O Ano da Fé II

“Homem de pouca fé, por que duvidaste? (Mt 14, 31). O Santo Padre emérito Bento XVI no dia 11 de outubro de 2011, sétimo ano do seu Pontificado, promulgou a Carta Apostólica sob forma de Motu Próprio "Porta Fidei" (Porta da fé), com a qual anunciou o ANO DA FÉ. Este foi, solenemente, aberto no dia 11 de outubro de 2012, data em que se comemora os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II, pelo venerável Beato Papa João XXIII e os 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, texto promulgado pelo Beato Papa João Paulo II (Porta Fidei, 4). Seu término será no dia 24 de novembro de 2013, dia da solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Com esta carta o Papa nos faz um convite, vale dizer: que cada cristão sinta a necessidade de "redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo" (Porta Fidei, 2). Não podemos esquecer que a "obra de Deus é esta: Crer n'Aquele que Ele enviou" (Jo 6, 29; Porta Fidei, 3).

Diante desta perspectiva o Santo Padre quer uma vivência e um estudo da fé, sobretudo, nos cristãos de toda a Igreja, uma vez que a sociedade atual vive "uma crise de fé que atinge muitas pessoas" (Porta Fidei, 2). O horizonte de toda a Carta do Papa quer levar o povo a uma Profissão de Fé enraizada nos valores cristãos, coerente com o que professa. Sua metodologia quer fazer conhecer as normas do Magistério, no âmbito da tradição da Igreja (Porta Fidei, 5). Por isso, numa primeira observação é muito simples, mas ao mesmo tempo forte. A fé é a primeira virtude teologal e a adesão pessoal a Deus nos seus desígnios e manifestações. Ela nos transporta a uma firme execução de uma promessa e de um compromisso (Mt 7, 7 ss). Fé é crença e confiança (Lc 7, 1-10; Jo 4, 46-54). Já nos diz Madre Teresa de Calcutá: "A fé é a força mais potente do universo". Blaise Pascal assegura-nos: "O temor saudável provem da fé - o temor errôneo provê a dúvida". Pela fé Jesus operou grandes maravilhas. Ele mostrou o reino dos céus com parábolas simples e humildes, mas com grandes valores de fé (Mt 13, 31 32; Mc 4, 30-32).

Grandes santos, doutores da Igreja, teólogos e outros, falaram da fé com grande convicção. Apresentaram em seus escritos, manuais, livros esta palavra como um caminho a seguir (Jo 14, 6). Josémaría Escrivã foi um deles quando disse: "Aviva tua fé - Cristo não é uma figura que passou. Não é uma recordação que se perde na história. São Paulo nos afirma: Jesus Cristo ontem e hoje e sempre!". Pela fé Jesus foi do perdoar os pecados até à cura ( Jo 8, 1-11, Mc 1, 29-31; Mt 8, 14.16 ss). Sua arte de dirigir seus ensinamentos sempre teve a fé como primícia do desejar ardentemente (Lc 22, 15). Ter fé é colocar-se nos braços de Deus e sentir a mesma segurança que uma criança sente no colo da mãe. As palavras de George Sand são oportunas: "Cada um tem a idade do seu coração, da experiência e da fé".

A fé promove a oração. Alicerça o que cremos. Solidifica o que pedimos. Encoraja-nos a elevar o que queremos a Deus. Semeia a esperança. Faz crescer o testemunho autêntico de nossos atos e tem a força de um juízo. Nunca tenha fome de fé. Jesus com apenas cinco pães e dois peixes alimentou uma multidão (Mt, 14, 13 - 21). O pouco que pensamos ter, para Jesus é muito. Charles de Foucauld testemunha: "Logo que descobri que Deus existe entendi que não podia mais fazer outra coisa a não ser viver por ele: minha vocação religiosa começa no exato momento em que despertou a minha fé". Francis Bacon completa: "Dá à fé o que a fé pertence". Mais uma vez o Mestre nos ensina, a fé é como um tesouro e uma pérola. Quem a acha está seguro e nada perde (Mt 13, 44 - 46). Fé é rede que devemos lançar no mar do nosso interior (Lc 5, 4; Mt 13, 47 ss). Pensemos nisso.

Cônego Manuel Quitério de Azevedo

Colunista do Portal Ecclesia.

Arquidiocese de Diamantina (MG). Bacharel e mestre em teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia de Assunção (SP); doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (Itália).

Da redação do Portal Ecclesia.