terça-feira, 22 de novembro de 2011

Os livros deuterocanônicos fazem parte da Bíblia?


O texto abaixo é um debate promovido pelo site "Agnus Dei", defendendo o canôn bíblico definido pela Igreja Católica. As partes escritas em azul mostram as argumentações de um irmão sobre a visão protestantes do canôn bíblico. As respostas à todas estas argumentações são mostradas logo abaixo, nos textos escritos em preto.


Caro, irmão:Achei este texto de ataque ao cânon católico. Quando possível, gostaria de receber observações suas sobre o texto.
  • Prezado Fabiano,Vamos lá...
"No que diferem as Bíblias Católicas das Protestantes"
  • De fato, existem diferenças entre as Bíblias Católicas e as Bíblias Protestantes...
Nas Católicas há os livros chamados Apócrifos. Apócrifo antigamente no tempo dos Persas tinha um sentido esotérico, depois passou a significar Coisas Escondidas, Ocultas ou Secretas. Mais tarde esse termo foi sendo aplicado a livros de autenticidade incerta e hoje se aplica a livros religiosos não inspirados tais como esses que encontramos nas Bíblias Católicas;
  • Há uma meia verdade neste parágrafo. Realmente o termo "apócrifo" tem significado pejorativo, desde meados do séc IV dC, indicando autenticidade incerta. Porém, o termo não se aplica aos livros e acréscimos indicados pelo autor deste artigo no parágrafo seguinte, mas sim aos livros que não foram considerados inspirados pela Igreja primitiva (ex.: Evangelho de Tomé; Apocalipse de Paulo; 3Macabeus; etc.) - veja uma lista bem mais completa dos livros apócrifos no artigo "Quais são os livros apócrifos?"São chamados mais apropriadamente de "deuterocanônicos" por se tratar de livros que não se encontram na Bíblia Palestinense (definida pelos judeus da Palestina em 90 dC), mas na Bíblia Alexandrina (dos judeus que habitavam nesta cidade do Egito). Os livros que coincidiam nas duas Bíblias são chamados de "protocanônicos".
    Foi Lutero quem começou a chamar estes livros de apócrifos no séc XVI dC e, para complicar mais ainda, passaram a chamar de "pseudoepígrafos" aqueles livros de autenticidade evidentemente falsa, que nós, católicos (e também ortodoxos), chamamos de "apócrifos". O motivo disso é que os protestantes têm certas dificuldades teológicas se admitirem a autenticidade destes livros, pois apresentam de forma bem clara certas doutrinas refutadas por eles, como, por exemplo, o purgatório, a oração em favor dos mortos e a intercessão dos santos.
Os livros apócrifos são: Tobias, Judite, Sabedoria de Jesus ben Sirach ou Eclesiástico, Sabedoria de Salomão, Baruque, I Macabeus, II Macabeus, Acréscimos a Daniel, Acréscimos a Ester.
  • A informação aqui está correta com a única ressalva de que não são livros e acréscimos apócrifos, mas sim deuterocanônicos...
Qual a sua origem?a) Ptolomeu Filadelfo rei do Egito ordenou que traduzissem os escritos dos hebreus para o Grego, língua oficial do mundo de então, para assim enriquecer a sua biblioteca;
  • A tradução dos livros dos hebreus para o grego se deu entre os anos 300 e 150 aC na Alexandria (Egito) e passou a ser chamada de Septuaginta (ou "LXX"), pois a tradição afirma de que foi realizada por 72 tradutores. A razão da tradução, entretanto, não foi simplesmente "enriquecer" a biblioteca do rei, mas tinha como principal propósito tornar acessível a Palavra de Deus aos judeus que viviam ali, numa enorme e próspera colônia, e que, com o passar dos anos, já não mais reconheciam a língua hebraica, embora guardassem plenamente a sua fé e identidade, como judeus que realmente eram.O autor deste artigo reconhece isto - ainda que timidamente, pra variar - no item imediatamente a seguir...
b) O afrouxamento dos Judeus da grande colônia hebraica de Alexandria quanto ao estudo da sua própria língua;
  • Não se trata precisamente de um "afrouxamento" mas sim de um fator natural, que ocorre com qualquer língua minoritária em certa região onde a esmagadora maioria fala uma outra língua. Por exemplo, o português tem origem no latim, mas hoje, no Brasil (e até mesmo em Portugal), é muito difícil encontrar alguém que conheça plenamente a língua latina. Foi afrouxamento nosso? Certamente que não... trata-se de um processo de desenvolvimento lento e contínuo, estritamente natural e sem qualquer ligação com relaxamento...
c) A grande influência helenista nos judeus alexandrinos;
  • Isto de modo algum "manchou" a fé dos judeus, bastando lembrar que Jesus também era judeu e nunca fez ressalva alguma sobre tal questão; muito pelo contrário...
d) O grande desejo do mundo grego de conhecer os escritos dos judeus.
  • Esta afirmação parece-me um tanto quanto esvaziada, porque o mundo grego, na verdade, desprezava o conhecimento dos hebreus, pois não contavam com filósofos. É justamente por essa razão que São Paulo fala das vãs filosofias (Col 2,8) e diz que pregar a cruz de Cristo é escândalo para os judeus (já que o Messias seria o libertador de Israel) e loucura para os gregos (porque é contrário à filosofia); entretanto, o próprio São Paulo não abre mão da razão (=filosofia) para pregar o Evangelho pelo mundo grego (v. Atos dos Apóstolos)...Em outras palavras: não eram os gregos que tinham interesse de conhecer os escritos judaicos, mas eram os judeus - e mais tarde também os cristãos - que tinham o interesse de propagar a Palavra de Deus; os judeus por puro proselitismo; os cristãos, pela Salvação de toda criatura humana.
Data 200 A.C. até 100 A.C. foram eles escritos.
  • A crítica moderna (inclusive protestante) sugere as seguintes datas de composição para os livros em debate:
    • Tobias: 200 aC (em hebraico ou aramaico)
    • Judite: 150 aC (em hebraico ou aramaico)
    • 1Macabeus: 100 aC (em hebraico ou aramaico)
    • 2Macabeus: 100 aC (em grego)
    • Eclesiástico: 200 (em hebraico) e 130 (tradução grega)
    • Sabedoria: 100 aC (em grego)
    • Baruc: 200 aC (em grego, talvez tradução do hebraico)
    • acréscimos a Ester: 160 aC (em grego)
    • acréscimos a Daniel: 100 aC (em grego)
    Entretanto, o fato de terem sido os últimos livros a serem escritos no Antigo Testamento, de forma alguma reduz-lhes o valor. Também o fato de alguns terem sido escritos fora do território da Palestina não significa que não sejam inspirados porque, ainda assim, foram escitos por representantes legítimos do Povo de Deus!
IV - Erros ensinados pelos apócrifos, que estão em contradição com o restante da Bíblia
  • Alguns desses "erros" foram com certeza retirados de um livretinho de autoria de Jaime Reda, chamado "Assim Diz a Bíblia". Embora não o afirme, o autor certamente é adventista e, como qualquer protestante, tem dificuldade em explicar doutrinas tão claras que se opõem ao que prega a sua seita...Vamos analisar os "erros" e "refutar a refutação" do autor: primeiro, demonstrando que a Bíblia possui (nos livros que o autor aceita como inspirados, isto é, os "protocanônicos" do Antigo Testamento e todo o Novo Testamento) outros exemplos daquilo que o autor considera errado; segundo, apresentando a contradição do autor com o ensinamento bíblico...
A-1. Dar esmolas purifica o pecado
    a) Tobias 12:9 - "Porque a esmola livra da morte e é a que apaga os pecados e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna.";
    b) Tobias 4:10 - "Porque a esmola livra de todo o pecado e da morte e não deixará, cair a alma nas trevas.";
    c) Eclesiástico 3:33 - "As esmolas resgatam o pecado.";
    d) II Macabeus 12:43-46 - "E tendo feito uma coleta, mandou 12 mil dracmas de prata, a Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifício pelos pecados dos mortos, sentindo bem e religiosamente da ressurreição... Se Judas não tivesse esperança de que se erguessem de novo os que caíram teria sido supérfluo orar pelos mortos... É pois um santo e salutar pensamento orar pelos mortos para que sejam livres de seus pecados".

  • "Porquanto qualquer um que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa"(Mc 9,41).
  • "Dai, porém, de esmola o que está dentro do copo e do prato, e eis que todas as coisas vos serão limpas" (Lc 11,41)
  • "Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta" (Tg 2,26) 
2. Refutação:
    a) Oferta em dinheiro para perdão do pecado não encontramos em nenhum lugar da Bíblia, isto é coisa diabólica, pois assim somente os ricos teriam o perdão dos pecados;
    b) I Pedro 1:18-19 - não foi com ouro ou prata que fomos comprados;
    c) Atos 10:4-6 - não somente dar esmolas mas conhecer e praticar a verdade;
    d) Efésios 2:8-9 - somos salvos pela graça de Deus e não por dinheiro;
    e) Isaías 55:1 - compra sem dinheiro.

  • O que importa não é se a esmola é oferecida em dinheiro ou em espécie, mas com a intenção de querer fazer o bem, por amor a Jesus. É dar a quem precisa, sem guardar o sentimento de retribuição. Isto agrada ao Senhor (até um pequeno e simples copo de água!!) e O levará a considerar tal feito no Dia do Juízo; portanto, não há dúvidas de que a esmola apaga pecados, não no sentido de torná-los inexistentes, mas compensados... Foi justamente por isso que a pobre viúva que deu tudo o que tinha foi elogiada por Cristo, em detrimento aos ricos (cf. Lc 21,3); mesmo assim, estes ricos, que deram do que tinha de sobra, também não foram condenados - a diferença é que estes terão uma recompensa menor do que aquela viúva (haverá, portanto, uma compensação). Jesus confirma também o valor da esmola juntamente com outras formas de piedade (Mt 6,2-18), que cobrem "uma multidão de pecados" (1Ped 4,8).
B-1. Ensino de Crueldade e do Egoísmo
    a) Eclesiástico 12:6 - "Não favoreças aos ímpios; retém o teu pão e não o dê a ele".

  • "Deste modo extirparás o mal do teu meio, para que os outros ouçam, fiquem com medo e nunca mais tornem a praticar o mal no meio de ti. Que teu olho não tenha piedade. Vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé" (Dt 19,19-20).
2. Refutação:
    a) Eclesiastes 11:1-2 - lança o teu pão;
    b) Provérbios 25:21-22 - dá-lhe pão para comer e água para beber;
    c) Romanos 12:20;
    d) Mateus 5:44-48 - amar os nossos inimigos.

  • É mais do que claro que o autor do Eclesiástico segue rigorosamente o ensino do Antigo Testamento (v. especialmente Êxodo e Deuteronômio). Se lermos Eclo 12,4-7, perceberemos que não se trata de esmola dada aos necessitados, mas sim de benefícios o que, certamente, é melhor concedê-los a gente honesta do que a pessoas malvadas. Santo Agostinho escreveu sobre esta passagem de Eclo: "Não dês ao pecador enquanto pecador, dá-lhe enquanto homem". Logo, a referida passagem não se refere à crueldade, muito menos se refere ao egoísmo.
C-1. Pecados perdoados pela oração
    a) Eclesiástico 3:4 - "Quem amar a Deus receberá perdão de seus pecados pela oração".
2. Refutação:
    a) Os pecados não se perdoam pela oração, se fosse assim, não teríamos necessidade de Jesus. Todos os povos pagãos fazem orações, mas os pecados não se perdoam somente pela oração;
    b) Provérbios 28:13 - o que confessa e deixa alcançará misericórdia;
    c) I João 1:9 - renúncia do pecado;
    d) I João 2:1-2 - Cristo é quem perdoa.

  • Tal refutação é, no mínimo, ridícula. O livro do Eclesiástico - de onde foi tirado o exemplo dos pecados perdoados pela oração - pertence ao AT e, como todos os demais, são apenas um preparativo para a nova Aliança em Cristo. Além do mais, a confissão não deixa de ser uma oração - seja no ponto de vista católico, através do Ato de Contrição, seja no ponto de vista protestante, onde o pecador tentar obter seu perdão diretamente de Deus. Portanto, o autor cai em contradição consigo mesmo.
D-1. O Ensino do Purgatório
    a) Sabedoria 3:1-4 - "Mas as almas dos justo estão nas mãos de Deus; e o tormento da morte não as tocará. Aos olhos dos ignorantes pareciam eles morrer e sua partida foi considerada desgraça. E, sua separação de nós, por uma extrema perda. Mas eles estão em paz. E embora aos olhos dos homens sofram tormentos, sua esperança está plenamente na imortalidade.";
    b) Isto é a doutrina do Purgatório.

  • "Em verdade te digo que de maneira nenhuma [sairás] dali enquanto não pagares o último ceitil" (Mt 5,26)
  • "Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro" (Mt 12,32)
  • "Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo" (1Cor 3,15).
2. Refutação:
    a) I João 1:7 - esse ensino aniquila completamente a expiação de Cristo. Se o pecado, pudesse ser extinguido pelo fogo, não teríamos necessidade de um Salvador;
    b) Eclesiastes 9:6 - os mortos não sabem coisa nenhuma - Isaías 38:18-19;
    c) I Tessalonissenses 4:13-16 - na ressurreição os justos serão galardoados.

  • A doutrina do Purgatório de forma alguma aniquila a obra de Cristo; muito pelo contrário... Sabemos muito bem que nada de impuro pode entrar no céu (Mt 5,8); por outro lado sabemos que aquele que disser que não tem pecados é um mentiroso (1Jo 1,10). No entanto, o Senhor é justo juiz (2Tim 4,8) e recompensa até um copo d'água que é dado em seu nome (Mt 9,41). Logo, embora o purgatório não seja mencionado com este nome na Escritura (a Santíssima Trindade também não é e todos os cristãos a professam como verdade revelada!), a sua realidade é incontestável. Observe-se, ainda, que o purgatório é somente para os que estão salvos mas ainda possuem pecados não expiados, tornando necessária a purificação para ver a Deus. Quem for julgado para a perdição, não tem como passar pelo purgatório para expiar seus pecados...No site do Agnus Dei existem diversos artigos sobre o Purgatório, explicando-o com mais detalhes. Utilize a ferramenta de busca interna, existente no Índice de Assuntos, para localizá-los mais facilmente...
E-1. O Ensino da Vingança
    a) Judite 9:2 - "O Senhor Deus, do meu pai Simeão, a quem deste a espada para executar vingança contra os gentios".
  • "Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé..." (Ex 21,24)
  • "Quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado algum homem, assim lhe será feito." (Lv 24,20)
  • "O teu olho não terá piedade dele; vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé." (Dt 19,21)
2. Refutação:
    a) Gênesis 34:30 - o aborrecimento de Jacó pela vingança de Simeão contra os cananitas;
    b) Gênesis 49:5-7 - a maldição de Jacó porque eles usaram de vingança;
    c) Romanos 12:17-19 - minha é a vingança do Senhor.

  • Será que os exemplos que citei acima, tirados do Êxodo, Levítico e Deuterônimo são exemplos de amor ao próximo? Também não é necessário falar das mortes efetivadas pelos hebreus durante a Conquista da Terra Prometida... O autor do presente artigo não poderia ser mais infeliz para refutar alguma coisa dos deuterocanônicos...
F-1. Suicídio
    a) II Macabeus 12:41 - "... quando ele se viu a ponto de ser preso, feriu-se com a sua espada, preferindo morrer nobremente a ver-se sujeito a pecadores, e padecer ultrajes indignos de seu nascimento".
  • A citação acima é tirada de 2Mc 14,41-42 e não de 2Mc 12,41!
  • "Sansão invocou a Javé e exclamou: 'Senhor Javé, eu te suplico, vem em meu auxílio; dá-me forças ainda esta vez, ó Deus, para que, de um só golpe, eu me vingue dos filisteus por causa dos meus dois olhos'. E disse: 'Morra eu com os filisteus!'". (Jz 16,28.30).
2. Refutação:
    a) morrer nobremente é a frase perigosa. A Bíblia nos conta de alguns suicídios, mas nunca os qualifica de cousa ou ato nobre;
    b) a vida e morte dependem de Deus e nós, não podemos desertar da vida para nos livrar de dificuldades. Cristianismo quer dizer paciência, abnegação. Tudo sofre, tudo suporta;
    c) Transgressão do mandamento "Não matarás".

  • A Bíblia possui diversos casos de suicídio - principalmente entre guerreiros - além do registrado pelo autor deste artigo: Jz 9,54; 16,28-29; 1Sm 31,4-5; 2Sm 17,23; 1Rs 16,18. O suicídio de Sansão (Jz 16,28-29) embora não seja classificado explicitamente como "morte nobre", é tido como grandioso pelo autor do livro dos Juízes, pois ele deu a sua vida pelo seu povo, utilizando contra os seus inimigos a força final recebida de Deus. Poderíamos, por isto, dizer que o suicídio é algo grandioso?? Que Deus aprova? Ou estaria Sansão ardendo no Inferno?Se fosse algo sempre nobre ou grandioso, a Igreja Católica, por conseguinte, não condenaria o suicídio como sempre o fez. Ensina o Catecismo da Igreja: "Cada um é responsável por sua vida diante de Deus que lha deu e que dela é sempre o único soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para sua honra e salvação das nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela". Entretanto, a Igreja reconhece: "Não se pode desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida".
G-1. O Ensino de Artes Mágicas
    a) Tobias 6:8 - "Se tu puseres um pedacinho do seu coração (do peixe que ele havia apanhado) sobre brasas acesas, o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como da mulher, de sorte que não tornam mais chegar a eles". Verso 9 - "E o fel é bom para untar os olhos que tem algumas névoas, e sararão.".
  • "Dito isto, cuspiu no chão e com a saliva fez lodo, e untou com lodo os olhos do cego e lhe disse: 'Vai lavar-te na piscina de Siloé' [...] O cego foi. lavou-se e voltou vendo" (Jo 9,6)
  • "Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor" (Tg 5,14)
2. Refutação:
    a) não encontramos tal coisa em nenhum lugar da Bíblia;
    b) não precisamos de truques para enfrentar o diabo;
    c) maneiras de enfrentar o diabo e os demônios: Mateus 4:4-10;
    d) Tiago 4:7 - resisti ao diabo e ele fugirá;
    e) maneiras de expulsar demônios: Marcos 16:17 e Atos 16:18.

  • Também não encontramos em qualquer outro lugar da Bíblia que a lama oriunda do cuspe misturada com a terra cura os cegos. Seria então Jesus um feiticeiro? :)Torna-se claro, portanto, que existe um interesse oculto na referida passagem de Tobias, que só será desvendado em 8,3, quando o próprio Anjo Rafael expulsa o demônio (e não Tobias através do coração, fel e fígado do peixe). O interesse, portanto, é ocultar a identidade do Anjo para Tobias até a efetiva expulsão do demônio...
H-1. Mentiras
    a) Judite 11:13-17 - Judite mentindo para Holofernes;
    b) Tobias 5:15-19 - o anjo Rafael mentindo.

  • "Abraão disse de sua mulher Sara: 'É minha irmã' e Abimelec, rei de Gerara, mandou buscar Sara (Gen 20,2)
  • "Jacó disse: 'eu sou o teu filho primogênito, Esaú, fiz como me ordenaste...' Disse [Isaac]: 'Tu és o meu filho Esaú?' Respondeu: 'Eu o sou'. E logo que sentiu a fragrância de seus vestidos, abençoou-o." (Gen 27,19)
2. Refutação:
    a) Deus nunca sancionou a mentira nem mesmo nos seus servos;
    b) O mal começou com a mentira no céu;
    c) Gênesis 3:4 - certamente morrerás;
    d) João 8:44 - quem é o originador e pai de todas as mentiras, portanto não pode um anjo de Deus mentir;
    e) João 14:6 - Jesus diz ser o caminho, a Verdade e a vida. Todos os seguidores, de Cristo devem ser verdadeiros.

  • Também os grandes patriarcas hebreus mentiram e não foram abandonados por Deus; muito pelo contrário... Abraão foi pai de muitas nações (Gen 17,5); Jacó manteve a bênção de Deus e teve seu nome mudado para Israel (Gen 35,10).É certo que a mentira atenta contra a verdade e é sempre proposital; entretanto, não se pode igualar os graus de mentira (generalizando-a) ou desconhecer-lhe a intenção (para prejudicar ou beneficiar alguém com ou sem prejuízo de outrem).
I-1. Tolicesa) Tobias 2:10 - as fezes de uma andorinha, caindo nos olhos de Tobias que estava dormindo junto a um muro deixa-o cego;
  • Os médicos também afirmam que o esterco de andorinha pode queimar os olhos... A observação também é feita na Bíblia Sagrada versão de Matos Soares (ed. Paulinas), na pág. 484.
b) Judite 8:5-6 - uma mulher jejuando a vida inteira, menos aos sábados;
  • A mulher em questão é a própria Judite.O fato de jejuar todos os dias não significa que não bebesse água, que é o elemento fundamental para o corpo humano. Também Jesus jejuou por 40 dias e 40 noites seguidos e não morreu (Mt 4,2). Certamente aos sábados Judite se alimentava bem, pelo menos com o suficiente para se manter firme... Vários santos também impuseram sobre si rigorosa rotina de jejum, principalmente os ermitões que viviam no deserto. Não há, neste caso, nenhuma "tolice" em Judite...
c) II Macabeus 15:40 - "beber sempre água é coisa prejudicial".
  • A frase completa é: "Assim como é nocivo beber somente vinho ou somente água, enquanto que é agradável beber água misturada com vinho...". A frase encerra, portanto, uma verdade, que é o abuso; tudo que é feito em excesso é prejudicial, rompendo um equilíbrio que deve ser mantido. Mesmo assim, o que o autor se refere neste versículo é quanto à agradabilidade da narração de sua obra, que deve encantar os ouvidos. Você já bebeu água sem vontade? É horrível, não? Já bebeu vinho sem gostar? É ruim também porque queima a garganta... Misturando os dois fica agradável, saboroso, porque alcança um equilíbrio ao gosto do degustador. Assim deve ser qualquer obra literária: deve agradar o leitor!
V - Razões interessantesRoma não pode chamar as outras Bíblias de falsas por não conterem os Apócrifos, assim como não pode se chamar uma nota de falsa por não ter ela uns acréscimos que alguém julgue que ela deva ter;
  • Pode sim! Pode porque foi a Igreja que definiu o cânon bíblico no séc. IV, selecionando os livros do Novo Testamento e confirmando todos os livros do Antigo Testamento segundo a versão da Septuaginta, incluindo os 7 livros aqui debatidos, bem como os acréscimos a Ester e Daniel. E a autoridade da Igreja para estabelecer o cânon é indiscutível, pois ela é a "coluna e o fundamento da Verdade" (1Tim 3,15).E pode também porque a Igreja Católica foi fundada sobre os Apóstolos, que usaram a Septuaginta para escrever o Novo Testamento: das 350 citações do AT, 300 obedecem a versão dos LXX! Se o autor segue a autoridade dos judeus de Jâmnia para definir o seu cânon, deve deixar de lado todos os livros do Novo Testamento; porém, se aceita a autoridade da Igreja, fundada por Cristo, não tem como deixar de lado os livros deuterocanônicos, pois estaria (como de fato está) em contradição.
Em II Macabeus encontramos o autor do livro pedindo perdão pelas suas falhas como escritor. Se crêssemos que estes livros estão no mesmo pé de igualdade com os inspirados, ficaríamos então admirados de ver agora o Espírito Santo pedindo desculpas por algumas falhas, o que é inconcebível;
  • Não tem nada a ver! Também São Paulo afirma em 1Cor 7,12: "Aos outros sou eu quem digo e não o Senhor: se algum irmão tem uma mulher sem fé e esta consente em habitar com ele, não a repudie". Será que esta passagem também não é inspirada? Se não é, por que ainda se encontra na Bíblia??? Por que não foi simplesmente riscada?? E se fosse riscada, o que impediria de riscar toda a 1Coríntios?
O Senhor Jesus e os Apóstolos fazem 205 citações do V.T. e mais 304 alusões ao mesmo e não dizem nenhuma palavra sequer a respeito de um dos livros Apócrifos;
  • Não é verdade. Veja-se, por exemplo, o seguinte caso: em Hebreus 11,35 lemos que "Algumas mulheres reencontraram os seus mortos pela ressurreição. Outros foram esquartejados, recusaram o resgate para chegar a uma ressurreição melhor". A quem o Apóstolo se refere ao falar de algumas mulheres? Certamente ao filho da viúva ressuscitado por Elias (1Rs 17,22-23) e ao filho da sunanita ressuscitado por Eliseu (2Rs 4,35-36). Até aí tudo bem... Porém pergunte a um protestante:Onde você encontra na Bíblia alguém que aceitou ser esquartejado crendo na esperança da ressurreição?
    Ele poderá revirar todo o Antigo Testamento da sua Bíblia protestante, do Gênese ao profeta Malaquias, mas nada encontrará... O Apóstolo estaria mentindo? Não! Ele se refere ao martírio dos sete irmãos que lemos em 2Mac 7! Isto é indiscutível!!
    Fora esta passagem, existem pelo menos mais 344 referências no NT aos livros deuterocanônicos... Veja a lista em "O Novo Testamento e os Deuterocanônicos", na área da Bíblia do site do Agnus Dei.
Jerônimo, o tradutor da Vulgata declarou que os Apócrifos não eram canônicos;
  • Por volta do ano 90 dC, vários anos após a destruição de Jerusalém pelos romanos, os judeus (fariseus) se reuniram em um sínodo na cidade de Jâmnia e definiram um cânon usando de critérios meramente nacionalistas (v. o artigo"Como está definido o cânon bíblico" na área de Apologética), deixando de fora os 7 livros em questão, pois não atendiam a tais requisitos.São Jerônimo, até o ano 390 aceitava os livros deuterocanônicos como inspirados mas, indo para a Terra Santa e passando a traduzir a Bíblia para o latim diretamente do hebraico, foi influenciado pelos rabinos a considerar somente os livros aceitos pelos judeus da Jâmnia. Ainda assim, é possível encontrar mais de 200 referências aos deuterocanônicos nas obras do Santo. Fora isso, a questão do cânon bíblico para a Igreja cristã ainda não estava definida, o que torna compreensível e justificada a posição de Jerônimo.
    Porém, a Igreja Católica resolveu a situação a partir dos Concílios regionais de Hipona (393), Cartago III (397) e Cartago IV (418). Em 450, o papa Inocêncio I reafirmou o cânon bíblico com todos os deuterocanônicos numa carta ao bispo Exupério de Tolosa. Para maiores detalhes, ler o artigo "Testemunhos Cristãos Primitivos - O Cânon Bíblico", na área de Patrística.
Somente em 8 de Abril de 1546 é que a Igreja Católica se lembrou que esses livros deveriam estar canonizados; Nesse concílio que declarou os Apócrifos como autorizados, não havia nenhuma autoridade entre eles. Havia somente 53 prelados italianos e espanhóis na sua maioria. Nenhum alemão. Era mais um concílio religioso do que ecumênico, portanto não tinha autoridade;
  • Papo furado! A Igreja Católica usa os deuterocanônicos desde a era apostólica. A definição de sua inspiração já se dera oficialmente em Hipona (393) e Cartago (397 e 418), como vimos acima. Também o concílio ecumênico de Florença (1441) professou solenemente o católogo completo dos livros sagrados, pelo menos 1 século antes de Trento. A Bíblia de Guttemberg, o primeiro livro a ser impresso no mundo por volta de 1450 , também continha os deuterocanônicos.Foi o herege Martinho Lutero, apenas em 1534, que colocou os referidos livros em apêndice, com o título de apócrifos, em sua tradução alemã da Bíblia. Pelo menos teve a decência de deixá-los por considerá-los bons e de utilidade (segundo palavras usadas pelo próprio "rerformador" no prólogo).
A Igreja Católica Ortodoxa sempre fez restrições aos Apócrifos;
  • Outra inverdade, que demonstra desconhecimento histórico e eclesiológico. O Concílio de Trulos, reunindo padres da Igreja Oriental em 692, também considerou os livros deuterocanônicos como inspirados. O mesmo ocorreu nos sínodos de Constantinopla (1638), de Yassi (1642) e de Jerusalém (1672) - após a Reforma Protestante.Também a Sociedade Bíblica Unida (representada no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil), instituição protestante que produz Bíblias, afirma em sua Agenda de Oração-1996, pág. 5: "Deuterocanônicos: As Bíblias para as Igrejas Católica Romana e Ortodoxa contêm livros extras, que não fazem parte da Bíblia usada pelas Igrejas Protestantes". A única exceção entre os ortodoxos trata-se da Igreja Ortodoxa Russa; ainda assim, é livre entre estes aceitar ou não os deuterocanônicos.
Católicos Scholars rejeitam os Apócrifos:
    a) Bede e John of Salisbury - 1180 A.D.;
    b) William Ockham - 1347;
    c) Cardeal Ximenes mandou editar na Espanha a Bíblia Poliglota e não continha os Apócrifos - 1514-17;
    d) Após o Concílio de Trento em 1546 ter pronunciado os livros Apócrifos canônicos Sixtus de Siena em 1566 insistiu em separar os livros Apócrifos da Bíblia."

  • "Scholars"? Acho que este artigo tem origem americana... Seria bom que o tradutor pelo menos disfarçasse, traduzindo o termo ou pelo menos indicando a fonte...Não conheço a opinião destes senhores e sinceramente pouco me importa... São meras opiniões huimanas, sem a autoridade oficial da Igreja, "fundamento e coluna da verdade" (1Tim 3,15). Nem todo aquele que se diz "católico" é católico de verdade, infelizmente. Jesus deu autoridade aos seus Apóstolos, à sua Igreja... Os apóstolos usaram a Septuaginta com os deuterocanônicos; a Igreja sempre os reconheceu como inspirados, havendo aqui ou ali poucas vozes destoantes, quase sempre influenciadas por judeus... Eu aceito a autoridade da Igreja, dos Apóstolos e, por consequência, de Jesus - que prometeu estar com sua Igreja até a consumação dos séculos (Mt 28,20). Dizer que a Igreja errou ao definir o cânon é chamar Jesus de mentiroso, por não cumprir sua promessa de permanecer conosco. Tal proposição, entretanto, é absurda!
    E, pelo que vimos até aqui, existem muito mais argumentos em favor da inspiração dos deuterocanônicos do que contra... Em outras palavras: quem é contra os deuterocanônicos ainda não conseguiu provar que estes não fazem parte da Bíblia... Estão em maus lençóis!

Fonte: Site "Veritatis Splendor"

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