quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O TRONO E A CRUZ DE PEDRO

Artigo inédito de Pe. Zezinho, scj
Foi Santo Inácio, bispo de Antioquia, a quem, por volta da década do ano 100, se atribui o termo “católico” para designar que se tratava de missão universal. E foi em Alexandria, no Egito, que pela primeira vez se usou a palavra  “ cristãos.”  Mas no eixo Roma, Antioquia, Alexandria, Constantinopla floresceu a historia cristianismo dos primeiros séculos, tendo se deslocado de Jerusalém para Roma e para o Norte da África.
Nos primeiros séculos muitos teólogos eram negros e africanos do norte e muito cultos. O primeiro descendente negro a fazer teologia em Latim foi Santo Agostinho. Até então, escritores e bispos e papas escreviam em grego. E foi dois negros inteligentíssimos que sacudiram sua Igreja nas primeiras décadas do Século III: O padre Ário e  Bispo Atanásio!
Poucos leitores sabem, mas a sucessão e instituição mais duradoura da História é a cátedra e o trono de Pedro. Embora o primeiro papa a ser sepultado no Vaticano foi São Leão I, chamado de São Leão Magno, em 461, a instituição já começara com Jesus, que disse que veio para servir e não para ser servido (Mt 20,28). Embora fosse o mestre, ele lavou os pés dos discípulos (Jo 13,12) e deixou claro que aquela era a forma de governo que ele propunha. Disse mais: profetizou que haveria cruz e sofrimento, previu que haveria traidores e indignos, e que haveria santos e mártires e heróis, e haveria também contestadores e usurpadores. Está tudo nos evangelhos e nas epístolas e na Historia da Igreja.  Quem não leu, acha que os jornais deste fevereiro de 1213 descobriram a manchete de todas as manchetes. Nós católicos já sabíamos disso.
Já houve papas que renunciaram, outros foram depostos, outros sequestrados; outros foram assassinados. E outros como o Papa Vigilio em 537-555, e o Papa Alexandre VI,(1492-1503) aquele do Tratado de Tordesillas, que nunca deveriam ser ter sido eleitos. Não honraram seu chamado. E houve outros. Deveria renunciado antes de fazerem o mal que fizeram à Igreja.
Mas é injusto ficar nos que erraram e ignorar os santos e iluminados. Nem nós temos o direito de mostrar apenas os pecados dos fundadores de outras igrejas, nem eles têm o direito de  esconder o que os papas fizeram pela humanidade, através destes governos temporais e espirituais que dirigiram.
No momento, os jornais trabalham com o sensacional, porque faz seis séculos que o último papa renunciou. Isso dá manchete! Não estávamos acostumados  isso, nem deveremos nos acostumar, mas haverá situações, como é o caso de Bento XVI, que será bom para o Papa que renunciou e pelo Papa que for eleito.  Antes de abril já estaremos sob nova liderança. O Papa que governou se retira para uma vida de oração e de pensador e o novo Papa que governará 1,2 bilhão de fiéis sentará naquela sé, e naquela cadeira e o papado e a Igreja Católica  continuará.
Entre nós nunca houve propriamente uma revolução de batina  que triunfasse sobre a cátedra e sobre aquele trono.  A palavra cátedra, da qual vem o termo catedral e a palavra sé, que significa  “sede”, local central, mais os termos: universal e católico tem milênios. Hoje, quando os bispos de IURD usam o termo universal e, perto das nossas Catedrais Católicas da Sé, ele erigem as suas Catedrais da Fé, podemos ter uma ideia de como andavam os confronto desde os primeiros dissidentes, desde o Século II com Montano, Século III com Ário e outras visões do cristianismo.
A crise foi vencida. Os 36 antipapas que quiseram aquele trono perderam. É  a forma de governo mais duradoura da história. Sempre houve sucessão. Quem quis mudar a concepção de cristianismo fundou outra igreja e levou consigo reis e poderosos e fiéis com eles. Mas o bispo de Roma, com todas as contestações, para os católicos, é o sucessor de Pedro e Bento XVI foi o 264o papa que tivemos. Outros pensam diferente e ensinam diferente? Respeitamos e esperamos que nos respeitem.
Por isso, quando Bento XVI decidiu que passaria a liderança a outro cardeal, eleito por maioria e com o consentimento dos bispos do mundo inteiro,  ele partiu para o silencio e apostou na renovação lenta, mas  colegiada dos bispos do mundo. Em 1241 foi eleito em meio a grave crise de autoridade o Papa Celestino V, doente, que morreu 17 dias depois. E houve outros 4 papas que abdicaram. Quem lê História sabe disso.
Raramente um bispo funda outra igreja. Monges, também. E quem o fez, nem convocou novas eleições e nem renunciou. Morreu liderando a igreja não católica que fundara. Como Bento XVI três voltaram aos seus mosteiros e deixaram a liderança para outro cardeal. Bento XVI fez isso. A História dirá se o risco valeu a pena.  Tudo indica que João XXIII correu um risco calculado em 1959, na virada histórica do Concílio Vaticano II e que Bento correu outro em 2013, ao renunciar.  Quem viver mais 50 anos vai saber o que realmente aconteceu… Eu estarei na eternidade, mas agora, aposto nesse passo de alto risco do papa teólogo Joseph Ratzinger! A História é relatada na hora por jornalistas, mas depois é estudada por anos a fio pelos Historiadores. Entre os jornais do dia e os livros, fiquemos com  os livros.

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