espirituais . Além da verdade , descobri Jesus em Sua Igreja , através de Sua Mãe, em toda a companhia dos Seus santos. Entrei na Igreja Católica em 16 de novembro de 2003. Minha esposa também teve sua própria jornada para as profundezas da Igreja e hoje minha família está feliz e entusiasmada na Igreja Católica. Agradeço aos meus pais por me mostrarem a Cristo e as Escrituras. Agradeço a Santo Agostinho por ter me apontado a Igreja.

[1] “Evangelicals and Catholics Together” é um documento ecumênico de 1994 assinado pelos principais estudiosos evangélicos e católicos dos Estados Unidos. Os co-signatários do documento foram Charles Colson e Richard John Neuhaus, representando cada lado da discussão. Muitos evangélicos apreciaram o objetivo do acordo social no documento ECT, embora ainda estivessem em oposição a parte teológica do documento, devido as discordâncias entre Católicos e Evangélicos no que tange a Sola Fide [ Nota do Tradutor ].

Texto original : http://chnetwork.org/2012/02/a-protestant-historian-discovers-the-catholic-church-conversion-story-of-a-david-anders-ph-d/

Tradução : Arthur Olinto