terça-feira, 28 de outubro de 2014

Nunca se atacou tanto a família e o matrimônio como atualmente, denuncia o Papa Francisco

Vaticano, 27 Out. 14 / 06:12 pm (ACI/EWTN Noticias).- “A família cristã, a família, o matrimônio, nunca foram tão atacados como agora. Atacados diretamente ou atacados de fato”, disse o Papa Francisco na audiência que teve este fim de semana com o movimento católico Schoenstatt que cumpriu 100 anos de fundação. Na ocasião o Papa criticou a cultura do provisório que inibe o compromisso perpétuo dos noivos, assim como a tendência moderna de chamar qualquer tipo de “associação” de família.
Assim indicou o santo Padre ante uma pergunta dos membros do Schoenstatt sobre a melhor maneira de acompanhar os matrimônios e as famílias, considerando que o Sínodo da Família acaba de concluir o passado 19 de outubro no Vaticano.
Neste sentido, o Papa respondeu: “Dentro do problema que vocês tocam para fazer as perguntas, há uma coisa muito triste, muito dolorosa. Penso que a família cristã, a família, o matrimônio, nunca foi tão atacado como agora. Atacado diretamente ou atacado de fato. Pode ser que me equivoque. Os historiadores da Igreja saberão nos dizer, mas que a família está golpeada. O Santo padre disse ainda que "hoje em dia a família é bastardeada" como se fosse uma forma mais de associação e criticou que atualmente "se chame associação união" de matrimônio.
“Além disso – prosseguiu o Santo Padre- quantas famílias são feridas, quanto matrimônio desfeito, quanto relativismo na concepção do sacramento do matrimônio. Em seu momento seja do ponto de vista sociológico, desde o ponto de vista dos valores humanos, assim como do ponto de vista do sacramento católico, do sacramento cristão, vê-se de uma crise da família. Crise porque a golpeiam por todos lados e ela fica muito ferida”.
“Então vamos à sua pergunta: o que podemos fazer?: Sim podemos fazer bons discursos, declarações de princípios, às vezes terá que fazê-lo, não é verdade?. As ideias claras. Olhem, isto que vocês estão propondo não é matrimônio. É uma associação. Mas não é matrimônio”, asseverou.
“Ou seja, às vezes é preciso dizer coisas muito claras. E isso deverá ser dito. Mas, a pastoral de ajuda neste caso exclusivo tem que ser corpo a corpo. Ou seja acompanhar. E isto significa perder o tempo. O grande professor de perder o tempo é Jesus, não? perdeu o tempo acompanhando, para fazer amadurecer as consciências, para curar feridas, para ensinar”, disse o Papa.
Mais adiante o Santo Padre sublinhou: “Evidentemente que se desvalorizou o sacramento do matrimônio e do sacramento inconscientemente foi-se passando ao rito. A redução do sacramento ao rito. Então acontece hoje em dia que o bom sacramento é um fato social, sim com, o rito religioso, verdade... entre batizados... sim, mas o forte é o social. Quantas vezes eu encontrei aqui, na vida pastoral. Gente que dizia “não, não”, e (perguntava): Por que vocês não se casam? Se estão convivendo, por que não se casam? “Não, é que… precisamos fazer a festa, e não temos dinheiro”. Então o social obscurece o principal que é a união com Deus”.
“Dizia-me um bispo que se apresentou um moço excelente, e que queria ser padre mas não por mais dez anos e depois voltar… É a cultura do provisório. Parece que se esquece o significado de ‘para sempre’”, destacou o Papa Francisco.
“Quer dizer, quantos não se casam! Convivem totalmente ou como eu vi em minha própria família, convivências part-fraude. De segunda-feira a quinta-feira com minha namorada e de sexta-feira a domingo com minha família. Ou seja, são novas formas totalmente destrutivas, limitadoras da grandeza do amor do matrimônio”, denunciou.
“Bom e como vemos tanto disso, convivências, separações, divórcios, a chave que poderá ajudar é o “corpo a corpo” acompanhando, não fazendo proselitismo, porque isso não resulta. Deve-se acompanhar os casais. Paciência, paciência. É uma palavra hoje, uma atitude amanhã, não sei. Isso é o que eu lhes sugiro”.

Poucos sabem, mas, a teoria do Big Bang foi proposta por um padre católico


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Aqueles sacerdotes que apoiam o matrimônio gay atrapalham quem realmente busca ajudá-los, afirma perito


SANTIAGO, 16 Out. 14 / 11:08 am (ACI).- O Pe. Paul Check, diretor executivo do Courage, uma das pastorais católicas mais importantes do mundo para as pessoas com atração ao mesmo sexo, assinalou que o apoio ao mal chamado “matrimônio” gay que expressaram três sacerdotes no Chile é fruto de uma “compaixão fora de lugar”.

A imprensa chilena difundiu recentemente a informação errada de que o Arcebispo de Santiago, Cardeal Ricardo Ezzati, apresentou uma denúncia ante a Santa Sé contra os sacerdotes Felipe Berríos, José Aldunate e Mariano Puga Concha, devido a suas declarações contrárias à doutrina moral da Igreja sobre as uniões homossexuais e o aborto.

Fontes do Vaticano próximas ao Grupo ACI, e depois o próprio Arcebispado de Santiago, desmentiram a informação da imprensa chilena. Porém, os três sacerdotes realizaram sim uma série de declarações polêmicas.

Entrevistado na emissora TVN no final de maio deste ano, o Pe. Felipe Berríos questionou: “qual é o problema do matrimônio homossexual? Deus os criou homossexuais e lésbicas, e Deus está orgulhoso de que eles sejam assim”, afirmou também que “não são cidadãos de segunda classe nem estão em pecado, têm apenas uma condição distinta que também me ajuda a ampliar a minha concepção da sexualidade”.

O Pe. José Aldunate disse por sua parte na edição chilena do site The Clinic, em agosto de 2014, que aprovava o “matrimônio” gay já que “o homossexual tem direito a amar e compartilhar a sua vida com outra pessoa. Se a natureza lhe pede uma relação homossexual, então, bom: é o que a natureza pede e é legítimo”.

Por outro lado, o Pe. Mariano Puga Concha expressou um apoio parecido ao “matrimônio” gay, assegurando que “a Bíblia diz que nasceram assim e a ciência também. O Deus criador permitiu, através da evolução, que se chegue a produzir este tipo de homem ou de mulher. Quem é você ou eu para proibir que alguém ame uma pessoa igual a si mesma. Quem sou eu para impedir isso? De onde? Falei isso com o Pepe Aldunate outro dia”.

Em declarações ao Grupo ACI, o Pe. Paul Check assegurou que considerar que se pode ampliar a concepção da sexualidade ao aceitar a homossexualidade, como propõe o Pe. Felipe Berríos, é “uma visão muito confusa da natureza humana”.

“A história da nossa identidade, nossa origem, nossa história, nos é contada no livro do Gênesis, onde o autor sagrado transmite o desenho sábio de Deus –‘não é bom que o homem esteja sozinho’– e Eva é o complemento de Adão”.

Para o Pe. Check “essa antropologia –que se converte em antropologia cristã com a vinda do nosso Senhor– é confirmada pelas pessoas que recebem o atendimento do Courage”.

O diretor executivo do Courage assinalou também que “uma das coisas que escuto dos nossos membros, que viveram de uma forma, e agora, com a graça de Deus e a perseverança, estão vivendo uma vida nova, uma vida casta, é que quando estavam vivendo o estilo de vida homossexual antes, sempre sabiam que alguma coisa não estava bem”.

“Eles podiam ignorar a sua consciência ou tentar sufoca-la de diversas formas, mas por trás de tudo isso havia algo que lhes dizia ‘o que estou fazendo pode ser satisfatório, pode ser prazeroso, mas fundamentalmente não é uma coisa boa para mim’”.

O Pe. Check assegurou que uma pessoa com atração ao mesmo sexo “poderia levar anos antes de enfrentar essa realidade e chegar a ter essa mudança de mente e coração, mas é muito bom que reconheçamos essa voz que lhes diz que não é bom, que é uma expressão de sua humanidade, e essa natureza humana é algo que todos compartilhamos”.

Se as pessoas com atração ao mesmo sexo que participam do Courage soubessem das declarações dos sacerdotes chilenos, indicou, “estariam muito desconcertadas, e diriam ‘nossa experiência é realmente muito diferente’”.

Sobre as discrepâncias entre o que os padres chilenos difundem e a doutrina da Igreja, o Pe. Check expressou a sua tristeza “por meus irmãos sacerdotes. Deve haver alguma divisão interior aí, porque já não parecem confiar no que a Igreja lhes confiou em sua ordenação”.

O diretor do Courage recordou que “todos os sacerdotes em sua ordenação, depois de uma reflexão profunda, formação e oração, fazem a declaração solene, o compromisso, a promessa de que acreditam que o que a Igreja diz é verdade, e que com o melhor de suas habilidades, com a graça de Deus, pregarão e ensinarão o que a Igreja nos dá em termos da nossa história, da nossa humanidade, e, é obvio, em termos da revelação divina”.

O Pe. Check considera que com este tipo de declarações os sacerdotes chilenos estariam cedendo “a um tipo de sentimentalismo ou compaixão fora de lugar que não leva em consideração a dignidade da pessoa, ou o poder, a eficácia da graça de Deus”.

Recordando o encontro de Jesus com a mulher adúltera, no capítulo 8 do Evangelho de São João, o diretor do Courage indicou que “depois que todos os hipócritas foram saindo por causa da admoestação de Nosso Senhor, e Ele disse à mulher ‘eu também não te condeno’, diz também ‘vai e de agora em diante não peques mais. Este é um chamado à verdadeira compaixão do Deus-homem que conhece a debilidade à qual estamos propensos, é um chamado à conversão”.

“Ele está dizendo ‘reconheço em você a sua dignidade, está aí, agora você precisa reconhecê-la e a minha graça vai fazer possível que as suas ações sejam satisfatórias, porque estará vivendo essa dignidade, e estará vivendo-a de forma apropriada e completa’”.

Se Jesus tivesse dito somente “eu também não te condeno” e mais nada, disse o sacerdote, “estaríamos perdendo algo muito importante, e estaríamos testemunhando provavelmente algo chamado sentimentalismo, que é muito diferente da compaixão”.

“Enganamos as pessoas, privamos as pessoas do seu pleno entendimento do dom que têm como filhos de Deus, redimidos pelo sangue precioso de Cristo no dom da graça, se não seguimos o chamado de Jesus à conversão de nossos corações, que todos necessitamos, é obvio, em uma ou outra medida”.

O Pe. Check destacou também que buscar na frase do Papa Francisco “Quem sou eu para julgar?” um aval para o estilo de vida gay “é para mim um problema, pelo menos na justiça natural. Não há nada no nosso Santo Padre Francisco que sugira isso”.

Apesar da pressa na sociedade civil para aprovar as uniões civis homossexuais, o sacerdote destacou que “a Igreja não olha para a sociedade civil para que ela nos ensine quem somos, ela olha para a figura de Jesus”.

Por outro lado, frente a quem assegura que Jesus não condenou a homossexualidade, o Pe. Check assinalou que “pode ser que não tenha usado a palavra, mas nos ensinou claramente que a intimidade humana está reservada para a aliança matrimonial”.

Assim, explicou, Jesus no seu ensinamento “excluiu muitas coisas que seriam contrárias” à aliança matrimonial.

“O comportamento homossexual seria uma delas, mas também teríamos que dizer coisas como a convivência, a fornicação, a anticoncepção, a masturbação, a pornografia, todas as quais estão necessariamente excluídas e Jesus mesmo eleva o nível em relação à pureza de coração e a castidade, no Sermão da Montanha”, disse.

“Assim não há razão para que acreditemos que há outra coisa além da doutrina da Igreja na mente de Cristo quando cuidadosamente lemos o Catecismo sobre o sexto mandamento”, concluiu.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Propostas de comunhão aos divorciados em nova união e de aceitação do homossexualismo foram rejeitadas na votação do Sínodo



VATICANO, 20 Out. 14 / 10:45 am (ACI/EWTN Noticias).- O Sínodo Extraordinário dos Bispos divulgou neste sábado o documento final que contém as conclusões dos debates dos padres sinodais no Vaticano. No texto, os prelados agradecem a fidelidade das famílias do mundo que são “a escola da humanidade” a qual a Igreja alenta e acompanha. Diferente do primeiro texto que causou controvérsia por uma má tradução, este documento permite uma visão mais clara e ampla do que os prelados analisaram durante estas duas semanas.

O relatório final do Sínodo foi votado parágrafo a parágrafo pelos bispos, e, por decisão do Papa, o resultado de cada votação foi publicado, proporcionando assim um olhar ao pensamento dos Padres Sinodais.

Embora todos os números tenham obtido a maioria dos votos, nem todos alcançaram a “maioria qualificada” de dois terços, que, de acordo às normas do Sínodo, são necessárias para afirmar que o Sínodo aprovou oficialmente um parágrafo.

Sendo os Padres Sinodais votantes 181 (de 193), a maioria é 93, enquanto que a maioria qualificada se alcança com 123 votos.

Na conferência de imprensa, o Pe. Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, destacou que “este Sínodo foi apenas um passo em vista ao próximo Sínodo da Família” e, por esta razão, “os parágrafos que não conseguiram a assim chamada ‘maioria qualificada’ não podem ser considerados como desprezados, mas principalmente como parágrafos que não são o suficientemente maduros para obter um amplo consenso da assembleia”.

Um olhar geral ao relatório final

O relatório final está dividido em três partes, cujos títulos são “A escuta: O contexto e os desafios na família”; “O olhar de Cristo: O evangelho da família”; “A aplicação: Perspectivas pastorais”.

Os 62 parágrafos do documento citam muitas vezes o Evangelho e as Sagradas Escrituras, que era o que faltava na “Relatio post disceptationem”, de acordo às críticas nos círculos menores.

Outro resultado das sugestões dos círculos menores é a constante referência aos testemunhos positivos que o modo de vida e as famílias cristãs podem dar à sociedade atual.

A forte postura contra organizações internacionais que condicionam as ajudas financeiras para a introdução de leis a favor do “matrimônio” homossexual foi esclarecida e destacada em um parágrafo específico, enquanto que, no relatório intermediário, estava em um parágrafo amplo.

À primeira vista, todas as preocupações expressas pelos círculos menores foram levadas em consideração.

O Pe. Federico Lombardi indicou que “houve 470 propostas de modificação” ao relatório intermediário, por parte dos círculos menores.

Os divorciados em nova união. Consideração pastoral, mas alguns pontos por esclarecer

Devido a que os parágrafos referentes aos divorciados em nova união e os homossexuais foram os mais controversos e impugnados do relatório intermediário, os parágrafos sobre esses temas, no relatório final, foram ligeiramente modificados, embora ainda assim não tenham conseguido um amplo consenso.

No que se refere aos divorciados em nova união, quase todos os Padres Sinodais estiveram de acordo em que “a pastoral da caridade e misericórdia tende à recuperação das pessoas e da relação” e que cada família deve ser escutada com respeito e amor.

O consenso é ligeiramente menor quando o documento assinala que “os Padres Sinodais recomendam novos caminhos pastorais, que podem começar pela realidade efetiva da fragilidade das famílias, sendo conscientes de que estas fragilidades são suportadas com sofrimento e não escolhidas com completa liberdade”.

Houve ainda menos consenso quando o relatório final falou sobre acelerar os procedimentos para a declaração de nulidade de matrimônios. Enquanto que teve um muito amplo consenso o parágrafo que assinala que “as pessoas divorciadas, mas não em nova união, que frequentemente dão testemunho de fidelidade matrimonial, devem ser alentadas a encontrar na Eucaristia o alimento que pode sustentá-los em sua condição”.

O relatório, entretanto, assinala que “um discernimento peculiar” deve ser colocado em ação para o acompanhamento pastoral dos separados, divorciados, abandonados; enfocando-se sobre a situação peculiar daqueles que devem romper a convivência por que são vítimas de violência; e destaca que os divorciados em nova união não devem se sentir “discriminados”, e que sua participação na vida da comunidade “deve ser promovida”, já que “cuidar deles não é para a comunidade cristã uma debilitação na fé e no testemunho da indissolubilidade do matrimônio”.

O parágrafo sobre o acesso à comunhão para os divorciados em nova união não alcançou o consenso dos dois terços dos Padres Sinodais, embora tenha conseguido a maioria dos votos.

O parágrafo que descreve as duas linhas do Sínodo sobre o acesso à Comunhão para os divorciados em nova união –um para a atual disciplina para o acesso aos Sacramentos para os divorciados em nova união; o outro para uma abertura, segundo determinadas condições- obteve 104 “sim” e 74 “não”.

O relatório pressiona por um “estudo mais profundo” das diferenças entre a Comunhão espiritual e sacramental, deixando assim o tema suspenso. O parágrafo obteve 112 sim e 64 não.

Também um parágrafo em relação aos casais homossexuais não obteve a maioria qualificada necessária.

O parágrafo 55 descreve a situação sobre as famílias com filhos homossexuais, e perguntou qual cuidado pastoral deve ser feito, citando também um documento da Congregação para a Doutrina da Fé sobre o projeto de reconhecimento legal das uniões homossexuais. O parágrafo foi, entretanto, considerado vago, e obteve apenas 118 sim e 62 não.

No que todos os Padres Sinodais estão de acordo: necessita-se mais educação

Há entretanto um só parágrafo que obteve o consenso por unanimidade dos Padres Sinodais, e é o parágrafo 2.

Neste, destaca-se que “apesar dos muitos sinais de crise da instituição da família nos contextos diversos da ‘aldeia global’, o desejo de uma família ainda está vivo, especialmente entre os jovens, e motiva a Igreja, perita em humanidade e fiel a sua missão, a anunciar incansavelmente e com profunda convicção, o Evangelho da Família”.

O relatório final tem uma visão bastante parecida a do relatório intermediário sobre a situação da família, mas também fixou o olhar nos testemunhos positivos de famílias, e também menciona os avós.

O relatório final também faz referência à importância da vida afetiva.

“O perigo individual e o risco de viver de forma egoísta são relevantes. O desafio da Igreja é ajudar os casais no amadurecimento de sua dimensão espiritual, e no desenvolvimento afetivo, através da promoção do diálogo, da virtude e da confiança no amor misericordioso de Deus”, lê-se no relatório final.

Em geral, os parágrafos baseados nas Sagradas Escrituras e que têm passagens de documentos do magistério tiveram amplo consenso entre os Padres.

O relatório final também enfatiza a necessidade de uma recepção positiva da “Humanae Vitae”, a encíclica de Paulo VI sobre o controle da natalidade, que ressaltou muitos aspectos positivos da vida familiar, e reafirmou a doutrina da Igreja.

A educação sempre foi um desafio prioritário, e foi destacada desde a publicação do documento de trabalho do Sínodo, e esta é a razão pela qual os dois últimos parágrafos das declarações finais se enfocam no tema.

O “desafio educativo” é um dos “desafios fundamentais das famílias”, e a Igreja “apoia as famílias, começando na iniciação cristã, através de comunidades de acolhida”.

“Hoje mais que antes, requer-se que a Igreja apoie os pais em seu compromisso educativo, acompanhando as crianças, adolescentes e jovens em seu crescimento, através de caminhos personalizados capazes de introduzi-los ao completo sentido da vida, e inspirando opções e responsabilidade, vividas à luz do Evangelho”, diz o relatório final.

Rumo a 2015

O relatório final mantém alguns pontos críticos do relatório intermediário, mas valoriza mais a experiência das famílias cristãs, e coloca em ação muitas mudanças acolhedoras.

Ainda assim, não pode ser considerado um documento definitivo. O Relatório final funcionará como “documento de trabalho” para o Sínodo dos Bispos de 2015, que é considerado a segunda parte de um único caminho sinodal sobre a família.

Só depois disso, o Papa emitirá a exortação post-sinodal, que iluminará sobre como a Igreja está chamada a enfrentar os desafios sobre a família hoje.
 

Discurso do Papa Francisco no encerramento do Sínodo Extraordinário dos Bispos sobre a Família



VATICANO, 19 Out. 14 / 03:54 pm (ACI/EWTN Noticias).- Ao concluir o Sínodo Extraordinário dos Bispos sobre a Família, o Papa Francisco dirigiu um discurso aos participantes, agradecendo-lhes pelo trabalho e exortando a que continuem amadurecendo "com verdadeiro discernimento espiritual" as ideias propostas neste evento, em vista ao Sínodo Ordinário sobre a Família, que se realizará em 2015.
À continuação, apresentamos a íntegra do discurso do Papa Francisco ao Sínodo dos Bispos:

Queridas Eminências, Beatitudes, Excelências, irmãos e irmãs,

Com um coração pleno de reconhecimento e de gratidão, gostaria de agradecer, junto a vós, ao Senhor que nos acompanhou e nos guiou nos dias passados, com a luz do Espírito Santo!

Agradeço de coração Sua Eminência o senhor Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário Geral do Sínodo, Sua Eminência Dom Fabio Fabene, Sub-Secretário, e com eles agradeço o Relator, Sua Eminência Cardeal Peter Erdö que trabalhou tanto, mesmo nos dias de luto familiar, e o Secretário Especial, Sua Eminência Dom Bruno Forte, os três Presidentes delegados, os escritores, os consultores, os tradutores e os anônimos, todos aqueles que trabalharam com verdadeira fidelidade nos bastidores e com total dedicação à Igreja, sem parar: muito obrigado de coração!

Agradeço igualmente a todos vocês, Padres Sinodais, Delegados Fraternos, Ouvintes e Assessores para vossa participação ativa e frutuosa. Levarei vocês na oração, pedindo ao Senhor para recompensar-vos com a abundância da graça dos seus dons!

Eu poderia tranquilamente dizer que – com um espírito de colegialidade e de sinodalidade – vivemos realmente uma experiência de “Sínodo”, um percurso solidário, um “caminho juntos”.

E tendo sido “um caminho” – e como em todo caminho -, houve momentos de corrida veloz, quase correndo contra o tempo para chegar logo à meta; em outros, momentos de cansaço, quase querendo dizer basta; outros momentos de entusiasmo e de ardor. Houve momentos de profunda consolação, ouvindo os testemunhos dos pastores verdadeiros (cf. João 10 e Cann. 375, 386, 387) que levam no coração sabiamente as alegrias e as lágrimas dos seus fieis.

Momentos de consolação e graça e de conforto escutando os testemunhos das famílias que participaram do Sínodo e partilharam conosco a beleza e a alegria de sua vida matrimonial. Um caminho onde o mais forte sentiu o dever de ajudar o mais fraco, onde o mais esperto se apressou em servir os outros, mesmo por meio dos debates. E sendo um caminho de homens, com as consolações houve também outros momentos de desolação, de tensão e de tentações, das quais se poderiam mencionar algumas possibilidades:

- Uma: a tentação de enrijecimento hostil, isto é, de querer fechar-se dentro do escrito (a letra) e não deixar-se surpreender por Deus, pelo Deus das surpresas (o espírito); dentro da lei, dentro da certeza daquilo que conhecemos e não daquilo que devemos ainda aprender e atingir. Desde o tempo de Jesus, é a tentação dos zelosos, dos escrupulosos, dos cuidadosos e dos assim chamados – hoje – “tradicionalistas” e também dos “intelectualistas”.

- A tentação do “bonismo” destrutivo, que em nome de uma misericórdia enganadora, enfaixa as feridas sem antes curá-las e medicá-las; que trata os sintomas contra os pecadores, os fracos, os doentes (cf. Jo 8,7), isto é, transformá-los em “fardos insuportáveis” (Lc 10,27).

- A tentação de descer da cruz, para acontentar as pessoas, e não permanecer ali, para realizar a vontade do Pai; de submeter-se ao espírito mundano ao invés de purificá-lo e submeter-se ao Espírito de Deus.

- A tentação de negligenciar o “depositum fidei”, considerando-se não custódios, mas proprietários ou donos ou, por outro lado, a tentação de negligenciar a realidade utilizando uma língua minuciosa e uma linguagem “alisadora” (polida) para dizer tantas coisas e não dizer nada”. Os chamavam “bizantinismos”, acho, estas coisas…

Queridos irmãos e irmãs, as tentações não devem nem nos assustar nem desconcertar e muito menos desencorajar, porque nenhum discípulo é maior do que seu mestre; portanto se Jesus foi tentado – ate mesmo chamado de Belzebu (cf. MT 12, 24) – os seus discípulos não devem esperar um tratamento melhor.

Pessoalmente, ficaria muito preocupado e triste se não houvesse estas tentações e estas discussões animadas; este movimento dos espíritos, como chamava Santo Inácio (EE, 6), se tudo tivesse sido de acordo ou taciturno em uma falsa e ‘quietista’ paz. Ao contrário, vi e escutei – com alegria e reconhecimento – discursos e pronunciamentos plenos de fé, de zelo pastoral e doutrinal, de sabedoria, de franqueza, de coragem: e de parresia. E senti que foi colocado diante dos próprios olhos o bem da Igreja, das famílias e a “suprema Lex”, a “salus animarum” (cf. Can. 1752). E isto sempre – o dissemos aqui, na Sala – sem colocar nunca em discussão as verdades fundamentais do Sacramento do Matrimônio: a indissolubilidade, a unidade, a fidelidade e a ‘procriatividade’, ou seja, a abertura à vida (cf. Cann. 1055, 1056 e Gaudium et Spes 48).

E esta é a Igreja, a vinha do Senhor, a Mãe fértil e a Mestra atenciosa, que não tem medo de arregaçar as mangas para derramar o óleo e o vinho nas feridas dos homens (cf. Lc 10, 25-37); que não olha a humanidade de um castelo de vidro para julgar ou classificar as pessoas. Esta é a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica e formada por pecadores, necessitados da Sua misericórdia. Esta é a igreja, a verdadeira esposa de Cristo, que procura ser fiel ao seu Esposo e à sua doutrina.

É a Igreja que não tem medo de comer e beber com as prostitutas (cf. Lc 15). A Igreja que tem as portas escancaradas para receber os necessitados, os arrependidos e não somente os justos ou aqueles que acreditam ser perfeitos! A Igreja que não se envergonha do irmão caído e não faz de conta de não vê-lo, ao contrário, se sente envolvida e quase obrigada a levantá-lo e a encorajá-lo e retomar o caminho e o acompanha para o encontro definitivo, com o seu Esposo, na Jerusalém celeste.

Esta é a Igreja, a nossa mãe! E quando a Igreja, na variedade dos seus carismas, se expressa em comunhão, não pode errar: é a beleza e a força do sensus fidei, daquele sentido sobrenatural da fé, que é doado pelo Espírito Santo para que, juntos, possamos todos entrar no coração do Evangelho e aprender a seguir Jesus na nossa vida, e isto não deve ser visto como motivo de confusão e de mal-estar.

Tantos comentaristas, ou pessoas que falam, imaginaram ver uma Igreja em atrito, onde uma parte está contra a outra, duvidando até mesmo do Espírito Santo, o verdadeiro promotor e garante da unidade e da harmonia na Igreja. O Espírito Santo que ao longo da história sempre conduziu a barca através dos seus Ministros, mesmo quando o mar era contrário e agitado e os Ministros infiéis e pecadores.

E, como ousei dizer isto a vocês no início do Sínodo, era necessário viver tudo isto com tranqüilidade, com paz interior, mesmo porque o Sínodo se desenvolve cum Petro et sub Petro, e a presença do Papa é garantia para todos.

Falemos um pouco do Papa, agora, na relação com os bispos (risos). Assim, a missão do Papa é a de garantir a unidade da Igreja; é o de recordar aos fiéis o seu dever em seguir fielmente o Evangelho de Cristo; é o de recordar aos pastores que o seu primeiro dever é o de nutrir o rebanho – nutrir o rebanho – que o Senhor confiou a eles e de buscar acolhê-lo – com paternidade e misericórdia e sem falso medo – as ovelhas perdidas. Errei aqui. Disse acolher: ir buscá-las.

A sua missão é a de recordar a todos que a autoridade na Igreja é serviço (Cf. Mc 9, 33-35) como explicou com clareza Papa Bento XVI, com palavras que cito textualmente: “A Igreja é chamada e se esforça em exercer este tipo de autoridade que é serviço, e o exerce não em nome próprio, mas em nome de Jesus Cristo… através dos Pastores da Igreja, de fato, Cristo apascenta o seu rebanho: é Ele que o guia, o protege, o corrige, porque o ama profundamente. Mas o Senhor Jesus, Pastor Supremo das nossas almas, quis que o Colégio Apostólico, hoje os Bispos, em comunhão com o sucessor de Pedro… participassem desta missão de cuidar do Povo de Deus, de serem educadores na fé, orientando, animando e apoiando a comunidade cristã, ou, como diz o Concílio, “cuidando, sobretudo que cada fiel seja guiado no Espírito Santo a viver segundo o Evangelho a própria vocação, a praticar uma caridade sincera e ativa e a exercitar aquela liberdade com que Cristo nos libertou “ (Presbyterorum Ordinis, 6) … é através de nós – continua o Papa Bento – que o Senhor atinge as almas, as instrui, as protege, as guia. Santo Agostinho, no seu Comentário ao Evangelho de São João diz: “Seja, portanto, esforço de amor apascentar o rebanho do Senhor” (123,5); esta é a suprema norma de conduta dos ministros de Deus, um amor incondicional, como aquele do Bom Pastor, pleno de alegria, aberto a todos, atento aos próximos e atencioso aos distantes (cf. Santo Agostinho, Discurso 340; Discurso 46, 15), delicado para com os mais fracos, os pequenos, os simples, os pecadores, para manifestar a infinita misericórdia de Deus com as palavras encorajadoras da esperança”. (Bento XVI, Audiência Geral, Quarta-feira, 26 de maio de 2010). Fim da citação.

Portanto, a Igreja é de Cristo – é a sua esposa – e todos os bispos, em comunhão com o Sucessor de Pedro, têm a missão e o dever de custodiá-la e de servi-la, não como donos, mas como servidores. O Papa, neste contexto, não é o senhor supremo, mas sim um supremo servidor – o “servus servorum Dei”; o garante da obediência e da conformidade da Igreja à vontade de Deus, ao Evangelho de Cristo e à Tradição da Igreja, deixando de lado todo arbítrio pessoal, mesmo sendo – por vontade do próprio Cristo – o “Pastor e Doutor supremo de todos os fiéis” (Can. 749) enquanto gozando “da potestade ordinária que é suprema, é plena, imediata e universal na Igreja” (cf. Cann. 331-334).

Queridos irmãos e irmãs, agora temos ainda um ano para amadurecer, com verdadeiro discernimento espiritual, as idéias propostas e encontrar soluções concretas às tantas dificuldades e inumeráveis desafios que as famílias devem enfrentar; dar respostas aos tantos desencorajamentos que circundam e sufocam as famílias.

Um ano para trabalhar na “Relatio synodi” que é o resumo fiel e claro de tudo aquilo que foi dito e discutido nesta sala e nos círculos menores. E é apresentado às Conferências episcopais como “Lineamenta”.

Que o senhor nos acompanhe e nos guie neste caminho, pela gloria do seu nome, com a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e de São José! E por favor, não esqueçam de rezar por mim! Obrigado.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Perita em direito canônico e participante do sínodo explica o que é a Nulidade Matrimonial



ROMA, 13 Out. 14 / 12:21 pm (ACI).- Carmen Peña García, diretora especialista em Causas Matrimoniais da Universidade Pontifícia Comillas de Madri (Espanha) esclareceu que na Igreja não se “anula” nenhum matrimônio, mas se declara nulo –que nunca existiu– já que a mensagem de Jesus no Evangelho é precisa: “Não separe, pois, o homem o que Deus uniu”.

Peña é professora de direito canônico e trabalhou no tema da família como defensora do vínculo e promotora de justiça do Tribunal Metropolitano de Madri há vários anos. Esta trajetória a favor da família lhe fez chegar ao Vaticano para participar como perita no Sínodo Extraordinário para a Família que se realiza até o dia 19 de outubro.

Em um diálogo com o Grupo ACI em Roma, a canonista espanhola expressou que a Igreja Católica se esforça para ajudar aqueles casais separados cujas núpcias nunca aconteceram aos olhos de Deus a entenderem a sua situação em relação ao matrimônio.

“Nem todos os primeiros casamentos fracassados são nulos, mas muitos podem realmente sê-lo. O reconhecimento da nulidade não é tão difícil como às vezes as pessoas pensam; há muitas causas de nulidade e muitos motivos que a provocam. Às vezes há um desconhecimento sobre isso, e se poderia fazer muito neste sentido”, disse.

“Uma forma de resolver muitas situações de divorciados recasados que querem estar em plena comunhão eclesial e querem voltar para uma vida plena dentro da Igreja passa pelo estudo que a Igreja faz através dos seus tribunais para avaliar se o primeiro matrimônio foi válido ou não”, acrescentou.

Em relação àqueles casais divorciados cujo matrimônio foi válido de acordo com as normas do direito canônico, Peña afirmou que a Igreja está em caminho para dar-lhes um acompanhamento.

“De alguma forma trata-se de ver, não obstante, como acompanhar essas pessoas, como apoia-las, como reconhecer que apesar dessa situação são membros de direito pleno na Igreja. Como diz o Papa: ‘a Igreja tem que acolher todas as pessoas e todos os Filhos como uma Mãe amorosa, ainda mais os débeis ou feridos’. O que quer dizer é que devemos acolher cada pessoa com a sua vida nas costas, porque a vida de cada um deve ser levada em consideração”, expressou.

Por outro lado destacou que “se o primeiro matrimônio é válido, pelo princípio da indissolubilidade, a Igreja parte de que não se pode reconhecer um segundo matrimônio, porque a mensagem do Evangelho é clara”.

Peña participa do Sínodo como perita em direito canônico e seu trabalho fundamental é resolver as dúvidas em situações matrimoniais onde é necessário estudar de forma mais profunda a nível de direito canônico.

“Os canonistas, teólogos, moralistas, de ciências sociais e humanas, contribuímos com o nosso conhecimento nessas questões, e em geral, ajudamos na revisão dos documentos e na preparação e elaboração dos documentos que vão sendo entregues na assembleia e que depois darão lugar à relação final”, indicou.

Por último a especialista lamentou que em relação ao Sínodo e do ponto de vista dos meios de comunicação, criou-se uma impressão de que a Doutrina da Igreja vai mudar de um dia para o outro. “Isso é uma bola que o mesmo Papa tentou furar várias vezes, por isso o foco não pode estar nisso; o Sínodo da Família é muito mais amplo. O Sínodo busca linhas pastorais, não mudar a doutrina”, concluiu.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Sínodo rejeita "pensamento único" que distorce o matrimônio autêntico



VATICANO, 08 Out. 14 / 02:46 pm (ACI/EWTN Noticias).- Na quarta congregação do Sínodo Extraordinário sobre a Família, realizada durante a tarde de 7 de outubro, os Bispos denunciaram a “ditadura do pensamento único” que distorce o conceito do matrimônio entre um homem e uma mulher.

Conforme informou a Sala de Imprensa da Santa Sé, os bispos assinalaram primeiro “o vínculo entre crise da fé e crise da família afirmando que a primeira gera a segunda. E isso porque a fé geralmente é entendida como um conjunto de ensinamentos e doutrinas quando na verdade, é acima de tudo, um ato livre pelo qual confiamos em Deus”.

Nesse contexto, foi proposto considerar um “vademécum” dedicado “à catequese sobre a família, para que esta reforce a sua missão evangelizadora”.

“Além disso, falou-se da debilidade da fé de muitos dos batizados que é a causa de que muitos cônjuges cheguem ao matrimônio sem serem plenamente conscientes do que isso significa”.

Os bispos assinalaram como “um dos grandes desafios” atuais da família a “'ditadura do pensamento único'” que “pretende introduzir na sociedade uma série de valores que distorcem o conceito de matrimônio como união entre homem e mulher”.

“A crise de valores, o secularismo ateu, o hedonismo, a ambição de poder destroem a família, a desnaturalizam, debilitam as pessoas e, em consequência, fazem também que a sociedade fique mais frágil. Por isso é importante conseguir que os fiéis recuperem a consciência de sua pertença à Igreja, porque a Igreja cresce por atração e são as famílias da Igreja as que atraem as outras famílias”.

A Igreja, “especialista em humanidade”, indicaram os bispos participantes no Sínodo, “deve enfatizar a beleza e a necessidade que cada pessoa tem da família, porque é insubstituível. É preciso despertar no ser humano o sentido de pertença ao núcleo familiar”.

Os prelados recordaram também “a importância da relação entre sacerdotes e famílias. Os primeiros acompanham as famílias em todas as etapas mais importantes da vida, compartilhando as suas alegrias e as suas dificuldades; as famílias, por sua vez, ajudam os sacerdotes a viverem o celibato como afetividade plena, equilibrada, e não como uma renúncia”.

“Além disso, a família foi definida como ‘berço das vocações’', porque é dentro das paredes domésticas, na oração vivida em comum, onde surge frequentemente o chamado ao sacerdócio”.

Os bispos destacaram também “o vínculo entre o batismo e o matrimônio”, destacando que “sem uma iniciação cristã séria e profunda o significado do sacramento conjugal se vê diminuído”.

“A partir daí vem a observação de que o matrimônio cristão não pode ser só uma tradição cultural ou uma exigência social. Deve entender-se como uma decisão vocacional, empreendida com uma preparação adequada que não se pode improvisar durante poucos encontros, mas exige tempo”.

Ao refletir sobre a repercussão do trabalho na dinâmica familiar, os bispos assinalaram que são duas dimensões “que precisam ser conciliadas”, em base “aos horários de trabalho cada vez mais flexíveis, aos novos modelos de contrato, às distâncias geográficas entre a casa e o lugar de trabalho”.

“Além disso, é preciso levar em consideração que o trabalho entra em casa por causa da tecnologia fazendo com que o diálogo familiar fique mais difícil”.

Os bispos abordaram também os desafios pastorais que enfrentam as famílias na África, entre eles “a poligamia, o levirato, as seitas, a guerra, a pobreza, o drama doloroso da imigração, a pressão internacional para o controle de nascimentos”.

Todos estes problemas, indicaram, “debilitam a estabilidade da família, colocando-a em crise”.

“É preciso enfrentar estes desafios com uma evangelização profunda, capaz de promover os valores da paz, justiça e amor, unida a uma adequada promoção do papel da mulher na sociedade, à dedicada educação das crianças e à proteção dos direitos de todas as vítimas da violência”.

Na hora das intervenções livres, abordou-se o anúncio do Evangelho através das novas tecnologias dos meios de comunicação e a indissolubilidade do matrimônio.

Sobre esta última, indicou-se que “nos nossos dias parece como se a lei fosse contrária ao bem da pessoa. Na realidade, a verdade do vínculo conjugal e a sua estabilidade estão gravadas na pessoa, portanto, não se trata de contrapor lei e pessoa, mas de apurar como contribuir a não trair a própria verdade”.

Propôs-se também um diálogo sobre “as famílias que não tiveram o dom dos filhos apesar de querê-los, assim como das que vivem nas regiões afetadas pelo vírus Ebola”.

Ao finalizar, os prelados falaram sobre a “luz que a Igreja leva ao mundo, a luz que é dada também à humanidade, em termos – para se ter uma imagem eficaz – não tanto de um farol fixo, que ilumina permanecendo sempre no mesmo lugar e de longe, mas de uma chama, de uma tocha, que acompanha o povo a caminho, passo por passo. Portanto, uma luz que está inserida no caminho do povo de Deus e da humanidade”.

Sínodo dos Bispos: A Igreja não é uma alfândega, é a casa paterna que acolhe seus filhos



VATICANO, 09 Out. 14 / 02:50 pm (ACI/EWTN Noticias).- Durante a Sexta Congregação Geral do Sínodo dos Bispos realizada ontem, quarta-feira, pela tarde, os prelados afirmaram que “a Igreja não é uma alfândega, é uma casa paterna e, portanto, deve acompanhar pacientemente todas as pessoas, inclusive aquelas que se encontram em situações pastorais difíceis”.

“A verdadeira Igreja Católica conta com famílias sãs e com famílias em crise, por isso que no esforço de santificação diária não deve mostrar-se indiferente diante da debilidade porque a paciência implica a ajuda ativa aos mais frágeis”, expressaram os bispos durante o debate dos temas previstos no Instrumentum laboris: “As situações pastorais difíceis. Situações familiares / A respeito das uniões entre pessoas do mesmo sexo”.

Conforme informou a Santa Sé, os prelados assinalaram a necessidade de agilizar os processos para os casos de nulidade matrimonial e a incorporação de leigos mais competentes nos tribunais eclesiásticos, “mas também se destaca o perigo da superficialidade e a necessidade de proteger sempre o respeito à verdade e os direitos das partes”.

Isto, explicaram, porque “o processo não é contrário à caridade pastoral e a pastoral judicial deve evitar ideias que culpabilizam para favorecer, em troca, uma discussão tranquila dos casos”. Do mesmo modo, falou-se “do suposto de recorrer à via administrativa, que não substitui a judicial, mas a complementa”. Nesse sentido, “propôs-se que corresponda ao bispo a decisão de quais solicitações de verificação de nulidade podem ser tratadas por esse caminho administrativo”.

Além disso, “fez-se uma forte insistência na atitude respeitosa com os divorciados recasados, porque frequentemente experimentam também situações de mal-estar ou de injustiça social, sofrem em silêncio e em muitos casos procuram através de um caminho gradual chegar a participar mais plenamente na vida eclesial. A pastoral, portanto, não deve ser repressiva, mas deve ser cheia de misericórdia”.

Durante a congregação voltou a se falar sobre a necessidade de “melhorar a preparação para o matrimônio”, que apresente a beleza deste sacramento, “junto com uma educação afetiva adequada, que não seja só uma exortação moralista que termina gerando uma espécie de analfabetismo religioso e humano”. Do mesmo modo, foi abordado o tema dos matrimônios interconfessionais.

Os bispos recordaram o Sínodo Ordinário celebrado em 1980 sobre “A família cristã”. “Evidenciou-se a notável evolução que aconteceu desde essa data na cultura jurídica internacional, a necessidade de que a Igreja seja consciente deste dado e que as instituições culturais - como as universidades católicas - enfrentem esta situação para continuar desempenhando um papel no debate atual”, informou-se.

domingo, 5 de outubro de 2014

Jovem que se livrou do aborto nos EUA agora está prestes a ser padre



LINCOLN, 02 Out. 14 / 01:33 pm (ACI/EWTN Noticias).- Ryan Allan Kaup é um diácono de 26 anos que está a poucos meses de ser ordenado sacerdote na Diocese de Lincoln (Estados Unidos). O futuro sacerdote revelou que esteve perto de morrer antes de nascer, pois a sua mãe biológica tinha decidido abortá-lo e já estava inclusive com a consulta marcada para fazer o procedimento em uma clínica local.

Entretanto, a jovem estudante que optou pelo aborto porque não poderia manter o seu filho, mudou de opinião, não foi à clínica abortista e marcou uma consulta com um ginecologista a quem contou que daria o seu bebê para a adoção.

Na mesma época, Randy e Sherry Kaup foram ao mesmo médico da jovem por causa de um problema de infertilidade. O médico os colocou em contato com a mãe de Ryan e três dias depois do parto, o bebê foi entregue aos seus pais adotivos.

A família Kaup mora em Lincoln, estado de Nebraska, onde Ryan estudou na escola católica local. Quando estava no ensino médio, reconhece o jovem diácono, estava um pouco perdido, se afastou de seus amigos e começou a trabalhar em um restaurante.

“Fiquei mais tempo sozinho e com meus colegas de trabalho, que nem sempre eram boas companhias”, admite o futuro sacerdote em um relato publicado por John Howarth no blog Seminarian Casual, do Seminário São Carlos Borromeo, da Diocese de Lincoln.

Ainda durante a sua vida escolar, Ryan conheceu um grupo de amigos que lhe recordaram quais eram suas “raízes e continuam me inspirando”. “Ajudaram-me a me converter no homem que sou hoje”, disse.

Na Universidade de Nebraska, onde se graduou em Publicidade e Espanhol, Ryan conheceu o Newman Center, uma pastoral católica em universidades não católicas, e descobriu “a alegria que dá uma vida vivida para Deus”.

“O exemplo dos sacerdotes no campus foi decisivo na minha vocação ao sacerdócio. Eles também me ajudaram a aprofundar minha própria fé”, recordou.

Ryan se deu conta, relata Seminarian Casual, que quanto mais rezava a Deus, mais descobria o seu chamado ao sacerdócio.

Agora, a poucos meses de ser ordenado sacerdote, Ryan refletiu sobre a sua mudança de vida desde que entrou no seminário.

“Estava acostumado a ser uma pessoa emburrada, queria controlar tudo. Meu tempo aqui no seminário me ensinou a enfrentar as coisas com mais calma, e me dar conta de que Deus tem o controle. Não posso controlar tudo e isso é bom”, indica.

John Howarth no Seminarian Casual assinalou que em relação ao caso de Ryan “não posso deixar de pensar na sua mãe biológica, a quem ele nunca conheceu. Ela não sabe o quanto foi importante o ‘sim’ que deu há 26 anos. Se tivesse a oportunidade, diria para ela que esse pequeno menino cresceu para ser um homem que qualquer pai estaria orgulhoso de chamar seu filho”.

“Diria para ela que foi criado em um lar católico por dois pais que definiram o amor para ele e lhe ensinaram com a sua própria maneira o que significa ser desinteressado”, assegurou, e disse também que “diria para ela que ele é uma das almas mais gentis que eu tive o prazer de conhecer”.

“E lhe agradeceria. Agradeceria por nos dar um presente que nunca poderemos ser capazes de pagar, um presente cujo valor só Deus conhece”, concluiu.