Numa história de mais de 500 anos, quem não tinha boa formação não podia manusear o Livro Sagrado. Tudo por medo de uma má interpretação dos textos “fora do contexto”. Até parece que faltava confiança na inspiração que vem do Espírito Santo. Ficamos no prejuízo e caminhamos pouco no conhecimento e na intimidade com a Palavra de Deus.Com o Concílio Vaticano II o clima mudou. Hoje já sentimos os avanços que estão acontecendo e os resultados evidentes da força da Palavra. A bíblia está voltando para as mãos dos católicos, sendo a força transformadora das comunidades cristãs. Isto revela a beleza e a ação do Espírito de Deus no seio da Igreja.A bíblia passou a ser o “livro de cabeceira”, aliada de muita gente como devoção e referência para suas urgentes necessidades. É um instrumento de uso pessoal, fazendo parte do dia a dia das pessoas. Não só isto, mas também com uma maneira de leitura que ajuda na interpretação, evitando privilegiar texto fora do contexto.É interessante ter em conta que muitas pessoas conseguem ligar a Palavra de Deus com os fatos da vida. O texto, refletido e rezado, passa a iluminar as realidades, abrindo caminho para superação das dificuldades. Isto acontece no nível pessoal, mas também no comunitário, especialmente nos círculos bíblicos.A habilidade para lidar com a bíblia vem dos momentos formativos, de leituras de autores voltados para a Palavra de Deus, do mês da bíblia e de escolas teológicas com acento na Sagrada Escritura. Tudo isto revela que estamos dando passos e provocando interesse das pessoas pela leitura frequente da bíblia.São 50 anos do Vaticano II. Já temos um patrimônio de reflexão sobre a bíblia, mas não temos ainda projetos pastorais com o tema “animação bíblica de toda a pastoral”. Até então, esta não tem sido a tônica das Igrejas Particulares. Temos, sim, grandes iniciativas aqui e ali, mas que ainda não revelam fato de relevância.Aos poucos descobrimos que a Palavra de Deus não está só na bíblia. Deus ainda se revela na vida, nos acontecimentos e no relacionamento das pessoas. A bíblia ajuda na descoberta da Palavra nas realidades do cotidiano. Isto cria ânimo, renova as forças desgastadas com as dificuldades, e desperta esperança.Antes da existência da bíblia, a Palavra já era vivida nas comunidades. A escrita dos textos bíblicos veio dizer que Deus sempre esteve presente no meio do povo. Às vezes isto não é percebido, mas aparece na experiência pessoal e nas atitudes das comunidades. Basta interpretar o que está por trás da luta do povo.Quanto falamos de interatividade entre a fé e a vida, estamos falando da força da Palavra que produz a fé em Deus, os compromissos com o seu projeto em Jesus Cristo, em harmonia com a história de vida da comunidade. A leitura atenta da bíblia joga luz sobre a fé e a vida, criando consciência crítica no contexto social.O Congresso de Animação Bíblica da Pastoral quer despertar em toda a Igreja, e em todas as pastorais, o compromisso com os anseios do Vaticano II, 50 anos depois; também com os atuais documentos oficiais, principalmente o de Aparecida e as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011 – 2015.Dom Paulo Mendes PeixotoBispo de São José do Rio Preto.
"Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras" (Rm 1,20).
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Vaticano II e a Bíblia + Dom Paulo Mendes Peixoto
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