Nos anos 70, 22,30h, bêbado, ele subiu numa calçada e matou um rapaz de 17 anos. Deixou-o ali, agonizando e fugiu; quebrara apenas o espelhinho. Trocou, ninguém viu e ficou tudo por isso mesmo. Não houve como descobri-lo. Numa cidade do tamanho de São Paulo é possível lá alguém atropelar, matar, fugir e não ser encontrado. Passou o tempo. Casou e teve filhos e filhas, mas a lembrança do rapaz que ele matou e a notícia de que ele agonizara por três horas, nunca lhe saiu da cabeça; também nunca teve coragem de se apresentar. Nem a esposa nem os filhos sabiam. Cresceu na vida, enriqueceu, mas a consciência lhe doía. O medo de se apresentar e ser preso e afetar sua família por uma bebedeira de uma noite o impedia se apresentar-se como culpado. Juntou uma razoável quantia, deu um jeito de descobrir quem eram os pais do rapaz; soube que o pai tinha morrido e que a mãe idosa e com problemas de saúde morava com a filha mais nova dele numa periferia da zona sul. Achou o endereço, pôs o dinheiro equivalente a uma casa numa sacola, estudou um jeito de a moça, agora casada e cuidando da mãe descobrir, digitou um bilhete e ficou observando. Quando ela chegou, telefonou de um orelhão, contou a história e indicou onde estava a bolsa. E disse: – “Eu sou a pessoa que estava bêbada e matou seu irmão. Mereço morrer e ir para a cadeia, mas agora tenho filhos, estou casado e quero reparar, sem ter que ir para a cadeia. O dinheiro que está ali é para vocês comprarem uma casa ou um carro. Por favor não queira saber quem eu sou. Sou um homem profundamente infeliz e me sinto muito culpado. Apesar do que fiz num dia de bebedeira tenho boa esposa e bons filhos”. Ela procurou o sacerdote, pediu conselho. Este que ponderou com ela as vantagens de buscar uma justiça cega. Afinal, o homem estava reparando o mal e seus filhos não ficaria melhor com a prisão dele. Falou com a mãe, que compreendeu, já que um dos filhos também bebia e também atropelara uma criança. Aproveitaram o dinheiro para fazer no fundo da casa um cômodo mais confortável para a mãe e o que sobrou eles deram para um orfanato. Foi sua maneira de perdoar. Todos os dias a boa senhora reza pelo filho e pelo moço que o matou, mas que agora está arrependido. Pede a Deus que não aconteça com os filhos dele o que aconteceu com o filho dela. Coisas da fé cristã! |
"Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras" (Rm 1,20).
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Consciência que dói
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