BRASILIA, 01 Nov. 11 / 09:08 am (ACI)
Os bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) reunidos em sua sede nacional em Brasília divulgaram nesta
quinta-feira, 27, encerramento da reunião, uma nota na qual pedem uma
“Reforma Política: urgente e inadiável” no Brasil.
Em coletiva de
imprensa, a presidência da CNBB, por meio do seu presidente, Dom
Raymundo Damasceno Assis, reafirmou a posição da entidade expressa no
texto: “o Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil-CNBB, reunido em Brasília, de 25 a 27 de outubro, manifesta
perplexidade e indignação, em sintonia com o clamor que vem das recentes
marchas contra a corrupção, e conclama a todos a exigirem dos
parlamentares efetivo empenho na aprovação de uma reforma política ampla
e com participação popular”.
Abaixo reproduzimos na íntegra o texto dos bispos braisleiros, assinados pela sua presidência:
“A
Reforma Política é uma urgência inadiável em nosso país. Se feita de
forma a ultrapassar os limites de uma simples reforma eleitoral, ela se
torna um caminho seguro para coibir a corrupção e sua abominável
impunidade, que corroem instituições do Estado brasileiro e a vida do povo.
A
expectativa de sua efetiva realização, assegurada pela Presidente Dilma
Rousseff, em seu discurso de posse, e pelas imediatas iniciativas da
Câmara e do Senado de constituírem comissões para esse fim, está se
exaurindo diante da lentidão e falta de vontade política com que o
Congresso Nacional tem discutido o tema. Por isso, o Conselho Permanente
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília,
de 25 a 27 de outubro, manifesta perplexidade e indignação, em sintonia
com o clamor que vem das recentes marchas contra a corrupção, e
conclama a todos a exigirem dos parlamentares efetivo empenho na
aprovação de uma reforma política ampla e com participação popular.
A
sociedade brasileira não pode ser frustrada neste seu direito. Projetos
de leis de iniciativa popular exitosos, como as leis 9.840/1999, contra
a corrupção eleitoral, e 135/2010, denominada Ficha Limpa, são a prova
do quanto nosso povo quer pôr fim à chaga da corrupção no Brasil.
Confiamos que o Supremo Tribunal Federal decidirá pela
constitucionalidade desta última a fim de que seja aplicada já nas
próximas eleições.
Neste contexto, a CNBB reitera o que disse em
seu documento Por uma reforma do Estado com participação popular: “A
reforma política de que o país necessita com urgência, não pode se
limitar a regras eleitorais, e dentro delas ao funcionamento dos
partidos. Ela precisa atingir o âmago da estrutura do poder e a forma de
exercê-lo, tendo como critério básico inspirador, a participação
popular. Trata-se de reaproximar o poder e colocá-lo ao alcance da
influência viável e eficaz da cidadania” (Doc. 91, n. 101).
O
momento exige, portanto, a retomada do diálogo entre os atores da
sociedade civil e os legisladores, na perspectiva de incorporação de
propostas concretas já construídas. Do contrário, o Congresso se
omitirá, outorgando ao Judiciário a responsabilidade de decidir sobre
questões que cabem, primordialmente, ao Legislativo.
O
fortalecimento da democracia direta passa pela regulamentação do artigo
14 da Constituição Federal, que trata dos plebiscitos, referendos e leis
de iniciativa popular. Além disso, a reforma política não pode adiar
medidas que moralizem o financiamento das campanhas eleitorais,
assegurem candidaturas de “Fichas Limpas”, criem mecanismos para
revogação de mandatos e garantam a fidelidade partidária.
A CNBB
considera indispensável, também, dar novos passos que ampliem a
aplicação da Ficha Limpa, de modo a atingir cargos comissionados do
Parlamento e outros Poderes da Federação. O Executivo e o Judiciário são
corresponsáveis por um Poder Serviço dignamente cidadão.
Movidos
pela busca do bem comum e pela fé cristã, que nos faz “esperar contra
toda esperança” (Rm 4,18), confiamos que estes apelos sejam ouvidos
pelos Parlamentares.
Nossa Senhora Aparecida, Mãe dos brasileiros, inspire nossos dirigentes e nos alcance de seu Filho a vitória que almejamos”.
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