quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Maternidade Divina


Ensina o Concilio do Vaticano II: “quis, porém, o Pai das misericórdias, que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de Seu Filho, para que, assim como contribuiu para a morte, a mulher também contribuísse para a vida (Lumen Gentiun, 56).
A solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, é a primeira festa mariana que apareceu na Igreja do Ocidente.
Desde os primeiros séculos surgiram hersias que perturbaram a vida da Igreja e ameaçaram a sã doutrina. Dentre elas uma surgiu com Nestório, patriarca de Constantinopla, no século V, que teve a ousadia de declarar: “porventura, pode Deus ter uma mãe? Nesse caso não podemos negar a mitologia grega, que atribui uma mãe aos deuses!”
Entretanto, reunida no Concílio de Éfeso, no ano 431, a Igreja proclamou solenemente uma das verdades mais queridas ao povo cristão: “Maria é verdadeiramente Mãe de Deus, que é verdadeiro Filho de Deus”.

Assim, estava debelada para sempre a perigosa heresia que queria ver em Jesus duas pessoas, uma divina e outra humana, sendo Maria apenas Mãe desta última. Não, disse o Concílio de Éfeso. Maria é Theotókos (Theo = Deus; Tokos = Mãe), Mãe de Deus!

São Cirilo de Alexandria, presente nesse Concílio, havia replicado a Nestório: “Dir-se-á: a Virgem é mãe da divindade? Ao que respondemos: o Verbo vivo subsiste, é gerado pela própria substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade... Mas Ele se encarnou no tempo e por isso, pode-se dizer que nasceu da mulher”.
Jesus, Filho de Deus, é Filho de Maria. É sangue de Maria, é a carne de Maria. Fica em Jesus a marca de Maria, o caráter, e até, não esqueçamos, a herança genética, a fisionomia, a voz, a carne de Maria. Seu corpo é todo feito do corpo de Maria. Como Jesus não foi gerado pelo sêmen de um homem, biologicamente, tudo lhe veio de Sua Mãe. Por isso dizia Santo Agostinho: “a Carne de Jesus é a Carne de Maria”.
(...)
Contra o erro de Nestório é preciso afirmar ainda mais uma vez, com a Igreja, que Jesus Cristo é apenas uma Pessoa, embora tenha duas naturezas: a divina e a humana, unidas hipostaticamente, como ensina a Teologia. E Maria é Mãe dessa Pessoa única que é Jesus.
São Cirilo, atleta da fé, que Deus suscitou para impedir o avanço dessa heresia infernal, argumentava: “as mães, apesar de não gerarem a alma, são ditas mãe do homem inteiro e não genitoras do corpo humano apenas”.
No Concílio de Éfeso (431), com cerca de duzentos bispos de todas as partes, pesaram as declarações de São Cipriano, Santo Atanásio, Santo Ambrósio, São Basílio para a tomada da decisão. Foi definida a unidade da pessoa de Jesus e a maternidade divina de Maria. E esta definição foi confirmada no ano 451 pelo Concílio de Calcedônia e depois ainda pelo segundo Concílio de Constantinopla. 



FONTE:
AQUINO, Felipe. A Mulher do Apocalipse. São Paulo: Vozes, 1995 (4ª Ed.) pp. 35-42
Trecho extraído do livro "A Mulher do Apocalipse", do prof. Felipe Aquino 



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