sábado, 18 de novembro de 2017

Cardeal Tempesta adverte sobre inclusão da ideologia de gênero em iminente aprovação da BNCC


RIO DE JANEIRO, 14 Nov. 17 / 07:00 am (ACI).- Frente à iminente votação da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), que em seu formato atual inclui a ideologia de gênero, o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta fez um alerta sobre os riscos que decorrem de tal ideologia e convocou a sociedade a reagir.
“O tempo urge!”, alertou o Purpurado em um recente artigo intitulado “‘Ideologia de gênero’ na BNCC, do MEC”.
No texto, exortou a refletir “com atenção a respeito do tema e, dentro da lei e da ordem – meta importante a todo fiel cristão –, reajamos alertando os próximos e assinando campanhas contrárias a essa introdução na BNCC”.
Segundo o Cardeal Tempesta, caso o decreto da BNCC seja “deixado com as menções sobre a ideologia de gênero, nos deixará à mercê de um futuro perigoso para a nossa civilização”.
“As pessoas sensatas, cientistas e também de fé já alertaram sobre esse erro perigoso e que agora temos a ameaça de ser imposta sobre a nossa cultura uma ideologia que destrói a sociedade em vista de uma dominação ditatorial”, advertiu.
A ideologia de gênero e a educação no Brasil já estiveram no foco dos debates nos últimos anos em razão do Plano Nacional e dos Planos Municipais de Educação, tendo sido rejeitada na grande maioria desses, incluindo o nacional.
Entretanto, conforme recordou o Arcebispo do Rio de Janeiro, “mesmo sendo rejeitado amplamente em quase todas as Assembleias legislativas do Brasil, a Ideologia de gênero vai entrando pelo judiciário ou por decretos executivos”.
Diante disso, reforçou a importância do “nosso posicionamento neste momento crucial da história de nossa nação” e convidou “todos os homens e mulheres, que tomarem conhecimento deste momento histórico, a uma decisão firme e participativa (como muito se prega em qualquer democracia) em favor do futuro próximo e remoto das novas gerações, por conseguinte, da família e de toda a Humanidade ameaçada”.
Como explicou o Cardeal, a ideologia de gênero se trata de uma teoria “antinatural” que afirma a existência de um “sexo psicológico ou o gênero que poderia ser construído livremente pela sociedade na qual o indivíduo está inserido e não em conformidade com a Biologia”.
“Essa teoria – pontuou – faz parte de um conjunto maior de ideias que se destinam a descontruir a sociedade atual em vista de uma anarquia geral” e “é isso que se pretende ensinar nas escolas de todo o Brasil” com a BNCC.
Esta é uma “forma de (des)educação” que se mostra “totalmente contrária aos planos de Deus e à própria ciência”.
O Purpurado recordou “a raiz marxista e ateia desse sistema ideológico”, conforme foi sublinhado em 1998 em nota emitida pela Conferência Episcopal do Peru com o título ‘La ideologia de género: sus peligros y alcances’.
Trata-se, indicou, de uma ideologia que “é contra Deus, autor da Lei natural moral e física, que criou homem e mulher”.
Sobre ela, a Igreja vem alertando, conforme lembrou o Arcebispo, ao citar o Papa Bento XVI, o qual via o “termo ‘gênero’ como nova filosofia da sexualidade”, na qual “homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem”.
Também o Papa Francisco lançou suas advertências sobre tal ideologia, ao afirmar em uma Audiência Geral em 2015 que “a chamada teoria do gênero não é expressão de uma frustração e resignação, com a finalidade de cancelar a diferença sexual por não saber mais como lidar com ela” e que, “para resolver seus problemas de relação, o homem e a mulher devem dialogar mais, escutando-se, conhecendo-se e amando-se mais”.
Entretanto, ressaltou, não partem apenas da Igreja os argumentos contrários à ideologia de gênero e, como exemplo, citou uma declaração do Colégio de Pediatras dos Estados Unidos, na qual afirmam que “condicionar as crianças a crerem que é normal e saudável uma vida inteira de personificação química e cirúrgica do sexo oposto é abuso infantil”.
Segundo defende esta mesma declaração dos pediatras, “são os fatos e não a ideologia que determinam a realidade”, ou seja, “a sexualidade é um traço biológico objetivo”.

Ex adventista e agora freira católica: “Eu odiava a Igreja mas me apaixonei pelo Santíssimo”

   
Mireily Rodríguez Vargas é uma jovem porto-riquenha que mudou seu nome por irmã Maria Faustina quando professou seus votos como dominicana no convento de Nossa Senhora do Rosário de Fátima no Texas (EEUU). Mas sua vocação chegou depois de uma conversão dura, depois de haver estado sob a influência dos ensinamentos dos adventistas. Quando descobriu a verdade sobre a Igreja Católica se lhe abriu um mundo que a fascinou a tal ponto que decidiu entregar sua vida por completo.
Foi criada em uma família católica mas não demasiado praticante e eram seus companheiros de colégio que lhe diziam que a Virgem Maria havia tido mais filhos, até chegar a convencer-se disso. Aos 16 anos depois de um duro acontecimento familiar apareceram em sua vida os adventistas. “Por insistência de um familiar, comecei a ir a encontros com eles. A princípio consistia em contestar as perguntas de uns folhetos, logo o pastor veio a dar-nos o ensino pessoalmente, creio que era uma vez por semana”, recorda.
O ódio à Igreja e ao Papa
Depois disto, foi enviada a um seminário denominado “Descobrindo a verdade”. Conta a irmã Maria Faustina que “tratava de como a Igreja Católica era a ‘grande meretriz do Apocalipse’ e o Santo Padre, ‘a besta do profeta Daniel”.
Uma vez que concluiu este seminário, tocava ser “batizada” como adventista. A jovem estava muito confusa mas “não pensava assim sobre a Igreja Católica”. Finalmente, uma amiga sua decidiu não batizar-se pelo que ela tomou a mesma decisão.
A importante obra de sua avó
Foi sua avó quem finalmente tomou conhecimento do assunto e afastou os adventistas de sua neta e acudiu a uma Igreja Católica para que pudesse aprender o catecismo. Porém, o tempo que havia passado em contato com os adventistas havia feito cicatrizes nela. “Já não amava a Virgem Maria, à qual tinha devoção de pequena”, conta em seu testemunho. Ademais, adiciona que nesse momento “pensava que não necessitava ir à Igreja, porque um lugar de quatro paredes com Bíblia e Água Benta podia ser meu quarto”. Inclusive, cria que “os quadros, mesmo os não religiosos, eram idolatria, pelo que havia aprendido com os Adventistas sobre os 10 mandamentos.
Tudo mudou com a catequese de adultos
Porém, em 2007, conseguiu iniciar a catequese de adultos. “Minha vida mudou. Através da catequese do sacerdote encarregado, de uma religiosa e toda a equipe de catequistas que acompanhavam ao programa, comecei a aprender muito, a questionar-me coisas sobre a fé”, relata a própria Maria Faustina.
Enquanto isso, sua avó continuava perseverando e acompanhava a sua neta à missa todos os domingos, sem exceção. “Comecei a ver a Deus como um pai amoroso”; e sua vida começou a mudar, motivo pelo qual “se afastaram muitos amigos e comecei a ter problemas com um noivo que tinha naquele momento”.
A bela lembrança de sua primeira comunhão
Assim chegou sua primeira confissão durante um Domingo de Ramos que. segundo define ela mesma, foi “como sacar muitos cravos de meu coração” pelo que “me senti outra pessoa”. E n a Vigilia Pascal chegou por fim sua primeira comunhão, que “foi um momento tão belo, único de sentir a meu Deus pela primeira vez em mim. Desde esse dia me senti mais unida a Deus, de uma forma diferente. Minha forma de ver a vida mudou, para vê-la um pouco mais sobrenatural”.
Tudo o que guardava em seu interior que aprendeu com os adventistas ia desaparecendo.
A descoberta da Adoração
Enquanto isso, ela continuava descobrindo fascinada a beleza da Igreja Católica: “Em minha vida espiritual, começava por aquele momento a descobrir a Jesus no Sacrário e na Exposição. Me chamava tanto a atenção ver a tanta gente ajoelhada ali que me propus ir um dia. Qual foi minha surpresa que ao chegar, senti algo que me pus de joelhos e comecei a chorar porque senti uma presença tão grande, tão santa e superior a mim que preenchia todo meu ser. Desde esse dia, Jesus Eucarístico foi o amor de minha vida”.
Pouco depois se produziu outro acontecimento chave na vida desta jovem, pois começou a abrir nela a vocação. E é que buscando livros católicos, se topou um dia com o diário de Santa Faustina. “Me deu a curiosidade de ver que escreveria uma freira. Quando comecei a ler, me enamorei de sua espiritualidade, sua forma de tratar ao Esposo de sua alma. Me encheu o coração quando li sua história vocacional e me preguntei o que faria se Jesus chamasse a mim também”.
“Jamais serei freira”
Esta foi a primeira vez que rondou por sua cabeça a ideia da vocação à vida religiosa. Mas o medo podia mais, pelo que tentou enterrar esses sentimentos. De pronto também começaram a perguntar se havia pensado em ir a um convento por o que se fechou em si mesma e uma e outra vez respondia que “jamais serei freira”.
Mas a vida que levava não a preenchia. Nem seu trabalho, nem seus amigos conseguiam encher o que só Deus podia fazer. E de novo passou por sua cabeça a ideia da vocação até que por fim aceitou ir a um dos encontros vocacionais os quais antes havia rejeitado acudir em numerosas ocasiões.
As palavras do profeta Jeremias
O que escutou naquele encontro tocou profundamente esta jovem porto-riquenha. A mesma passagem de Jeremias que diz “antes de formar-te no ventre materno, eu te conhecia; antes de que saísse do seio, eu te havia consagrado…” a perseguia por todos lados e aparecia em todo momento, em sua música, na Igreja, nas leituras que abria ao acaso…
Ali se convenceu de que Deus a chamava para a vida consagrada, embora seguia resistindo. Teve dois sonhos sobre a vocação e com a ajuda de seu diretor espiritual pode interpretá-los. “Sonhava que pedia para entrar em uma congregação e me diziam que ali não era e me davam um véu negro. O sacerdote me dizia que era a Ordem Dominicana, mas eu resistia”, conta irmã Maria Faustina.
A clara mensagem da Virgem
Ao final, ela se encomendou a Santa Faustina e Santa Teresinha para que lhe ajudassem a discernir sua vocação, além de realizar a Consagração à Virgem durante 33 dias. “Mamãe Maria não se fez esperar e uma manhã amanheci com a certeza de que Deus me chamava e que ia entrar para o convento das Irmãs Dominicanas de Nossa Senhora do Rosário de Fátima”.
Deus fez tudo muito fácil desde aquele momento e agora ela, irmã Maria Faustina, é feliz neste convento texano. “Deus fez maravilhas em minha vida, me fez uma nova criatura e, apesar de meus pecados e defeitos, faz sua obra em mim para tornar-me uma esposa santa para sua Glória”, conclui esta religiosa.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Nota de repúdio dos bispos do Regional CNBB NE1-Ceará diante do escárnio público contra os símbolos sagrados

Nota de repúdio
Nós, bispos do Regional CNBB NE1-Ceará, reunidos em Conselho Episcopal Regional, manifestamos a nossa indignação e repúdio diante do escárnio público contra os nossos símbolos mais sagrados (Crucifixo, hóstia, imagem da Padroeira do Brasil) e contra valores fundamentais da vida humana. Ataques violentos e explícitos à família e à religião cristã têm sido feitos através de espetáculos de péssima qualidade que visam à apologia de práticas de sexualidade pervertida e anormal.
A Igreja não prega nem defende discriminação ou preconceito de qualquer natureza. Mas, comprometida com a verdade, defende e promove os valores humanos e cristãos, cumprindo assim, as exigências do Evangelho de Cristo.
Seríamos ingênuos ao pensar que esses últimos episódios (Exposição Queermuseu no Santander Cultural em Porto Alegre – RS, o artista nu que rala a imagem de Nossa Senhora Aparecida durante ‘perfomance’, em Brasília), dada à sua natureza e à evidência dos seus objetivos, não são apenas verdadeiros crimes de vilipêndio, o que já seria muito grave, pois o próprio Código penal os tipifica assim (Artigo 208). Trata-se de um verdadeiro projeto estrutural, profundo e nefasto, de desmonte dos nossos mais preciosos valores humanos e cristãos, através da banalização do matrimônio, da ideologia de gênero, da legalização do aborto, da liberação das drogas, da relativização dos valores morais nascidos do Evangelho e ensinados pelo Magistério da Igreja.
Por isso, denunciamos e repudiamos:
O “ataque explícito” aos valores humanos e cristãos da imensa maioria do povo brasileiro. Pois em nome de uma “liberdade” de imprensa, cultural, intelectual, artística impõe o desejo de uma minoria a toda uma coletividade.
O incentivo, patrocínio, promoção e “doutrinação” em massa, realizada diuturnamente em novelas, programas de “entretenimento” e da imposição ilegal, por órgãos governamentais e organizações não-governamentais, muitas destas de âmbito internacional;
A colonização ideológica, como alerta o Santo Padre, o papa Francisco: “Na Europa, nos Estados Unidos, na América Latina, na Africa, em alguns países da Ásia, existem verdadeiras colonizações ideológicas. E uma delas – digo-a claramente por nome e sobrenome” – é a ideologia de gênero (gender). Hoje às crianças às crianças -, na escola, ensina-se isto. O sexo, cada um pode escolhê-lo. E por que ensinam isto? Porque os livros são os das pessoas e instituições que lhes dão dinheiro”(Discurso aos Bispos da Polônia, 27.08.2015).
Portanto, convocamos todos os cristãos e pessoas de boa vontade a resistirem e protestarem contra todas as formas de destruição dos valores cristãos e da família, fazendo chegar a expressão do seu repúdio e indignação aos patrocinadores de tais campanhas e aos meios de comunicação que as veiculam.
Acreditamos numa sociedade justa e fraterna, possível apenas no compromisso com a vida, e vida em plenitude (Jo 10,10).
Que Deus nos fortaleça nessa árdua tarefa e a Querida Mãe Aparecida continue a interceder por todos nós.
Fortaleza, 18 de outubro de 2017
Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo da Arquidiocese de Fortaleza – CE
Dom Rosalvo Cordeiro de Lima
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza – CE
Dom Ailton Menegussi
Bispo da Diocese de Crateús-CE
Dom Gilberto Pastana de Oliveira
Bispo da Diocese de Crato – CE
Dom Edson de Castro Homem
Bispo da Diocese de Iguatu – CE
Dom Antônio Roberto Cavuto
Bispo da Diocese de Itapipoca – CE
Dom André Vital Félix da Silva
Bispo de da Diocese Limoeiro do Norte
Dom Angelo Pignoli
Bispo da Diocese de Quixadá – CE
Dom José Luiz Gomes de Vasconcelos
Bispo da Diocese de Sobral – CE
Dom Francisco Edimilson Neves Ferreira
Bispo da Diocese de Tianguá – CE
Segue carta em PDF com as assinaturas dos Bispos: Nota CONSER out – 17
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)Regional Nordeste 1Rua Felino Barroso, 405
Fátima- 60050-130- Fortaleza – Ceará –
Caixa Postal, 126 – CEP 60001-970
Fone: – (85) 3252.4046
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E-mail: cnbbne1@veloxmail.com.br

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

História de Nossa Senhora Aparecida


Em síntese: Em 1717 três pescadores, após frustrada tentativa de apanhar peixes no rio Paraíba do Sul perto de Guaratinguetá (SP), colheram em suas redes o corpo de uma estátua de Maria SS. e, depois, a cabeça da mesma. A este fato se seguiu farta pescaria, que surpreendeu os três homens. Tendo limpado e recomposto a imagem, expuseram-na à veneração dos fiéis em casas de família. Verificaram-se, porém, alguns portentos, que chamaram a atenção do Pe. José Alves Vilela, pároco de Guaratinguetá. Este então decidiu construir para a Santa Mãe uma capela capaz de satisfazer ao crescente número de devotos da Virgem. Tal capela foi substituída por outra maior no morro dos Coqueiros em 1745, morro que tomou o nome de “Aparecida” (hoje cidade de Aparecida do Norte). Em 1846 foi iniciada a construção de templo mais vasto, que ainda hoje subsiste. No ano de 1980 foi concluída monumental basílica, alvo de peregrinações numerosas durante o ano inteiro. Em 1930 o Brasil foi solenemente consagrado a Nossa Senhora Aparecida pelo Cardeal D. Sebastião Leme na presença do Sr. Presidente da República e de numerosas autoridades religiosas, civis e militares.
Os acontecimentos de fins de 1995 chamaram a atenção para Maria Santíssima tal como é venerada em Aparecida do Norte (SP) e no Brasil inteiro na qualidade de Padroeira do nosso país. Sabe-se que tal devoção se deve a uma pesca surpreendente cercada de fatos extraordinárias, que suscitaram a piedade dos fiéis da região de Guaratinguetá e, posteriormente, a da população de todo o Brasil. Em 1930 a Virgem Santíssima foi proclamada Padroeira do Brasil sob o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (ou Nossa Senhora Imaculada em sua Conceição e Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul).¹
Já que versões diversas correm sobre o desenrolar dessas aparições e os atos subsequentes, apresentaremos, a seguir, a genuína história dos eventos registrados.
1. Aparição e as primeiras manifestações populares (1717-1745)
Como se deu a manifestação de Nossa Senhora Aparecida?
Eis o que relatam os documentos históricos:
Em princípios do séc. XVIII lutas, por vezes sangrentas, agitavam os exploradores dos veios de ouro em Minas Gerais.
Em março de 1717, embarcou em Lisboa, com destino ao Rio, Dom Pedro de Almeida e Portugal, Conde de Assumar, que vinha substituir Dom Braz Balthasar da Silveira no governo da Capitania de São Paulo e Minas.
Chegando ao Rio em junho de 1717, o Conde de Assumar mostrou-se logo interessado em conhecer a situação da sua capitania. Seguiu, pois, em agosto para São Paulo, sede do governo respectivo, do qual tomou posse aos 4 de setembro do mesmo ano. Em vista, porém, dos tumultos registrados em Minas por motivo das minas de ouro. Dom Pedro de Almeida e Portugal resolveu dirigir-se ao local das desordens. Partiu, portanto, de São Paulo aos 25 ou 26 de setembro de 1717, deixando como substituto nessa cidade Manoel Bueno da Fonseca, oficial de grande patente.
Após cerca de 17 dias de viagem, isto é, aos 11 ou 12 de outubro de 1717, chegava o Conde de Assumar, com sua comitiva, à região de Guaratinguetá. Entre os acontecimentos faustosos que então se deram relatam os manuscritos da época o seguinte:
“A Câmara da Vila notificou então os pescadores que apresentassem todo o peixe que pudessem haver para o dito governador.
Entre muitos, foram pescar em suas canoas Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso e, principiando a lançar suas redes no porto de José Corrêa leite, continuaram até o porto de Itaguassú, distância bastante, sem tirar peixe algum. E lançando neste porto João Alves a sua rede, de rasto tirou o corpo da Senhora, sem cabeça, e, lançando mais abaixo outra vez a rede, tirou a cabeça de mesma Senhora, não se sabendo nunca quem ali a lançasse.
E, continuando a pescaria, não tendo até então peixe algum, dali por diante foi tão copiosa em poucos lances que, receosos de naufragarem pelo muito peixe que tinham nas canoas, ele e os companheiros se retiraram a suas moradas, admirados deste sucesso” (cf. Marcondes Homem de Mello, Álbum da Coroação. Brasílio Machado, A Basílica de Aparecida).
Eis o que referem os documentos mais antigos em torno do aparecimento da Virgem.
A título de ilustração, pode-se acrescentar que o porto de José Corrêa Leite, donde partiram os três mencionados pescadores, se achava à margem esquerda do rio Paraíba no bairro Tetequera (município de Pindamonhangaba). A imagem encontrada media 38 cm de altura e apresentava cor bronzeada.
Impressionados pelo fenômeno, principalmente pela pesca portentosa que se seguiu à descoberta da estátua, os três mencionados pescadores limparam com grande cuidado a imagem, e verificaram que representava Nossa Senhora da Conceição, que o povo sem demora passou a chamar “Senhora Aparecida”. Felipe Pedroso conservou a imagem em sua casa durante vários anos; por fim, resolveu dá-la a seu filho Atanásio, que morava em Itaguassú, porto onde se dera o encontro da estátua. Atanásio, movido então pela sua fé, ergueu um pequeno oratório, onde depositou a venerável efígie; aí começou o povo da vizinhança a reunir-se aos sábados à noite, a fim de rezar o santo rosário e praticar as suas devoções.
Certa vez, durante uma dessas práticas aconteceu que, embora a noite estivesse muito calma, de repente se apagaram as velas que alumiavam a imagem da Senhora. Os fiéis, querendo reacendê-las, verificaram com surpresa que elas por si, sem intervenção de alguém, se reacenderam.
Foi este o primeiro prodígio registrado em torno da Senhora Aparecida. O mesmo portento se repetiu em outras ocasiões, chegando a notícia ao conhecimento do pároco de Guaratinguetá, Pe. José Alves Vilela. O sacerdote decidiu então construir para a estátua uma capelinha mais ampla, capaz de satisfazer ao crescente número dos devotos da Virgem, a qual ia multiplicando graças a benefícios sobre os fiéis. Em breve, também essa capelinha se tornou pequena demais. Foi preciso pensar em nova construção em lugar mais elevado que a margem do rio. Escolhido o morro dos Coqueiros, o mais vistoso e acessível dos que margeiam o Paraíba, começou-se ali em  1743 a edificação de novo santuário, com a provisão do bispo do Rio de Janeiro, Dom Frei João da Cruz; aos 26 de julho de 1745, a obra terminada foi devidamente benta, dando lugar à celebração da primeira Missa. Doravante o morro e suas cercanias tomaram o nome de “Aparecida”, designação até hoje conservada. “Aparecida do Norte” é designação popular, pois a cidade fica a sudeste do Estado de São Paulo.
Entre os milagres que muito provocavam o fervor do povo, conta-se o do escravo, ocorrido por volta de 1790 e famoso nos tempos subseqüentes. Segundo a versão mais abalizada, as correntes se soltaram das mãos do escravo, quando este implorava a proteção de Nossa Senhora Aparecida diante da respectiva imagem. Eis como o refere o Pe. Claro Francisco de Vasconcelos pelo ano de 1838:
“Um escravo fugitivo, que estava sendo conduzido de volta à fazenda pelo seu patrão, ao passar pela Capela, pediu para fazer oração diante da Imagem. Enquanto o escravo estava em oração, caiu repentinamente a corrente, deixando intato o colar que prendia seu pescoço. A corrente se encontra até hoje pendente da parede do mesmo Santuário como testemunho e lembrança de que Maria Santíssima tem suprema autoridade para desatar as prisões dos pecadores arrependidos. Aquele senhor, tocado pelo milagre, ofereceu a Nossa Senhora o preço dele e o levou para casa com uma pessoa livre, a fim de amar e estimar aquele seu escravo como pessoa protegida pela soberana Mãe de Deus” (relato extraído da obra de Júlio J. Brustoloni, A Mensagem da Senhora Aparecida, Ed. Santuário, Aparecida, SP, 1994).
2. De 1745 aos nossos dias: A Dedicação do Brasil à Virgem SS.
A nova igreja foi diversas vezes reformada e aumentada, até que em 1846 foi iniciada a construção de um templo ainda mais vasto. Os trabalhos, porém, diversas vezes interrompidos, só chegaram a termo em 1888; aos 8 de dezembro desse ano, Dom Lino Deodato de Carvalho, oitavo bispo de São Paulo, procedeu à bênção do novo santuário, que até nossos dias subsiste em Aparecida, ornado com o título de “Basílica Menor”, título concedido por S. Pio  X aos 29 de abril de 1908.
Para atender aos numerosos grupos de peregrinos que afluíam ao local, o mesmo prelado obteve a vinda dos RR. PP. Redentoristas, os quais desde 1894 têm a seus cuidados o santuário e a respectiva cura pastoral.
Aos 8 de setembro de 1904, realizou-se a solene coroação de Nossa Senhora Aparecida, com a participação do Sr. Núncio Apostólico Dom Júlio Tonti, do representante do Presidente da república, do Episcopado do Brasil Meridional e de grande multidão de sacerdotes e fiéis.
Finalmente, o S. Padre Pio XI houve por bem acolher o pedido da hierarquia e dos fiéis, que desejavam fosse Nossa Senhora Aparecida proclamada Padroeira principal de todo o Brasil. Aos 16 de julho de 1930 publicava S. Santidade o seguinte “Motu proprio”:
“…Por conhecimento certo e madura reflexão Nossa, na plenitude de Nosso poder apostólico, pelo teor das presentes letras, constituímos e declaramos a mui Bem-aventurada Virgem Maria concebida sem mancha, sob o título de “Aparecida”, Padroeira principal de todo o Brasil diante de Deus. Este padroado gozará dos privilégios litúrgicos e das outras honras que costumam competir aos Padroeiros principais de lugares ou regiões. Concedendo isto para promover o bem espiritual dos fiéis no Brasil e aumentar cada vez mais a sua devoção à Imaculada Mãe de Deus, decretamos que cada vez mais a sua devoção à Imaculada Mãe de Deus, decretamos que as presentes letras estejam e permaneçam sempre firmes, válidas e eficazes, surtindo seus plenos e inteiros efeitos”.
Este decreto pontifício foi publicado na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, fazendo-se a consagração do Brasil à Virgem Ssma., com grande júbilo dos fiéis.
No ano seguinte, o mesmo ato se repetiu em termos mais solenes na capital da República. A imagem da Virgem foi, sim, entusiasticamente levada de Aparecida para o Rio de Janeiro, onde percorreu em procissão o centro da cidade aos 31 de maio de 1931. Finalmente na Esplanada do Castelo, em presença do Sr. Presidente da república, de altas autoridades civis e militares, de numerosas divisões das Forças Armadas, do Episcopado Brasileiro e de enorme multidão de fiéis, o Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro proferiu o ato de consagração de todo o Brasil a Nossa Senhora Aparecida, recomendando à Excelsa Padroeira todos os interesses e as necessidades da pátria.
Este ato, que mereceu os aplausos da opinião pública em geral, estava bem na linha de venerável tradição da nação brasileira, a qual sempre mostrou especial devoção à Virgem Imaculada. Entre outros fatos expressivos dessa estima, pode-se notar que, ao proclamar a independência do Brasil, D. Pedro I, o primeiro Imperador, confirmando aliás antiga provisão de Sua Majestade o rei de Portugal do ano de 1646, declarou a Virgem da Conceição Padroeira do Brasil.
Numerosos são os relatos de milagres que tanto a imprensa como a voz do povo atribuem à Virgem Aparecida. As autoridades eclesiásticas não se empenham por definir a autenticidade de tais portentos, nem mesmo a dos episódios concernentes à aparição da Senhora Imaculada no porto de Itaguassú em 1717. Doutro lado, não vêem razão para se opor à devoção de Nossa Senhora Aparecida: ao contrário, esta tem produzido os melhores frutos, espirituais e corporais, no povo brasileiro. É por isto que os Srs. Bispos têm mesmo patrocinado e fomentado a piedade para com a Excelsa Padroeira do Brasil. Contudo, a bem da verdade, deve-se notar que tal atitude favorável é independente de qualquer pronunciamento da autoridade eclesiástica sobre a genuinidade dos prodígios que se narram em torno da Virgem e do Santuário de Aparecida.
A Santa Igreja de modo nenhum entende fazer de tais relatos matéria de fé; deixa, antes, a cada um de seus filhos a liberdade de ponderar o grau de autoridade que merecem os respectivos documentos (o que de resto não desmerece o valor de autenticidade que realmente possa caber a tais episódios).
A presença do sobrenatural em Aparecida exigiu que se empreendesse a construção de nova e mais vasta Basílica. Esta, iniciada em 1955 sob os auspícios do Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, estava concluída, com todas as suas capelas e quatro naves, em 1980. A área construída é de 23.000 m² e a área coberta mede 18.000 m². A lotação normal é de 45.000 pessoas, podendo a lotação máxima chegar a 70.000 pessoas. Até hoje são relatados milagres e favores de ordem física obtidos por intercessão de Nossa Senhora Aparecida em seu Santuário; todavia o que mais importa aí, são os numerosos casos de conversão espiritual e reencontro da paz interior alcançada pelo patrocínio de Maria SSma.
O fato de que a imagem da Senhora Aparecida tem a cor preta, tem sido objeto de comentários… Na verdade, o fenômeno se explica bem pela longa permanência da estátua dentro da água do rio. Na época da descoberta o fato não deve ter tido a repercussão e importância que hoje lhe querem atribuir.
A propósito recomenda-se a leitura do livro do Pe. Júlio J. Brustoloni: A Mensagem da Senhora Aparecida, Ed. Santuário, Rua Padre Claro Monteiro, 342, Aparecida (SP), 1994.
______________
¹ O título “Nossa Senhora Aparecida” designa a Santíssima Mãe de Deus tal como ela apareceu na localidade do Estado de São Paulo que hoje traz o nome de “Aparecida do Norte” (nas proximidades de Pindamonhangaba e Guaratinguetá). Lá Nossa Senhora se manifestou com as notas que, na arte sacra, a caracterizam como imaculada em sua conceição; daí dizer-se comumente “Nossa Senhora da Conceição Aparecida”. – A mesma Virgem Ssma., tendo-se manifestado em Fátima, é chamada “Nossa Senhora de Fátima”; tendo aparecido em Lourdes, é dita “Nossa Senhora de Lourdes”, etc. Tais denominações não supõem diversas “Nossas Senhoras”, mas significam sempre a mesma Santa (“Santa Maria, Mãe de Deus …”), apenas invocada sob títulos diferentes.
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Nº 405 – Ano 1996 – p. 72

Papa Francisco: Ideologia de gênero procura apagar diferenças entre homem e mulher


Vaticano, 05 Out. 17 / 04:30 pm (ACI).- O Papa Francisco criticou a ideologia de gênero ao denunciar que se reabriu “o caminho para a dignidade da pessoa neutralizando radicalmente a diferença sexual e, portanto, a compreensão do homem e da mulher não é correta”.
“Em vez de contrastar as interpretações negativas da diferença sexual, que mortificam seu valor irredutível para a dignidade humana, deseja-se cancelar o fato de tal diferença, propondo técnicas e práticas que a tornam irrelevante para o desenvolvimento da pessoa e para as relações humanas”.
Em um encontro com a Assembleia Plenária da Pontifícia Academia para a Vida, no Vaticano, presidida por Dom Vincenzo Paglia, o Papa fez uma entusiasmada defesa da vida e alertou contra movimentos que tentam mudar sua realidade.
Francisco criticou que “a utopia do ‘neutro’, remove seja a dignidade humana da constituição sexualmente diferente, seja a qualidade pessoal da transmissão generativa da vida”.
“A manipulação biológica e psíquica da diferença sexual, que a tecnologia biomédica permite vislumbrar como totalmente disponível à escolha da liberdade – emquanto não o é! – corre o risco assim de desmontar a fonte de energia que alimenta a aliança do homem e da mulher e a torna criativa e fecunda”.
O Bispo de Roma também deixou claro que, quando recebemos a vida como um dom, esta “nos regenera”, porque “nos enriquece”, e advertiu que, se essa realidade for rechaçada, “a nossa história não será renovada”.
Além disso, pediu para cuidar dos diversos estágios da vida, especialmente as crianças e idosos. “Uma sociedade na qual tudo isso só pode ser comprado e vendido, burocraticamente regulado e tecnicamente predisposto, é uma sociedade que já perdeu o sentido da vida”.
Em sua opinião, por isso “constroem cidades cada vez mais hostis às crianças, e comunidades mais inóspitas para os idosos, com muros sem portas e janelas” que, em vez de “proteger, na verdade sufocam”.
Fratura geracional
Por outro lado, o Pontífice refletiu sobre as novas tecnologias e a sua relação com a vida e falou acerca do “poder” das biotecnologias, “que agora permitem manipulações da vida até ontem impensáveis”.
“É urgente intensificar o estudo e o confronto sobre os efeitos de tal evolução da sociedade no sentido tecnológico para articular uma síntese antropológica que esteja à altura deste desafio do nosso tempo”.
“A inspiração de condutas coerentes com a dignidade humana diz respeito à teoria e à prática da ciência e da técnica em sua abordagem em relação à vida, ao seu sentido e valor”.
Francisco denunciou que o homem parece estar “na rápida disseminação de uma cultura obsessivamente centrada na soberania do homem em relação à realidade”.
Em seguida, denunciou a “egolatria”, isto é, “uma verdadeira adoração do ego”. “Esta perspectiva não é inofensiva, mas ela plasma um sujeito que olha constantemente para o espelho, até se tornar incapaz de dirigir o olhar para os outros e para o mundo”.
Além disso, denunciou o “materialismo tecnocrático” do qual sofrem mulheres e crianças em todo o mundo e reafirmou a ideia de que “um autêntico progresso científico e tecnológico deveria inspirar políticas mais humanas”.
Diante desta situação, “o mundo precisa de crentes que, com seriedade e alegria, sejam criativos e propositivos, humildes e corajosos, resolutamente decididos a recompor a fratura entre as gerações”.
“A condição adulta é uma vida capaz de responsabilidade e amor, seja em direção da geração futura seja em direção daquela passada. A vida dos pais e das mães em idade avançada, espera-se, seja honrada pelo que generosamente deu, não ser descartada por aquilo que não tem mais”.
Teologia da Criação
Francisco sublinhou a importância de uma teologia da Criação e da Redenção que “saiba se traduzir em palavras e gestos do amor por cada vida e por toda vida”.
Por isso, recordou que o relato bíblico da Criação precisa ser “reeleito novamente” para “apreciar toda a amplitude e profundidade do gesto do amor de Deus que confia à aliança do homem e da mulher na criação”.
“Esta aliança certamente é selada pela união de amor, pessoal e fecundo, que marca o caminho da transmissão da vida através do matrimônio e da família”.
O Papa também afirmou que “o homem e a mulher são chamados não apenas a falar-se de amor, mas a falar-se com amor, do que eles devem fazer para que a convivência humana se realize na luz do amor de Deus por cada criatura”.

10 conselhos para rezar o rosário e chegar a Cristo pelas mãos de Maria


REDAÇÃO CENTRAL, 07 Out. 17 / 01:00 pm (ACI).- Neste dia 7 de outubro, a Igreja celebra a Festa de Nossa Senhora do Rosário, quando se apresenta a oportunidade de redescobrir esta oração, que não só mostra os mistérios da vida de Jesus e da Virgem Maria, mas fortalece a vida cristã e concede graças especiais que a Mãe de Deus prometeu à humanidade.
A seguir, confira 10 conselhos práticos para rezar o rosário todos os dias, tirados do livro “O rosário: Teologia de joelhos”, do sacerdote, escritor e funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano, Mons. Florian Kolfhaus:
1. Ter o rosário no bolso
Todo católico deve ter sempre um rosário no seu bolso. Existe o decenário com apenas dez contas e que pode ser transportado facilmente.
Sempre que você procurar um lenço ou a sua chave antes de sair de casa, lembre-se também de levar o rosário de Jesus e Maria.
2. Aproveitar o tempo livre também para rezar
No nosso dia a dia sempre há um “tempo livre” que podemos aproveitar para rezar o rosário: enquanto esperamos a consulta médica, dentro do ônibus, entre outros.
E se por alguma razão uma pessoa não deseja demostrar que é católica praticante em uma “sala de espera”, também pode utilizar suas mãos: temos dez dedos, para contar com eles as Ave Marias.
3. Rezar enquanto se realizam atividades e esporte
Muitas atividades não requerem pensar muito, porque são mais práticas. Enquanto você corta a cebola, estende a roupa no varal ou lava o seu automóvel também pode rezar o rosário. Assim como quando as pessoas que se amam pensam no outro durante as diferentes atividades que realizam, o Rosário ajuda a permanecer em sintonia com o coração de Jesus e de Maria.
Isto também acontece com muitos esportes: correr, andar de bicicleta ou nadar são atividades nas quais é possível rezar o rosário no ritmo da própria respiração (seja em pensamento ou em voz alta se estiver sozinho em um local aberto).
4. As imagens e a música também podem ajudar
O rosário é uma oração contemplativa. Mais importante do que as palavras que usamos é a predisposição do nosso coração para contemplar cada mistério que meditamos.
Para este propósito você pode procurar na internet 5 imagens que te ajudem a contemplar cada passagem da vida Cristo e de Maria. Por outro lado, a música também pode ser útil se for colocada em um segundo plano para encontrar paz.
5. Canalizar nossas distrações para rezar
É difícil encontrar uma oração na qual não haja distrações. Várias vezes surgem pensamentos na nossa mente: a lista de compras, o aniversário de um amigo, uma pessoa que está doente ou uma preocupação. Se lutamos contra este pensamento durante a oração, normalmente é pior.
É melhor reunir estas “distrações” e rezar uma Ave Maria pelas pessoas, pelos amigos e familiares, por nós mesmos e pelos problemas. Deste modo, a oração se torna sincera e pessoal.
6. Rezar pelo outro enquanto nos deslocamos
No caminho para o trabalho ou a escola, tanto em um automóvel como em um ônibus, um trem ou caminhando, é possível rezar o rosário sem ter que abaixar a cabeça e fechar os olhos.
Rezar enquanto nos deslocamos significa dedicar as Ave Marias às pessoas com quem estamos fazendo contato ou vimos durante o dia; também pelas empresas e instituições que estão pelo meu caminho.
Por exemplo, se um médico passar por mim, posso rezar pelas pessoas que serão atendidas por ele.
7. Rezar de joelhos ou peregrinando
O rosário pode ser rezado sempre e em todo lugar. Às vezes, quando é rezado de joelhos ou peregrinando pode chegar a sentir um “desafio físico”. Entretanto, isto não se trata de “torturar-se” ou aguentar o maior tempo possível, mas de perceber que o nosso corpo e alma são para adorar a Deus. Portanto, o rosário também é uma oração de peregrinação.
8. Oferecer cada mistério por uma intenção
Não é necessário rezar o rosário todo de uma vez só. Normalmente pode ser útil oferecer cada mistério por uma intenção especial: pela minha mãe, por um amigo, pelo Papa, pelos cristãos perseguidos. Quanto mais específica for a intenção é melhor. O louvor e o agradecimento a Deus não devem estar ausentes.
9. Rezá-lo em momentos de deserto espiritual
Nós, os cristãos, não somos “iogues” que devemos cumprir com práticas ascéticas para “esvaziar” nossa mente. Embora a nossa relação com Deus esteja acima de qualquer atividade, há também momentos de deserto e aflição nos quais não podemos rezar.
Nestes momentos difíceis, temos que fazer silêncio com o rosário e simplesmente recitar as orações. Isto não é um bate-papo pagão, mas aquela pequena faísca de boa vontade que oferecemos a Deus, pode fazer com que o Espírito Santo avive a chama do nosso espírito.
Em tempos difíceis, pode ser suficiente segurar o rosário sem pronunciar nenhuma palavra. Este estado desventurado ante Deus e a sua Mãe se converte em uma boa oração e certamente não permanece sem resposta.
10. Dormir rezando o rosário
O rosário não deve estar apenas no nosso bolso, mas em cada criado-mudo. Enquanto tentamos conciliar o sono também podemos rezar Ave Marias, é melhor do que contar ovelhas.
Em algumas ocasiões, só as pessoas idosas e doentes se “aferram” ao rosário à noite devido às promessas de segurança, fortaleza e consolo. Entretanto, também nos tempos de alegria devemos fazer esta oração e pedir especialmente por aqueles que sofrem.

sábado, 19 de agosto de 2017

Exorcista fala sobre “Annabelle 2”, suas imprecisões e a ação real do demônio

   
REDAÇÃO CENTRAL, 17 Ago. 17 / 07:00 pm (ACI).- No dia 11 de agosto, estreou em vários países da América o filme de terror e de suspense “Annabelle: Creation”, o qual revive temas como a possessão e a infestação demoníaca. Por isso, um exorcista decidiu apresentar o seu ponto de vista sobre o filme, advertindo algumas imprecisões cometidas e sobre a ação real do demônio.
Dirigido por David F. Sandberg, “Annabelle: Creation” é na verdade uma pré-sequência do conhecido “Annabelle”, de 2014, que é em si mesmo uma pré-sequência de “A invocação do mal” (2013) e “A invocação do mal 2” (2016).
O filme é baseado em um caso real que conta a história da infestação demoníaca (quando o demônio possui um lugar e objetos) de uma boneca misteriosa chamada Annabelle, que coloca o seu olhar em umas meninas órfãs hospedadas na casa do fabricante de bonecas Samuel Mullins e da sua esposa Esther. O casal havia perdido há 12 anos a sua pequena filha Bee em um trágico acidente de carro.
Em entrevista de Kathy Schiffer ao National Catholic Register, o sacerdote e exorcista, Pe. Robert, indicou que depois de ter visto todos os filmes anteriores, concordou que “Annabelle: Creation” foi, em grande parte, fiel aos ensinamentos da Igreja Católica em relação a possessão a ao exorcismo, entretanto, também encontrou algumas imprecisões.
O sacerdote pediu expressamente durante a entrevista que não publicassem o seu nome completo nem a sua localização, devido ao seu ministério. Seu trabalho é baseado na formação de sacerdotes católicos no Instituto de Exorcismo para a América do Vaticano, onde se aprendem os segredos deste rito antigo.
Segundo o Pe. Robert, os escritores do filme “fizeram a seu dever” e compreenderam que o demônio só podia entrar na casa dos Mullins se fosse convidado por eles.
Por sua parte, Miranda Otto, que interpreta Esther no filme, explicou que, “como a maioria dos pais, eles também estavam devastados. Mas, ao contrário da maioria, eles decidiram que fariam qualquer coisa para ter a sua filha de volta. Simplesmente, rezavam, invocando qualquer tipo de poder que lhes permitissem ver ou sentir a sua presença. Mas, ao fazê-lo, invocaram certos espíritos que não são do tipo que gostariam de receber em sua casa”.
Doze anos depois do trágico acidente, os pais que estavam de luto procuravam consolo quando abriram as portas da sua casa para a Irmã Charlotte e para várias meninas de um orfanato que havia sido fechado. Uma das meninas olhou para o armário e viu a boneca possuída, Annabelle, a boneca olha para as meninas e começa uma tormenta de terror.
Para confirmar a ação do demônio na casa dos Mullins, Pe. Robert recordou dois casos que conheceu pessoalmente. Em ambos, duas mulheres jovens, sem perceber a gravidade do seu pedido, convidaram a “qualquer ser espiritual” para ajudá-las. Consequentemente, manifestaram sintomas de possessão demoníaca e requereram um exorcismo.
Algumas imprecisões do filme (advertência de spoiler)
Pe. Robert e Schiffer concordaram que “Annabelle: Creation” foi, em grande parte, fiel ao entendimento católico de exorcismo, entretanto, alertaram sobre algumas imprecisões:
1. Uma freira que confessava?
Há uma cena na qual a Irmã Charlotte, interpretada por Stephanie Sigman, escutava uma espécie de confissão de uma das crianças que estavam sob a sua responsabilidade. Claro que houve diferenças entre a confissão regular realizada por um sacerdote: a Irmã e a menina se sentaram uma de costas para a outra, não em um confessionário.
Mas o conceito de confissão foi renovado quando a irmã Charlotte disse: “Bem, como penitência...”. Durante o filme, Padre Robert considerou muito improvável que uma irmã se colocasse na posição de aparecer para realizar uma função sacramental que requer um sacerdote.
2. A Irmã Charlotte usava um hábito religioso contemporâneo
Em relação ao estilo das roupas, dos carros clássicos e da granja vitoriana, parece que “Annabelle: Creation” acontece no século XX. Entretanto, a Irmã Charlotte usa um hábito religioso que parece ser contemporâneo.
Tanto o diretor David Sandberg como a atriz Stephanie Sigman (Irmã Charlotte) disseram em uma entrevista que tinham visto fotos de religiosas com diferentes hábitos e escolheram uma roupa simples que tornaria mais fácil interpretar a personagem.
3. Disposição do objeto infestado
Em “Annabelle: Creation”, dois sacerdotes visitam a casa para abençoar a boneca Annabelle e para aspergir com água benta antes dela ser escondida em um armário.
Padre Robert tinha certeza de que um exorcista nunca deixaria um objeto infestado lá intacto para ser encontrado por alguém no futuro: “Você tem que tirar a maldição do objeto. Poderia queimá-lo ou desmontá-lo”, indicou.
4. A cena do espantalho e do diabo-da-tasmânia
A cena na qual um espantalho foi infestado por um espírito maligno e se moveu da sua posição original pareceu improvável, disse Padre Robert. Do mesmo modo, não estava convencido quando o demônio começou a crescer e assumiu uma semelhança física de um “diabo-da-tasmânia”.
5. Uma possessão demoníaca sem permissão do demônio
Em uma cena, um menino é possuído quando está na presença de um demônio que se manifesta como uma menina. Padre Robert rechaçou a ideia de que um espírito maligno pudesse habitar no corpo de uma criança, pois, como explicou anteriormente, um espírito maligno somente entrará em uma pessoa se for convidado.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Eutanásia, distanásia e ortotanásia: o que são e quais as diferenças?

Eutanásia, Distanásia, Ortotanásia

E qual é o caso do bebê Charlie Gard?
Instagram/Charlie's fight

Então não estamos diante de um caso de distanásia?
Por uma cultura de vida!

A palavra grega “thánatos”, que quer dizer “morte”, está na raiz de três conceitos muito importantes da bioética: eutanásia, distanásia e ortotanásia.
São João Paulo II comenta no parágrafo 65 da sua carta encíclica “Evangelium Vitae” (“O Evangelho da Vida”): a eutanásia é “uma ação ou omissão que, pela sua natureza e nas suas intenções, provoca a morte com o objetivo de eliminar o sofrimento”.
Importante observar que a eutanásia nem sempre é ativa: ela também pode ser praticada por omissão — ou seja, por deixar de fazer algo que, nas circunstâncias em questão, seria moralmente obrigatório.
A eutanásia, portanto, também é praticada quando se negam determinados cuidados médicos sem os quais se sabe que o doente vai morrer. Este foi o caso da norte-americana Terri Schiavo. Ela estava em Estado Vegetativo Permanente até que, em 2005, seu marido conseguiu na Justiça uma ordem para que o hospital interrompesse a sua hidratação e nutrição artificiais. Que se saiba, Terri não recebeu nenhuma substância que acelerasse a sua morte; mesmo assim, ela sofreu eutanásia: após uma longa agonia, morreu de fome e de sede. O caso teve grande repercussão mundial.
Além da forma (comissiva ou omissiva), a eutanásia se caracteriza também pelas intenções: o que formalmente a configura é a intenção de provocar a morte de outra pessoa com o objetivo de eliminar o sofrimento dela (cf. EV 56). O que diferencia a eutanásia dos outros casos de mortes provocadas é a intenção, aparentemente boa, de acabar com o sofrimento do paciente – mas provocar a morte de alguém é sempre uma forma de assassinato, inclusive quando se trata de um assassinato “dentro da lei”, como podem ser os casos do aborto, da pena de morte e da própria eutanásia.
Uma espécie de “extremo oposto” da eutanásia é a distanásia, também chamada de “obstinação terapêutica”. Ela consiste em querer manter um paciente vivo a qualquer custo, teimosamente, recorrendo a meios desproporcionados e inúteis, quando já não há mais nenhuma perspectiva viável de reversão do gravíssimo quadro do paciente. Importante: não estamos falando de um caso em que ainda existam chances, por mais remotas que sejam, mas sim dos casos em que simplesmente não há mais nada a ser feito e, mesmo assim, insiste-se em tentar manter o doente vivo a todo custo.
É o que acontece quando simplesmente se aceita, com realismo e sensatez, o estado terminal do paciente, reconhecendo-se que as capacidades humanas não são mais capazes de impedir a iminência da morte. A ortotanásia, portanto, se recusa a cair na obstinação terapêutica (distanásia), mas também se recusa a intervir por ação ou omissão a fim de acelerar a morte do paciente (eutanásia).
Tanto a distanásia (negar-se a aceitar a morte com serenidade e sensatez) quanto a eutanásia (provocar a morte propositalmente, ainda que com a alegada boa intenção de eliminar o sofrimento do doente) são pecados: a distanásia é uma forma de desespero, que é falta de confiança em Deus, e a eutanásia é uma forma de assassinato, porque causa diretamente a morte de outro. A atitude moralmente exigível do ser humano é a de defender a vida até a última chance, e, ao mesmo tempo, a de aceitar a morte com sensatez quando ela se mostra inevitável: portanto, sem causá-la e sem lutar desproporcionadamente contra ela.
Charlie Gard é um bebê inglês que sofre de uma miopatia mitocondrial, doença raríssima que se agrava rapidamente e para a qual não se conhece hoje a cura. Os médicos do Great Ormond Street Hospital de Londres, onde Charlie está internado, alegam que não há mais nada a ser feito: eles querem desligar os aparelhos de respiração, nutrição e hidratação artificiais que mantêm o bebê vivo.
Mas, embora não haja nenhuma certeza de cura, existe nos Estados Unidos um tratamento experimental. As chances de resultado positivo são mínimas – mas existem. Os pais de Charlie, Connie e Chris, conseguiram arrecadar cerca de 1,3 milhão de libras junto a doadores voluntários via internet para custear o tratamento nos EUA, mas o hospital de Londres não quer liberar a criança: os médicos ingleses consideram que, no atual estado de Charlie, quaisquer intervenções terapêuticas serão desproporcionadas.
Acontece que os pais do bebê querem tentar o tratamento experimental norte-americano. O caso foi levado ao judiciário, mas um juiz britânico decidiu que o hospital deve desligar os aparelhos. Os pais de Charlie recorreram à corte britânica de apelações, à Suprema Corte britânica e à Corte Europeia de Direitos Humanos: em todos os casos, eles perderam a batalha judicial, um fato em si mesmo extremamente preocupante por configurar o sinistro precedente de um Estado que se arroga o suposto “direito” de determinar a vida e a morte dos seus cidadãos independentemente da vontade e dos recursos próprios desses cidadãos. Uma crítica a esta postura inaceitável da autoproclamada “justiça” pode ser lida neste outro artigo:
A postura dos médicos envolvidos na “decisão” também é moralmente inaceitável: há uma diferença muito grande entre o médico que não deseja realizar um tratamento por julgá-lo desproporcionado e o médico que resolve não deixar mais ninguém realizar uma terapia por não concordar com ela.
Nem sequer se pode falar propriamente em “impasse”: haveria um impasse caso estivéssemos diante de duas posições igualmente razoáveis. No caso de Charlie, há um pai e uma mãe querendo levar seu próprio bebê para ser tratado e há um hospital londrino querendo obrigar uma criança a ser morta por omissão de recursos cruciais para a sua sobrevivência. Isto não é um impasse propriamente dito: é mera violência e crime, e um crime do qual a “justiça” não apenas é cúmplice consciente, mas impositora totalitária.
Não é possível afirmar que a vontade dos pais seja “desproporcionada” – e, mesmo que fosse, o Estado não deve nem pode se intrometer. O Estado, em sua obrigação básica de defender a vida dos seus cidadãos, poderia e deveria manifestar-se caso a família quisesse praticar a eutanásia; mas não deve nem pode impedir uma família de lutar pela vida de um filho nem sequer num caso de distanásia – que dirá neste caso, que não pode ser taxativamente qualificado como distanásia porque ainda existe uma chance de tratamento. Os poderes públicos são legítimos para impedir a morte dos indivíduos; jamais serão legítimos para impo-la contra a vontade expressa dos familiares do doente atingido por tal intromissão.
Não.
Estamos diante de um caso em que existe um tratamento alternativo disponível, que os pais do bebê doente desejam tentar e para o qual eles já dispõem de recursos. É um caso de legítima luta pela vida de um filho. A Congregação para a Doutrina da Fé afirma explicitamente que, entre os meios terapêuticos legítimos e proporcionados, está o recurso às terapias experimentais quando não existem outros meios conhecidos de se obter a cura:
“Se não há outros remédios, é lícito recorrer aos meios de que dispõe a medicina mais avançada, mesmo que eles estejam ainda em fase experimental e a sua aplicação não seja isenta de alguns riscos. Ao aceitá-los, o doente poderá também dar provas de generosidade a serviço da humanidade” (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, “Declaração sobre a eutanásia”, Cap. IV — O uso proporcionado dos meios terapêuticos).
Se for imposta a decisão ilegítima de desligar os aparelhos de Charlie à revelia da vontade de seus pais, estaremos diante de um caso de assassinato. Poderia ser considerado um caso de eutanásia por conta da alegação de suposto interesse em eliminar o sofrimento de Charlie, mas nem sequer há consenso quanto a tal sofrimento.
E por que a decisão judicial é ilegítima? Na verdade, ela é duplamente ilegítima. Primeiro, porque, ainda que fosse um caso de distanásia, não cabe jamais ao Estado impedir os particulares de praticá-la; segundo, porque realmente não há consenso suficiente para afirmar que a manutenção dos aparelhos de Charlie configura de fato distanásia, sabendo-se, como se sabe, que existe uma alternativa de tratamento, por mais remotas que sejam as suas chances de sucesso.
Um mundo melhor é aquele onde a vida humana é reconhecida como sagrada: onde os pais têm direito de lutar pela vida de seus filhos mesmo contra as cortes do mundo inteiro; onde os hospitais são lugares em que se busca o restabelecimento do corpo e não uma morte ideologicamente imposta como “digna”.
Independente do que ocorra, Charlie Gard já é um herói. Em seus frágeis meses de uma vida que insiste em resistir, ele já fez mais do que milhões de pessoas que tentam há anos fazer deste mundo um lugar melhor. O pequeno grande Charlie está mobilizando multidões que querem a cultura da vida triunfando sobre a cultura do descarte. Obrigado, grande Charlie – e vamos continuar lutando juntos!
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Adaptado de artigo original de Jorge Ferraz em Deus lo vult!