sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Mariologia, uma breve introdução: Antigo e Novo Testamento

Maria, uma breve introdução à Mariologia.
A Mariologia é a parte da Teologia que estada a figura, o mistério, a missão e o significado de Maria na historia da salvação.
O próprio Concílio Vaticano II (1962-1965) incentivou e orientou o estudo da Mariologia, expondo bases sólidas e diretrizes seguras.
Na Constituição Dogmática “Lumen Gentium”, que trata da Igreja, o Concílio re-comendou que “os teólogos e pregadores da palavra divina, na consideração da singular dig-nidade da Mãe de Deus, se abstenham com diligência tanto de todo o falso exagero quanto da demasiada estreiteza de espírito. Sob a direção do Magistério, cultivem o estudo da Sagrada Escritura, dos Santos Padres e Doutores e das liturgias da Igreja para retamente ilustrar os ofícios e privilégios da Bem-aventurada Virgem que sempre levam a cristo, origem de toda verdade, santidade e piedade” (LG 67).
Conscientes das orientações do Concílio, os cristãos assumem o estudo da Mariolo-gia com solicitude, seriedade, método, perseverança e ternura, esclarecendo e aprofundando seu conhecimento, sua reflexão e sua cultura. De maneira didática, o estudo, que se baseia nas Sagradas Escrituras e considera o contexto atual, abrange a tradição e vida da Igreja, a história da Mariologia, compreensão dos dogmas marianos, a reflexão teológica e cultural, o diálogo ecumênico e inter-religioso, o culto e piedade do povo, a aproximação com as ciências huma-nas e a missão dos cristãos na Igreja e na sociedade.
Maria está no eterno plano de Deus. Um plano que não teve início num tempo de-terminado, nem será completado em uma data daqui a alguns séculos. Deus não teve princípio nem terá fim. Tudo para ele “é” presente. Maria, aquela que está dentro do plano de Deus, enquanto ligada ao mistério da Redenção, poderá ser estudada o bastante? Poderá alguém esgotar o tema: Maria?
FIGURA DE MARIA NO ANTIGO TESTAMENTO
Maria, estando dentro do plano de Deus, na História da Salvação do gênero humano, é natural que ela seja sempre lembrada nas páginas das Escrituras Sagradas. Os cristãos vão descobrindo, nas atitudes de mulheres da Bíblia, figuras de Maria. Até em certos aconte-cimentos: a nuvem do Profeta Elias, nos poemas do Cântico dos Cânticos, no livro da Sabedo-ria… Muitas vezes essas figuras confundem-se com a do próprio Salvador. Vejamos algumas delas:
EVA: É uma figura antagônica de Maria. Eva não teve nascimento, nem adolescência e, por uma desobediência à vontade de Deus, leva os homens ao pecado original. Maria é concebida sem o pecado original, nasce imaculada, e já no fim de sua adolescência, fazendo a vontade de Deus, aceita ser a Mãe do Salvador. O orgulho de Eva, aceitando a tentação do demônio, leva o gênero humano, seus degredados filhos, ao vale das lágrimas. Maria, em sua humildade, aceita a mensagem que o anjo lhe traz por parte de Deus, gera o Filho do Altíssimo que abre com seu sangue redentor as portas dos céus. A humanidade perde-se quando Eva come do fruto proibido da árvore da vida. Maria torna-se a árvore que oferece aos homens o fruto, Jesus para a Salvação. Eva escuta a maldição à serpente (Gn 3,15). Maria é lembrada como a mulher que esmagaria a cabeça da serpente.
DÉBORA: As coisas modificaram-se em Israel “quando você, Débora, surgiu; quando você, Mãe de Israel, levantou-se” (Jz 5,7). Barac, com o exército preparado para a guerra decisiva, fala à Débora: “Se você for comigo, eu vou. Se você não for, eu não vou. Débora respondeu: Está bem. Eu vou com você. Mas a glória dessa expedição que você vai realizar não será sua, pois Javé entregará Sísara nas mãos de uma mulher” (Jz 4,8-9).
JAEL: “Que Jael seja bendita entre as mulheres, a mulher de Héber, o quenita; bendita seja entre as que habitam em tendas” (Jz 5,24). “Encurvou-se entre os pés dela e caiu; encurvado ali mesmo caiu e ficou aniquilado” (Jz 5,27)
RUTE: O povo pobre luta em busca de seus direitos. Rute é uma estrangeira. A salvação não tem limites ou fronteiras. Deus não é nacionalista. Rute não abandona Noemi, viú-va, sua sogra. Defende os pobres e alcança de Booz o bem-estar de todos. A história toda de Rute mostra a disponibilidade, deixando até seus pais. A solidariedade e a luta pelos pobres, que vão construir a história de um mundo novo. Rute volta a casar-se e gera Obed, pai de Jessé, e este pai de Davi ( Livro de Rute 1 a 4). De Maria nasceu Jesus, o Filho do Altíssimo, da raça de Davi.
NOEMI: Quando ela chegou a Belém, com sua nora Rute, todos louvavam sua formosura e ela respondia dizendo: “não me chameis Noemi (formosa), chamai-me Mara (amarga), porque o Onipotente encheu-me de extrema amargura”. Ela suportava com dignidade a sua viuvez (Rt 1,19-20). Noemi é figura de Maria, não só pela formosura, mas por ter enfren-tado com firmeza as dores, os sofrimentos, as adversidades. Com mais razão que Noemi, a Virgem Maria podia exclamar no Calvário: Não me chameis de formosa, mas de amarga, pois o Onipotente encheu-me de extrema amargura.
JUDITE: Judite é a mulher corajosa que defende seu povo oprimido. Representa uma fé autêntica em Deus. A fidelidade de Deus a fez agir com braço ousado e a derrotar o inimigo. Salvar sua Betúlia querida e o povo todo de Israel. Ela dizia: “Se vocês são incapazes de sondar a profundidade do coração humano e entender as razões dos pensamentos dele, como podem sondar a deus, criador de tudo, e compreender sua mente e entender seu projeto?” (Jt 8,14). “Que o Deus Altíssimo abençoe você, mais que todas as mulheres da terra. Bendito seja o Senhor Deus, criador do céu e da terra, que guiou você para cortar a cabeça do chefe dos nossos inimigos” (Jt 13,18). “Bendita seja você em todas as tendas de Judá e entre todos os povos! Os que ouvirem sua fama, ficarão perturbados” (Jt 14,7).
ESTER: Ester é aquela mulher que luta pelas transformações. Desmascarando o abuso dos privilegiados, fazendo que os oprimidos da terra recuperem a esperança de viver. A filha adotiva de Mardoqueu conquista a simpatia do rei Assuero, que a adorna coma s vestes mais caras, as joias de mais valor, os perfumes mais embriagantes. Quando Ester deve inter-ceder por seu povo condenado ao extermínio, ela despoja-se de todos atavios preciosos e ves-te-se de humildade. Consegue o favor do Rei e salva seu povo. “E o rei preferiu Ester a todas as outras mulheres, tanto que a coroou e a nomeou rainha” (Est 2,17). “Invoque o Senhor, fale ao rei em nosso favor, e livre-nos da morte” (Est 4,8b). “Ó Deus, mais forte que todos os po-derosos, ouve a voz dos desesperados, liberta-nos da mão dos malfeitores, e livre-me do me-do!” (Est 4,17).
E assim poderíamos dizer de outras tantas mulheres que foram figuras de Maria no Antigo Testamento: Ana, Maria, Rebeca, Sara, a Sulamita, a Mãe dos 7 Macabeus…
A NUVEM: Durante anos a terra sofria terrível seca. No alto do Monte Carmelo, o Profeta Elias rezava pedindo a chuva redentora para salvar o povo da fome, os animais da morte, a terra da aridez. Elias derrota os profetas de Baal e insiste sete vezes com Acabe sobre o ruído de abundante chuva. “Eis que se levanta do mar uma nuvem pequena como a palma da mão do homem” (1Rs 18,44). “Dentro em pouco os céus se enegreceram, com nuvens e vento, e caiu grande chuva” (1Rs 18,45). Muitos encontram naquela nuvem a figura de Maria. Dizem mesmo que se formou uma pequena comunidade, ao redor da gruta do Monte Carmelo, onde morava o Profeta Elias. Fala-se até da veneração, naquele local, daquela que seria a mãe do futuro redentor. Talvez tenha sido ali, depois de várias modificações, iniciada a Ordem do Carmo, os carmelitas. Hoje, acima da provável gruta, onde viveu o Profeta Elias, está uma imagem grande e bonita da Virgem do Monte Carmelo, Nossa Senhora do Carmo. Tudo dentro de uma igreja e Convento dos Carmelitas. Lá no Stella Maris, em Haifa, a cidade Jar-dim e o maior porto de Israel.
ARCA DA ALIANÇA: O próprio Deus cuidou da feitura da arca que continhas as Tábuas da Lei, o maná caído no deserto e a vara de Aarão. Maria é arca viva que conteve, em seu seio virginal, por nove meses, o Legislador da Nova Lei, o Maná dos escolhidos, o Pão Eucarístico, Jesus Cristo. A arca protegia o povo de Israel e obtinha-lhe vitórias; Maria é a proteção e o triunfo do povo cristão. (Ex 25,10-22; Hb 9,4).
ARCA DE NOÉ: Por indicação de deus e por meio de Noé, toda sua família salvou-se do dilúvio universal (Gn 6). O coração de Maria, seu manto, foi e continua sendo até hoje a Arca da Salvação para todos aqueles que a procuram (Gn 7).
ARCO-ÍRIS: “Porei o meu arco nas nuvens, e serás o sinal de aliança entre mim e toda a terra” (Gn 9,13). A Virgem, predestinada desde toda a eternidade, é o penhor da recon-ciliação entre Deus e o homem, trazendo a paz e a bonança.
CEDRO: (do Líbano), citado 72 vezes no Antigo Testamento. A altura dessa árvore ultrapassa em altura a todas do país. Porte majestoso, árvore odorífica, madeira de grande valor, propriedade medicinais (usada na purificação dos leprosos), usada na construção e re-construção do templo. “Árvore de Deus”, aquela que “Deus plantou” (Sl 29,5). Fácil entender porque o cedro do Líbano é um símbolo de Maria!
LÍRIO: “Eu sou a flor do campo, o lírio dos vales” (Ct 2,1). “Como o lírio entre os espinhos, assim é a minha amada entre as donzelas” (Ct 2,2). “O meu bem amado desceu ao meu jardim, aos canteiros perfumados, para descansar em meu jardim e colher lírios” (CT 6,2-3). Maria é esse lírio, flor que também é eficaz na cura contra o veneno das serpentes. Há traduções que trazem como açucena, e não lírio.
Poderíamos encontrar ainda figuras de Maria no Antigo Testamento: Árvores da Vida, Aurora, Cidade Refúgio, Dom de Deus, Escada de Jacó, Estrela de Jacó, Estrela d’alva, Exército, Luz, Favo de Mel, Fonte, Mesa do Templo, Monte de Deus, Orvalho, Palma de Vi-tória (Palmeira), Montanha de Deus, Pomba, Porta do Céu, Primogênita, Sarça ardente, Sion, Templo do Espírito Santo, Terra (sacerdotal), Tabernáculo, Trono de Salomão, Rosa de Jericó, Varia florescida de Jessé, Velo de Gedeão.
MARIA NAS PROFECIAS
Todo o Antigo Testamento narra parte de nossa história divina e ao mesmo tempo é uma preparação para o Novo Testamento. Mais precisamente é uma preparação para a vinda do Messias. Desde a promessa de um Salvador, a esperança nas lutas rumo à Terra Prometida, as figuras de um Libertador, as orações e as profecias, até pormenorizadas, da vinda do Messias. De tal forma a Mãe está ligada ao Filho que várias profecias descrevem também algo da Mãe. “A jovem concebeu e dará à luz um filho, e o chamará pelo nome de Emanuel” (Is 7,14). Isso acontece quando o anjo Gabriel é enviado a uma Virgem, noiva de José, e o nome da Virgem era Maria. “E você Belém de Éfrata, tão pequena entre as cidades de Judá. É de você que sairá para mim aquele que há de ser o chefe de Israel” (Mq 5,1). São Lucas mostra com clareza a realização dessa profecia: “José era da família e descendência de Davi. Subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, até a cidade de Davi, chamado Belém, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito” (Lc 2,4-7).
Em São Mateus há citação explícita do profeta Miquéias quanto ao nascimento de Jesus em Belém da Judéia, porque assim está escrito por meio do profeta: “E você, Belém, terra de Judá, não é de modo algum a menor entre as principais cidades de Judá, porque de você sairá um chefe, que vai apascentar Israel, meu povo” (Mt 2,5-6).
MARIA NO NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento e, com mais ênfase, os Santos Evangelhos procuram mostrar a pessoa de Cristo como Homem e Deus. Desde sua concepção no seio virginal de Maria, quando toma nossa natureza humana até quando, ressuscitado, sobe aos céus. E após os evan-gelhos nos são apresentados os primeiros anos da vida da Igreja, fundada pelo mesmo Senhor Jesus.
Como, porém, mostrar a flor sem segurar a haste? Como colher os frutos a não ser de galhos pendentes? Como falar de um filho e ignorar a mãe? Não foi sem razão que os hu-mildes (pastores) e os poderosos(reis) encontraram o Menino nos braços da Mãe.
A Jesus por Maria. O Novo Testamento não é história de Maria, mas revelando-nos Jesus, vamos também conhecendo a vida maravilhosa de Maria.
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Fonte:
FERREIRA, Monsenhor José Lélio Mendes. MARIA: breve introdução à mariologia. Aparecida – SP: São Paulo. Editora Santuário, 2000.

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